SHOW DO HUMILHÃO

XOU

DO

HUMILHÃO

Da obra imortal de:

José Antonio Martino

João Paulo Martino

Orivaldo Leme Biagi

Abril/2001

Revista e ampliada em fevereiro de 2002

XOU DO HUMILHÃO

Se arrumar, coloca-se o CD do Show do Milhão para tocar, com a voz original do Sílvio, antes de começar a peça, apenas para dar o clima. Depois entra a nossa música gravada para iniciar.

Abrem-se as cortinas

Entra o Roque

Roque – (pede para o auditório aplaudir, vaiar, etc. Faz o sorteio e entra na ordem mauriça, véia e gago com suas músicas. Roque diz para eles preencherem a ficha lá atrás) E agora com vocês, ele, o homem do baú, Silvo Santos.

Entra o Silvo, tocando sua música

Silvo – Quem quer dinheiro? Quem quer dinheiro? Há, hai...

(se a platéia não responder, acresce-se)

Quem quer dinheiro, bando de surdo? Há, há, hai...

Platéia – Euuuu...

Silvo – Eu também... Vão trabalhar, cambada de vagabundos!...

Boa-noite, minhas colegas de trabalho, hoje temos mais um xou do humilhão, o pograma onde os candidatos são sempre humilhados, há, hai... hi, hiii... É com você, Lombardam...

Lombardam – Oi, Silvo, mas que auditório feio hoje, hein patrão?

Silvo – É verdade, é verdade. Hoje temos várias caravanas de São Paulo. Caravana do bairro do Limão, caravana de Pinheiros, temos a caravana de Santa Cecília, de São Miguel... Quem é da caravana do bairro do Limão, levanta a mão? Quem é da caravana do Nhocunhé, levanta o pé. Quem é da caravana de Botucatu, permaneça sentado, permaneça sentado. Há, hai... Mas quais são as novidades do pograma de hoje, Lombardam?

Lombardam – Hoje temos mais quatro otários, quero dizer, mais quatro candidatos para o xou do humilhão, patrão...

Silvo – Há, hai... Então vamos chamar o primeiro candidato... deixe-me ver, deixe-me ver aqui na ficha... Aliás é uma candidata, dona Mauriça Pautriça... Aplausos pra ela (puxar o público)

Público - aplausos

(ela demora a entrar e Silvo chama de novo)

Silvo – Dona Mauriça Pautriça...

(empurram ela lá de dentro e ela aparece tropeçando)

Loira – (grita) Empurra a véia pra ver se quica!

(empurram a véia, que aparece tropeçando)

Silvo – Mas que baderna é essa, isso aqui é um pograma de níver!

Loira – Ah, Silvo, o Lombardam me empurrou!

Silvo – Lombardam, você fez isso com a moça?

Lombardam – Com a moça e com a véia, Silvo!

Silvo – Há, hai..., ma..ma..mas qual das duas é a dona Mauriça Pautriça?

Loira – Sou eu, seu Silvo.

Silvo – E a senhora está fazendo o quê, aqui?

Véia – eu estou esperando ser chamada para participar do pograma. Eu posso mandar um abraço...

Silvo – Que abraço nada! Vai esperar lá dentro, mulé! Passa, passa, passa... isto aqui tá parecendo o pograma do Bolinha!

(sai a véia)

Silvo – Bom, então vamos apresentar a dona Mauriça Pautriça. (lê na ficha) Ex-miss detenção carandiru, ex-rainha dos borracheiros, ex-integrante do grupo as menudas do bairro do Limão. Passou parte da juventude morando numa comunidade árabe no Afeganistão, onde ajudou a fundar o grupo de pagode balança mas não cai, ao lado do seu guia espiritual Osama bin Laden, mas ao contrário dele, conseguiu desenvolver seus dois neurônios.

Loira – Três, três... (mostra 4 com os dedos para o público)

Silvo – Fez parte da Academia Literária Atibaiense, mas foi expulsa porque colou no exame de fezes. Vamos aplaudir a topeira!

