Minha querida amiga, não sei o que te diga, sinceramente. A atitude do teu marido é inqualificável. No mínimo. Não podes tolerar comportamentos desse tipo. Terás de te impor. Com toda a determinação, diria eu, porque senão a situação tenderá a escalar.
Hoje chega tarde porque tem uma reunião, amanhã não vem jantar porque vai fechar um negócio e quando deres conta está a viver com a secretária. Já sabemos o que a casa gasta.
 
Ó boa és toda grossa!
É pá, aqui nesta terra é as velhas, é as novas, são todas boas.
É fixe trabalhar aqui.
 
 
O que é que eu costumava dizer quando chegavas tarde a casa? Desta vez desculpo, p’rá próxima estás tramado. Não havia discussões. Não havia qualquer dúvida sobre o que sentias por mim. Fomos felizes não fomos? Todos queriam descobrir o segredo da longevidade do nosso amor. Tolos! Como se nós pudéssemos exportar a nossa dádiva. Conheci-te e tu a mim. E tudo se encaixou perfeitamente. Não houve segredo envolvido.
 
 
Olha Tavares, a minha mulher é uma espécie de santa. Toco-lhe o menos possível por respeito. Aos santos não se lhes dão beijos nem abraços, ora essa. Então deixo-a ficar sossegadinha. Vou à minha vida, estás a compreender? Faço o que tenho a fazer com as outras. Não são meretrizes nada! São mulheres. Só que não são a minha. A minha é para estar em casa na paz do Senhor. Assim é que as coisas é suposto serem. Não achas?
 
 
Eu quero é petiscos. Dêem-me petiscos que eu fico satisfeito. Morcelas, alheiras, salada de ovas, ou de polvo, caracóis, orelha de porco, croquetes, camarão com alho e tostas. Muitas tostas. Gosto de petiscos.
 
 
 
Ó ...ancisco, chega a..i ao te...fone. É a ...ua fi...a. Não ou...es?
E...e ...em já. Es...ava na ...asa-de-...anho. Um ...eijinho.
 
 
Senhor Presidente, senhores conselheiros, meus senhores e minha senhoras, é com muito prazer e honra que aceitei o convite para estar entre vós, hoje, sendo orador desta palestra que não é mais que uma pequena contribuição no sentido de explanar e compreender melhor o tema que é motivação deste congresso. Estou convicto que a minha experiência pessoal no âmbito do assunto invocado me permita elaborar algumas considerações não só teóricas mas também de ordem prática. No final pretendo dar mais um passo no sentido de atingir os objectivos a que todos nos propusemos.
 
 
Fogo, Pipocas, que porcaria, que nojo! Outra vez o lixo todo espalhado pela sala. Eu mato-te, ouviste? Sai debaixo do sofá! Sai! Vou-te bater, seu cão badalhoco. Vais apanhar tantas que nem sabes de que terra és. Vem cá, já! Não ouves a dona?
 
 
Temos que falar. