No reino das ilusões democráticas!

A decisão do procurador-geral da República, Antonio Fernando de Souza, de apresentar denúncia ao Supremo Tribunal Federal (STF) contra 40 pessoas envolvidas com o Mensalão, nos mostra nitidamente duas coisas distintas:

primeira, o Mensalão existiu sim (se é que ainda não existe) e disso ninguém mais duvida. Até porque, corruptos existem mesmo em qualquer lugar e tempo e no meio político tudo é facilitado para a sua proliferação;

segunda, como é que Lula não saberia? Provavelmente sabia sim e isso seria tão certo quanto o fato de que negará até o fim (de quê, não sabemos).

É um direito constitucional que lhe assiste - assim como a qualquer um de nós. Provavelmente, não fosse pela auto-incriminação que fatalmente o condenaria, ele até explicasse isso, embora nós mesmos possamos esclarecer.

Não nos compete defendê-lo, nem seria essa a intenção, mas conhecendo o meio político e as distorções nas leis de Montesquieu, é fácil deduzir: o mal já estava instalado.

Era dar continuidade ou paralisar a máquina administrativa executiva. Claro que não convém, aqui, generalizar. Nem aceitar como justificativa.

Mas é matematicamente óbvio que uma grande parcela do Congresso - senão a maioria - tinha preço para fazer a diferença no fiel da balança nas votações.

Tão certo quanto a constatação inequívoca de que o Valerioduto não nasceu neste governo. Já vem de outros e contou com a conivência daqueles.

Não fosse pelo atrito com o Deputado Roberto Jefferson, talvez jamais soubéssemos, sequer, da sua existência. A pergunta crucial, então, é: quem saberia dos detalhes reais?

O próprio deputado e as pessoas do governo envolvidas. Mas quem nos contará essa verdade? Ninguém! Todos defendem apenas seus interesses... e se escondem, agora, atrás do próprio medo.

Neste momento, portanto, não sou Situação, nem Oposição - muito pelo contrário! Todos que através da mídia e a toque de campanha o crucificam já estão na verdade, por mim, tão crucificados quanto ele.

Numa analogia à crucificação de Cristo eu faria uma charge com Lula no meio, enrolado num pano vermelho, com uma coroa de estrelas na cabeça e uma plaquinha na cruz com a sigla LSEP (Lula da Silva Esperança Perdida) => aceito sugestões.

Ao seu lado pelo menos meia dúzia de ladrões (maus ladrões (ML) e bons ladrões (BL)) - três de cada lado: PTML/PLML/OUTROSML - PSDBBL/PMDBBL/PFLBL. E outras cruzes menores de ambos os lados de forma não muito nítida...

Difícil, no entanto, definir com exatidão quem são os bons e os maus ladrões (claro que "bom", aqui, é no sentido de, se roubar, não fazê-lo de forma tão explícita!). Estou, portanto, aceitando sugestões aqui também!

Quanto ao Lula crucificado... de Cristo, nem a barba!

Tanto que nem vai ser crucificado - provavelmente será reeleito. E estará sentado à direita (a esquerda é do povo) do Eleitor Todo Poderoso, donde há de vir (após as eleições) e julgar quem somos nós - pobre ralé - para julgá-lo.

Começará, então, a fazer milagres: ressuscitar Dirceu, Palocci e outros. Fechará a caverna e ela só se abrirá mediante uma senha romanesca uns trinta anos depois. Nesse período os bichos dominarão a Fazenda e ela só se libertará com a rebelião deles mesmos contra o sistema idealizado e fracassado. A história se repete, nada novo no planeta das ilusões.

Ainda bem que é só fantasia de alguém que não tem nada melhor e mais produtivo para fazer no momento. Mas dêem graças a Deus! Se fosse realidade... com certeza, seria muito pior!

Quanto às 40 pessoas, suposta ou verdadeiramente envolvidas com o Mensalão, nada a ver com "Ali Babá e os Quarenta Ladrões". Primeiro: a descrição do personagem principal não confere; segundo, os números não batem: quarenta... é muito pouco!

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Por Agência Estado, estadao.com.br, Atualizado: 2/4/2011 13:40

Relatório da PF confirma mensalão no governo Lula

BRASÍLIA - Relatório final da Polícia Federal confirma a existência do mensalão no governo de Luiz Inácio Lula da Silva. Depois de seis anos de investigação, a PF concluiu que o Fundo Visanet, com participação do Banco do Brasil, foi uma das principais fontes de financiamento do esquema montado pelo publicitário Marcos Valério. Com 332 páginas, o documento da PF, divulgado pela revista 'Época', joga por terra a pretensão do ex-presidente Lula de provar que o mensalão nunca existiu e que seria uma farsa montada pela oposição.

O relatório da PF demonstra que, dos cerca de R$ 350 milhões recebidos do governo Lula pelas empresas de Valério, os recursos que mais se destinaram aos pagamentos políticos tinham como origem o fundo Visanet. As investigações da PF confirmaram que o segurança Freud Godoy, que trabalhou com Lula nas campanhas presidenciais de 1998 e 2002, recebeu R$ 98,5 mil do esquema do valerioduto, conforme revelou o Estado, em setembro de 2006. A novidade é que Freud contou à PF que se tratava de pagamento dos serviços de segurança prestados a Lula na campanha de 2002 e durante a transição para a Presidência - estabelecendo uma ligação próxima de Lula com o mensalão. No depoimento, Freud narrou que o dinheiro serviu para cobrir parte dos R$ 115 mil que lhe eram devidos pelo PT.

O relatório da PF apontou o envolvimento no esquema do mensalão, direta ou indiretamente, de políticos como o hoje ministro do Desenvolvimento, Fernando Pimentel, do PT. Rastreando as contas do valerioduto, os investigadores comprovaram que Rodrigo Barroso Fernandes, tesoureiro da campanha de Pimentel à prefeitura de Belo Horizonte, em 2004, recebeu um cheque de R$ 247 mil de uma das contas da SMP&B no Banco Rural. As investigações confirmaram também a participação de mais sete deputados federais, entre eles Jaqueline Roriz (PMN-DF), Lincoln Portela (PR- MG) e Benedita da Silva (PT-RJ), dois ex-senadores e o ex-ministro tucano Pimenta da Veiga.

Segundo a revista 'Época', a PF também confirmou que o banqueiro Daniel Dantas tentou mesmo garantir o apoio do governo petista por intermédio de dinheiro enviado às empresas de Marcos Valério. Dantas teria recebido um pedido de ajuda financeira no valor de US$ 50 milhões depois de se reunir com o então ministro da Casa Civil José Dirceu. Pouco antes de o mensalão vir a público, uma das empresas controladas por Dantas fechou contratos com Valério, apenas para que houvesse um modo legal de depositar o dinheiro. De acordo com o relatório da PF, houve tempo suficiente para que R$ 3,6 milhões fossem repassados ao publicitário.

As investigações comprovaram ainda que foram fajutos os empréstimos que, segundo a defesa de Marcos Valério, explicariam a origem do dinheiro do mensalão. Esses papéis serviram somente para dar cobertura jurídica a uma intrincada operação de lavagem de dinheiro. De acordo com o relatório da PF, houve duas fontes de recursos para bancar o mensalão e as demais atividades criminosas de Marcos Valério. A principal, qualificada de 'fonte primária', consistia em dinheiro público, proveniente dos contratos do publicitário com ministérios e estatais. O principal canal de desvio estava no Banco do Brasil, num fundo de publicidade chamado Visanet, destinado a ações de marketing do cartão da bandeira Visa. As agências de Marcos Valério produziam algumas ações publicitárias, mas a vasta maioria dos valores repassados pelo governo servira tão somente para abastecer o mensalão.

A segunda fonte de financiamento, chamada de 'secundária', estipulava que Marcos Valério seria ressarcido pelos pagamentos aos políticos por meio de contratos de lobby com empresas dispostas a se aproximar da Presidência da República. Foi o caso do Banco Rural, que tentava obter favores do Banco Central e do banqueiro Daniel Dantas, que precisava do apoio dos fundos de pensão das estatais.

FONTE: MSN/ESTADÃO

Lourenço Oliveira
Enviado por Lourenço Oliveira em 30/04/2006
Reeditado em 02/04/2011
Código do texto: T147693
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