(Silvo começa a aplaudir, para puxar o público)

(Mauriça, levanta, a mão, agradece, manda beijinhos e tchauzinhos para a platéia)

Loira – Posso mandar um abraço?

Silvo – Manda logo esse abraço.

Loira – Eu quero mandar um abraço pro meu pai, pra minha mãe e pro Berto.

Silvo – Então tá. Vamos chamar o próximo candidato, aliás outra candidata, dona Maria Maria de Maria! Palmas pra ela! (Silvo puxa o público)

Público – palmas

(entra a véia)

Véia – (falando p/ o Lombardam, atrás do palco) Me empurra de novo, que eu lhe corto as bolas!

Silvo – Ô, Dona Maria de Maria, mas a senhora hoje tá atacada! Vai ali para o seu lugar que eu vou apresentá-la. (lê na ficha) O seu nome é Maria Maria de Maria?

Véia – Ilso. O senhor sabe, né seu Silvo, quando eu nasci (cantam: Há dez mil anos atrás...) a minha mãe queria que eu me chamasse Maria. O meu pai também queria que eu me chamasse Maria, e assim eu fiquei Maria Maria para contentar os dois.

Silvo – Ah, como seus pais eram inteligentes! E o de Maria?

Véia – O de Maria é sobrenome.

Silvo – Muito bem, vamos ler aqui a sua ficha. Dona Maria Maria de Maria é formada em Prendas Domésticas na FACOCU, Faculdade de Corte Costura, com especialização em Macrodinâmica da microdinâmica estrutural apologética construtivista aplicada à epistemilogia sudorífera dos caramujos do Iêmem do Sul. Mas que diabos quer dizer isso?

Véia – Não faço a menor idéia. Faz 20 anos que eu venho me aprofundando nesse assunto e ainda ninguém conseguiu me explicar do que se trata.

Silvo – Há, hai, hi, hiii. Isso é que é perseverança. Palmas pra mocréia!

Público – aplausos

Véia – (agradece) obrigada, obrigada... Quero aproveitar para mandar um abraço... (fica a critério dela, mas termina com o seguinte) ... e também para o meu primeiro namorado, o Berto! Ê Berto, ói eu aqui... Lembra do tempo que nóis ía no cinema, assistia filme com o ... comia pipoca...

Silvo – (cortando) Ah, véia ninguém aqui quer saber o que vocês faziam no cinema. Aliás, falando em filme, não percam hoje o nosso filme da sessão dos 10, porque são só dez filmes que nós temos, não percam hoje na sessão dos dez, o sensacional filme...

Qual é mesmo o sensacional filme inesquecível de hoje, Lombardam...

Lombardam – Hoje temos um filme inédito, Silvo, A volta dos cornos mansos assassinos.

Silvo – Bem lembrado, Lombardam. É um filme muito bom. Eu não vi. A minha mulher não viu, o meu cachorro também não viu, nem o Berto viu, mas é um filme muito bom. Lombardam, você viu o filme?

Lombardam – De jeito nenhum.

Silvo – Mas é um filme muito bom. É uma linda história de amor. Um rapaz e uma moça moram sozinhos numa ilha paradisíaca e deserta. Aí começa rolar um clima entre eles, quando a jovem faz a derradeira revelação: eles não podem se casar porque ela é mãe dele. Depois o rapaz revela que ele é quem é o pai dela. Nessa dúvida cruel, surge o corno manso com uma serra elétrica e mata todo mundo. Uma coisa linda. Eles morreram, Lombardam, eles morreram, há, hai?

Lombardam – Bem feito, Silvo, mas ainda bem que eles tinham o plano funerário São Gosminho!

Silvo – Então chame os nossos comerciais, Lombardam?

