UM DIA POR SEMANA. OU MAIS!

Num domingo qualquer, assisti em algum desses canais especializados em documentários, um programa muito interessante, chamado Labirinto Cerebral. Tratava-se de um estudo sobre o cérebro humano, identificando as características, aptidões e habilidades específicas de cada sexo. Pareceu-me um estudo sério, mas o programa suscitou-me algumas reminiscências sobre um assunto mais amplo: a competição entre homens e mulheres, pela supremacia de um sexo sobre o outro — no mau sentido, naturalmente — que data de tempos imemoriais. Mas que deve ser tão antiga quanto o surgimento da própria espécie humana na face deste planeta.

Das piadinhas de gosto discutível ao machismo mais assumido e exacerbado, mulheres e homens trocam farpas e dardejam insinuações maldosas ou ofensas explícitas entre si, com a sutileza cruel, que é típica das primeiras ou a contundência nada sutil, que caracteriza os últimos. A querela vai desde o tamanho e peso do cérebro de cada um, até a capacidade, maior ou menor, para o desempenho de determinadas tarefas ou o exercício de certas funções.

A dita guerra dos sexos esteve bastante incrementada a partir dos Anos 60. Foi quando o mundo assistiu ao início do chamado movimento feminista e a consequente revolução sexual que, dentre outras coisas, resolveu mostrar, às claras, aquilo que muitas, normalmente, só faziam no escuro. Foi um sucesso absoluto entre as mulheres de todas as faixas etárias e, para os homens — sobretudo os mais maduros — causa de grande angústia e de muita insegurança.

Os machistas de plantão reagiram de imediato, tentando ridicularizar as que se integravam à onda feminista, com a sugestão, nem um pouco delicada, de que “todas essas, trabalharam naquele filme Viva Zapata”. Ou, então, sugerindo que, “da fruta que elas gostam, eu como até o caroço”... E daí prá diante. Também pudera! As primeiras líderes feministas eram uns verdadeiros “amuletos contra a luxúria”. Pura coincidência, porque, como se sabe, ser ou não ser feminista nada tem a ver com o fato de ser ou não ser feminina.

Mas o achincalhe masculino não esmoreceu o movimento, que se consolidou e alterou significativamente a correlação de “forças”, assim como as estratégias de cada lado, na competição milenar. As mulheres passaram a competir de forma mais aberta (sem nenhum duplo sentido) e os homens a buscar explicações, digamos, mais científicas, para justificar a supremacia social masculina.

Faz algum tempo, por exemplo, a mídia televisiva divulgou com estardalhaço que alguns cientistas (todos homens, se não me engano) descobriram que as mulheres têm “não sei quantos centilhões de neurônios a menos” do que o sexo oposto. Oposto, para eles — como diria o humorista. Pois, para mim, é o ideal...

Muito bem! Voltando ao tal estudo e segundo o que assisti no Discovery Channel, homens e mulheres têm uma postura social diferente, geneticamente adquirida e depois tornada hereditária, da pré-história para cá. Eles se portam como caçadores; e elas, como coletoras. E, muito embora com habilidades diferenciadas, ambos os sexos têm a mesma capacidade, concluiu a pesquisa. Obviamente, conduzida por cientistas de “polo positivo” e de “polo negativo”. Parece que, neste caso, pelo menos, pesquisadores e pesquisadoras chegaram a um bom acordo. Alguém duvida?

A parte que me pareceu mais interessante foi aquela que especifica as habilidades de cada um, afirmando que os homens são mais aptos para o raciocínio objetivo e para o cálculo, enquanto as mulheres têm mais habilidade verbal. Embora isto não seja nenhuma novidade! É um fato que se pode observar, de forma até bastante simples. Tudo o que se diz para um homem, entra por um ouvido e sai pelo outro. E tudo o que se diz para uma mulher, entra pelo ouvido e sai pela boca!

E por quê? Porque as fêmeas, comprovadamente, têm mais neurônios nos centros de linguagem do que os varões. E, o mais importante de tudo é que, enquanto os homens — ao falarem — utilizam somente o hemisfério esquerdo do cérebro, as mulheres utilizam os dois. É mole?! Ocupar o cérebro todo só pelo prazer de falar? Bem que eu desconfiava disso!

Não tenho a menor dúvida que esta “excessiva capacidade de verbalização” tem sido responsável por alguns problemas que poderiam ter sido evitados, entre marido e mulher, casais de namorados, amigas e vizinhas. Por isto mesmo, fiquei pensando que alguma rede de televisão, aproveitando-se dos resultados desta pesquisa, poderia, talvez, lançar uma campanha de utilidade pública, com o objetivo de reduzir a poluição sonora: AMORDACE A SUA SOGRA UM DIA POR SEMANA. OU MAIS!

Falando sério, seria o maior sucesso!