SOCIEDADE ANÔNIMA

SOCIEDADE ANÔNIMA

Em vias de receber aquela grana do FGTS, comecei a ter pensamentos sobre o que fazer com ela. Uma viagem à Europa? Um tour pelo nordeste? Comprar remédios? Sim, como gastá-la? Mas, pensando bem, por que gastá-la? Por que não investi-la numa idéia nova?

Uma boa maneira de ganhar mais dinheiro, pensei, seria abrir uma micro empresa, ainda mais nestes dias de grande estabilidade econômica. Sim, porque o Lula nos disse que esta crise não atingirá o Brasil. “O problema é deles que fizeram um verdadeiro cassino com seu sistema hipotecário, etc.etc.”.

Bem, convencido e tranqüilizado pelo nosso presidente de que não teremos uma crise, pensei em abrir uma pequena empresa. Pensando mais a fundo, vi que a minha grana não seria suficiente para tal empreitada, e aí meu amigo, é aí que você entra.

Você deve ter, também, seus caraminguás guardados para serem investidos em momentos como este, de grandes oportunidades. Como estou inclinado a crer que você aceitará ser meu sócio, comecei a trabalhar na idéia do que fabricar. Teria que ser algo novo, completamente inexistente no mercado, como aquelas fronhas contra a ejaculação precoce, lembra? Para um produto vender bem ele precisa, primeiramente, despertar o interesse e a vaidade das mulheres, agora, se somarmos a isso o desejo e a volúpia dos homens, pimba! Teremos um campeão de vendas. Claro, claro, mas que produto seria esse?

Depois de muito pensar, de passar noites e noites em claro, a idéia veio surgindo, de início, meio confusa, depois foi clareando e, de repente explodiu, viva, vibrante, luminosa como um anúncio da Coca Cola. Sai correndo pela casa às 3 da manhã, gritando: É isso! Heureca!

Minha mulher levantou-se sonolenta e deu aquele incentivo:

- Ta ficando lôco?

Não, falei. É que eu acabei de inventar... O batom vaginal.

Você já imaginou a força deste projeto? A revolução que isso vai causar?

Parece que estou vendo beldades como essas mulheres maravilhosas que aparecem na televisão comentando:

- Já viu a novidade?

- Já, e estou usando, querida.

- E qual é a cor do seu?

Bem, quanto às cores, faríamos uma variedade enorme, do rubi ao verdinho palmeirense, isso não seria problema. Veja que até aqui, mexemos apenas com a vaidade feminina, mas como despertar também a volúpia nos homens? Nos sabores, meu amigo, nos sabores.

Nada de sabor morango, framboesa, chocolate, kiwi, etc. que isso é coisa de viado. Para os matchos mesmo, faríamos batom vaginal nos sabores:

- vina ao vinagrete;

- salaminho;

- linguicinha frita;

- asinha de frango;

- apresuntado;

- queijo & azeitonas;

- mortadela;

- fritas e, lógico, o mais caro, o top de linha, sabor rolmops!

Consigo visualizar os caras, naqueles bailões da terceira idade, com a mesa cheia de garrafas de cerveja, quando um, menos avisado, pergunta:

- Ei turma, vamo pedi um salgadinho?

E os outros, com seus batõezinhos no bolso, se entreolhando e dando um risinho enigmático:

- Nóis vamo deixá prá depois...

Como o amigo pode ver, a idéia é excelente, só está faltando um nome para o produto, mas dá para imaginar algo como:

“Batom Salina, mais charme e elegância para a sua...”

Fico aqui aguardando que você descubra um nome genial para esse produto sensacional e, enquanto isso pode ir procurando um barracão...

ee.

Elias Ellan
Enviado por Elias Ellan em 23/03/2009
Código do texto: T1501767
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