Lombardam – Funerária São Gosminho, onde você paga para entrar e reza para sair. Velas de sete dias, dez real. Flores murchas de cemitério, cinco real. Água benta para aspergir sobre o presunto, dois real. A alegria de ver sua sogra feito cerveja, em cima da mesa e gelada, não tem preço. Há coisas que o dinheiro não pode comprar, para estas existe a Funerário São Gosminho, onde seu enterro é garantido. Não aceitamos devolução.

Silvo – Há, hai, hi, hiii... Vamos chamar o quarto candidato da noite, o senhor Ababerbal Prado de Albuquerque e Albuquerque 3º. Palmas a criatura.

Público – aplausos

Silvo – O seu nome é Aberbal ou Abarbebal?

Gago – Ababe... ababe... Ababebal. É que eu tetenho um pipi... eu tetenho um pipi...

Silvo – O senhor tem um pipi? Há, hai, hi,hiii... Olha que não pode falar essas coisas nesse horário porque temos crianças no auditório.

Gago – Nanão, eu tetenho um pipi... um pipequeno defeito, num sei si si perpercebe?

Silvo – O senhor é fanho, gago, feio e frouxo?

Gago – Nanão. Eu... eu tetenho pé pé chato!

Silvo – (imitando-o) Ah... nenem titinha pepercebido.

Alguém do público – E aí, piolho? (com voz bem ranheta)

Gago – Pipi... piolho é a véia!

Véia – A véia é a puta que pariu!

Silvo – Ah, hai... mas vamos levantar o níver, minha gente. O Roque me informou aqui no ponto eletrônico que o pograma já está dando meio ponto no Ibope. Mas deixe-me ler a ficha aí do piolho. O senhor piolho é presidente da Academia Literária Atibaiense, chefe da associação dos macumbeiros e catimbozeiros de Atibaia, Perdões e adjacências. Foi ele quem ensinou o Berto a jogar pôquer e é por isso que ele joga tão mal: perde todas. Cassado pela ditadura de 64, esteve preso durante o regime militar por motivos de forças ocultas. Segundo as palavras do seu próprio algoz, “nós não sabíamos por que batíamos nele, mas ele sabia porque apanhava”. Uma salva de palmas pro piolho.

Platéia – palmas

Silvo – (puxando o corinho) Piolho... Piolho... Piolho...

Gago – (para o público) é é a mãe... é é a mãe... Silvo, posso mandar um abrabraço?

Silvo – Manda, piolho!

Gago – Eu quequero mamandar um abrabraço pra miminha mamãe, pro memeu papai e pro... pro... Bé... Bé... pro Bé...

Silvo – Pro Berto?

Gago – Nanão, pro Beberaldo, meu fafafilho!

Silvo – Bem, bem, vamos começar mais um xou do humilhão. O pograma agora é dividido em duas partes. Nas primeira parte, faremos a mesma pergunta para todos os candidatos. Na Segunda parte, as perguntas são individuais. Quem souber a resposta levanta a mão. Todos prontos? Então valendo um cruzeiro, Cite 3 capitais do Brasil:

(todos candidatos antes de responder levantam a mão)

véia – reco-reco, bolão e azeitona.

Loira – Didi, Dedé, Mussum e... como é mesmo o nome daquele outro lá?

Gago – São...São Papapaulo, Bebebe...Belo Hori ho... horizonte...

Silvo – Cinco segundos!

Gago – E... e... Porpor porto... A. a ...

(péee – campainha)

Silvo – Infelizmente o tempo está esgotado. Vamos a segunda pergunta, valendo um cruzeiro. Você está numa sala hermeticamente fechada com o Osama Bin Laden, o Sadam Hussain e um corintiano. Você tem uma arma, mas infelizmente possui apenas duas balas. O que você faz?

(um por vez levanta a mão)

Véia - Ah, seu Silvo, vareia. Se for bala de hortelã eu chupo. Agora se for bala de caramelo para eles, porque gruda na dentadura. Cê sabe, eu não uso Corega...

Loira – Eu prego as duas balas no corintiano.

Gago – Eu sosou sosou da pa pa pai...

Silvo – O senhor é da APAE?

(péee...)

Silvo – Há, hai... hi, hiii... perdeu de novo. Terceira questão, valendo um cruzeiro. Qual é o seu Back Street Boy favorito?

Véia – Orlando Silva.

Loira – Sandy e Júnior?

Gago – O meu bébé back street boy fafavorito é é o Ni...nini...

(péee)

Gago – Ah, aaaassim nunum dá.

Silvo – Não dá por quê?

Gago – Vovocê meme cocorta totoda hohora!

Silvo – Eu não, você que é gago, piolho! Vamos para a quarta e última pergunta da primeira fase. Valendo um cruzeiro, diga o que você faria se, naquela mesma sala hermeticamente fechada, as balas falhassem e o Osama Bin Laden, o Sadam Hussein e o corintiano viessem para a sua direção esfregando as mãos e espumando através dos dentes?

Véia – Eu entregava a carcaça ao Criador.

Loira – Eu me virava e dava um jeito.

Gago – Eu fafa... fafaria eu faria...

(péee)

Silvo – Você não faria nada, porque esgotou seu tempo, piolho. Ninguém ganhou nada, há, hai... Vamos chamar os nossos comerciais, os supositórios vitaminados Milambe.

(entra a música do supositório Milambe e todos cantam e dançam)

Todos – Supositório Milambe, iahoo, é uma delícia, iahoo, na escola, no refresco e no lanche, iahoo, pra tomar a toda hora, na sua casa, na festinha, na merenda, iahoo, tudo fica uma delícia, cujo nome não se engane, supositório vitaminado Milambe, iahooo...

Silvo – Supositório vitaminados Milambe, agora em três novos sabores: pepino, nabo e mandioca.

Silvo – Vamos parar de palhaçada e continuar com o pograma...

Gago – Seu Silvo, o supositório me fez mal. Preciso ir no banheiro...

(por aqui sai de cena o gago, para fazer o Lombardam)

Loira – Mas, Silvo, eu queria dizer que o meu primo quer participar do pograma.

Silvo – Mas quem é o seu primo?

Loira – O meu primo é o Dunha, irmão do Mário.

Silvo – Atenção auditório, atenção, agora vou fazer uma piadinha que nunca foi feita num pograma de televisão. Dona Mauriça Pautriça, repita sua fala, por gentileza.

Loira – O meu primo é o Dunha, irmão do Mário.

Silvo – Que Mário?

Loira – Aquele que fala pelos cotovelos atrás do armário!

Silvo – E o que que o Dunha faz?

Loira – Ah, Silvo, o Dunha faz tanta coisa... Além disso ele é paranormal. Ele pára trem só com a força do pensamento. Liga pra ele, que o Dunha faz isso ao vivo agora.

Silvo – Roque, traz o telefone.

(entra o Roque com o telefone de brinquedo)

Silvo – Qual é o número?

Loira – meia, meia, mole, meia, meia dura, seis , seis.

(telefone chamando)

Dunha – Alô?

Silvo – Há, hai... alô, quem fala?

Dunha – É o Dunha.

Silvo – Ô Dunha, aqui é do xou do humilhão. A sua prima, dona Mauriça, disse que você pára trem com o pensamento. É verdade?

Dunha – Verdade, Silvo. Pra provar que eu não estou mentindo e que confio plenamente na força do meu pensamento, eu vou me amarrar na linha do trem e vou parar ele só com a mente. Tá certo? Então eu vou lá se amarrar. Daqui a pouco eu te ligo.

(Silvo desliga)

Silvo – Vocês entenderam bem o que o sujeito vai fazer? Há, hai... O monstro vai se amarrar na linha do trem e pará-lo com a força da mente. Crianças, atenção crianças, não façam isto em casa, porque é muito perigoso. Não façam isso em casa. Berto, não tente fazer isso. Lombardam, isto é incrível?

Lombardam – Isto é incrível, Silvo, O homem vai virar purê, Silvo, só quero ver.

(toca o telefone)

Dunha – Alô, Silvo, já estou completamente amarrado na linha do trem, não consigo me mover de jeito nenhum. Fala pro Berto não tentar fazer isso, hein? Olha o trem vem vindo lá... Deixe-me concentrar. Pára, trem.... pára trem...

Piuíiii, tchuco tchuco tchuco... (barulho de trem)

Dunha – Pára, trem.... pára, trem... (tuuu, tuuu, o trem apita). (Dunha mais nervoso) Pára, trem... pára, trem... (TUUU...) PÁRA, trem (gritando) (Krof, krof, krof – barulho de coisa quebrando)

Se encontrar, jogar pedaços de gente estropiada no palco.

Silvo – Ele morreu, Lombardam? Ele morreu?

Lombardam – Espero que sim, Silvo, mas ele tinha o plano funerário São Gosminho, aquele que não aceita seu cheque pré-datado.

Silvo – Então, chame os nossos comerciais, Lombardam.

(bater na madeira – toc, toc, toc)

Silvo – Quem bate?

Lombardam – (com outra voz) É o defunto!

(entra a música)

Não adianta bater, eu não deixo você sair. (Defunto: me tira daqui) Na Funerária São Gosminho, (defunto: socorro!) você morre bem quietinho (eu tô vivo!).

Lombardam – Na funerária São Gosminho, você vai ser o cadáver mais disputado pelos vermes e carunchos. Não deixe para amanhã. Venha para a caixa você também.

Loira – Seu Silvo, eu sou o único parente vivo do finado Dunha. Eu quero receber o dinheiro do seguro!

Silvo – Roque, traz o contrato do seguro!

Entra o Roque com um rolo enorme em forma de canudo e o desenrola.

Silvo – Roque, me traz o óculos de perto para eu ler as letras miudinhas. (não vendo). Roque me traz a lupa...(não vê com a lupa). Roque, me traz um binóculo. Ah, achei! Aqui está bem claro e diz o seguinte. O seguro desta apólice não será pago nos seguintes casos: primeiro, paranormais que se amarrem em trilhos de trem para parar o trem com a força do pensamento em programas de televisão. Ponto. Há, hai... Dona Mauriça, o seu primo devia ler os contratos...

Silvo – Vamos continuar com o pograma. Agora na segunda parte, nós fazemos perguntas individuais. Vou chamar a primeira candidata, dona Mauriça Pautriça.

(por aqui volta o gago)

Loira – Presente

Silvo – A senhora com essa peruca me lembra uma sereia.

Loira – Porque sou bonita e lembro o mar?

Silvo – Não, porque você cheira a peixe e é cheia de escamas.

Loira – Uhn, magoei.

Silvo – Você está pronta para responder as pergunta?

Loira – Yesis.

Silvo – Então vamos à primeira pergunta. Valendo um cruzeiro, é uma pergunta de matemática. Que número vem logo depois do um?

Loira – É... não tem nenhuma alternativa? Ah, então... eu vou chutar... Três!

Silvo – Uh, quase, raspou. Vamos para a segunda pergunta, valendo dois cruzeiros: presta atenção, ameba: que cor é esta? (levanta-se uma cartolina com uma cor, escrito o nome)

Loira – Ai, Silvo... Pra mim só cai pergunta difícil. Ai,... essa eu pulo.

Silvo – Última pergunta, valendo um milhão de reais. Presta atenção que é fácil. Pergunta de física. Um trem parte de SP para Belo Horizonte, sem escalas, numa velocidade de 60Km/h. Entendeu até agora?

Loira – (sorri e faz sinal de positivo)

Silvo – Um trem parte de SP para Belo Horizonte e viaja numa velocidade constante de 60Km/h. A distância de SP a Belo Horizonte é de 600 Km. Pergunto: Qual o destino do trem?

Loira – Ai, Silvo, espera um pouco... Posso consultar as cartas (pega um baralho, depois contando nos dedos) Dez Horas! (Comemora feliz)

Silvo – É um caso perdido. Vamos chamar a próxima candidata da noite, dona Maria Maria de Maria. A primeira pergunta para a senhora é sobre história antiga.

Véia – E beleza! Berto, é do nosso tempo!

Silvo – Valendo um cruzeiro, qual era o nome do cunhado do sogro do pai do filho de Zebedeu?

Véia – De Zebedeu? O senhor sabe?

Silvo – Não.

Véia – Nem eu. Perdi o prêmio, mas fiz a minha riminha.

Silvo – Vamos à segunda pergunta, valendo dois cruzeiros, quantos anos tinha Matusalém, quando Zebedeu morreu?

Véia – Zebedeu? O senhor sabe?

Silvo – Não.

Véia – Nem eu. Rimei de novo.

Silvo – Última pergunta, valendo um milhão de reais, quem matou o mar morto?

Véia – (pensa e não responde)

Silvo – É pra hoje, véia matusquela! Você sabe?

Véia – Não.

Silvo – Foi Zebedeu!

Véia – Ah, eu sabia! E ainda por cima perdi a rima.

Silvo – Vamos então chamar o último candidato, está pronto, Piolho?

Gago – É a a a mãe.

Silvo – Ele está pronto. Vamos à primeira pergunta, que é sobre a II Guerra Mundial.

Gago – Ooba, ninisso eu sosou bobom. Fofoi lá que eu fifiquei gagago.

Silvo – Foi lá que você ficou cagado? Há hai, hi, hiii...

Gago – Gagago. Parece que vovocê é susurdo?

Silvo – Ah, piolho, deixa de história. Primeira pergunta, valendo um cruzeiro. Em que cidade foi lançada a primeira bomba atômica?

Gago – Hihi... hihi...hihi...

Silvo – Cinco segundos.

Gago – Hihiroshima!

Silvo – Muito bem, palmas pro Piolho!

Público – aplausos.

Silvo – Segunda pergunta, valendo dois cruzeiros, onde foi lançada a segunda bomba atômica?

Gago – Nana... nana... nana...

Silvo – Cinco segundos.

Gago – Nanagasaki!

Silvo – Oh! Palmas pro Piolho!

Público – aplausos.

Silvo – Terceira e última pergunta, valendo um milhão de reais. Diga o nome de todas as vítimas!

Gago – (contando nos dedos) Hiro Hiroito Nasaku, Fufugiro Nakombi, Mamataru Kasha, Shataru Banku...

Silvo – Cinco segundos!

Gago – Susugiro mamatayama...

(péee)

Silvo – Há, hai, hi, hiii. Perdeu um milhão de reais!

Gago – Eesse popograma é rorobalheira. Eu sesei o nonome de totodas as vivítimas, mas não dádá temtempo de reresponder!

Silvo – Produção?

Produção – Sim, Silvo?

Silvo – É verdade que essa pergunta não dá tempo de responder?

Produção – Ah, não dá tempo de jeito nenhum, Silvo!

Silvo – Mas como não dá?

Produção – Ora, você que mandou escolher uma pergunta que ninguém pudesse responder!

Silvo – Quem quer emprego? Então eu vou dar mais uma chance para o Piolho e fazer mais uma pergunta pra ele. Presta atenção, Piolho. Valendo um milhão de reais. Repita comigo sem errar: (dá um tempo fazendo um suspense) um tigre, dois tigres, três tigres.

Gago – (olha para o Silvo, calado e assombrado) Ah!, vavai toto... toto... vai totomar no... no.. no...tomar...

(péee)

Silvo – Perdeu, o piolho perdeu.

(Piolho sai revoltado)

Gago – rorobalheira!

Silvo – Lombardam, chame os nossos comerciais, que precisamos faturar.

Lombardam – Largatil, o purgante mais querido do Brasil.

Música –. Hoje eu acordei com uma bruta indigestão, corri para o banheiro me arrastando pelo chão, sentei lá no meu trono mas justo na hora H, meu Deus, como eu sofri para... Naquela praça, naquela banco, naquelas flores, naquele jardim. Tudo é lugar, pra defecar, se um frasco inteiro de Largatil tomar.

Largatil, o preferido das estrelas. O único que já vem com rolha anatômica e aplicador, viu Berto?

Silvo – Bem vamos ver quem foi o vencedor de hoje. (lê na ficha). Com zero ponto ficaram empatadas a loira burra e a véia matusquela. O grande vencedor da noite foi o Piolho! Mais palmas pra ele!

Público – aplausos.

Gago – Sisilvo, eu quequero fazer coco... querro fazer coco...

Silvo – O senhor quer fazer cocô? Largatil, Lombardam...

(Música)

Gago – eu ququero fafazer uma coco... cocolocação. Eu sou mamágico. Poposso fazer uma mamágica?

Silvo – No final do pograma você faz. Agora você vai receber seu prêmio. Roque, traga a venda e o tampa-ouvidos que nós importamos das Oropa.

(põe a venda e tampa-ouvidos e fica de frente para o público, de vez em quando levanta a venda e pede ajuda à platéia)

Silvo – O senhor está vendo ou ouvindo alguma coisa?

Gago – Tô! (faz sinal de positivo)

Silvo – Roque, você me paga, comprou isso no 1,99? Depois nós conversamos. (ajeitam melhor a venda) O senhor está ouvindo agora, piolho?

Gago – Não!

Silvo – Então vamos prosseguir. Seu Piolho, o senhor troca seus dois cruzeiros que ganhou no pograma, por essa magnífica barra de ouro no valor de vinte e cinco mil reais?

Gago – (depois de pedir ajuda à platéia) Sim!

Silvo – Você troca sua barra de ouro de vinte e cinco mil reais, por outra de cinquenta mil mais uma mansão no morumbi?

Gago – (pede ajuda) Sim!

Silvo – Você troca a barra de cinquenta mil mais a mansão no morumbi por um tesouro ainda a ser achado numa ilha perdida?

Gago – (pede ajuda) Sim!

Silvo – Você troca o tesouro a ser achado por um ensebado pente Flamingo que o Berto não usa mais e que ele comprou já usado no bazar da pechincha da igreja?

Gago – (pede ajuda) Sim!

Silvo – Você troca esse pente nojento do Berto por um milhão de reais, mais um palacete todo mobiliado, com uma BMW na garagem?

Gago – (pede ajuda) Sim!

Silvo – E por fim a última troca, você troca o seu um milhão de reais, mais o palacete mobliado com uma BMW na garagem por um KIT surpresa de nossos anunciantes, contendo um supositório Milambe Extra G, um frasco de Largatil, com rolha e aplicador, além de um plano funerário totalmente quitado da funerária São Gosminho?

Gago – (pede ajuda) Sim!

Silvo – Pode tirar a venda. Roque, traga o prêmio do Piolho.

Gago – (recebe o prêmio com cara de poucos amigos). Poposso fafazer miminha mamágica agora?

Silvo – Que mágica você vai fazer?

Gago – Eu vovou fafazer uma momoça sumir.

Silvo – Ah, duvido! Posso escolher uma moça do auditório?

Gago – Popode.

Silvo – Deixe-me ver, deixe-me ver, você aí, quer ajudar o piolho?

Moça – Eu?

Silvo – Não, o Zebedeu. É claro que é você, suba até aqui. Uma salva de palmas pra ela!

(aplausos)

Gago – (para a moça) você está propronta?

Moça – tô.

Começa a mágica. Ergue-se um pano na frente deles. Ela sobe nas costas do gago, coberta pela capa dele. Tira-se o pano da frente deles, e vê-se claramente que ela está encoberta pela capa nas costas do gago. Este pede palmas.

(aplausos)

(entra a música tema do Sílvio e fecham-se as cortinas).

FIM DO TEATRO

José Martino
Enviado por José Martino em 14/03/2009
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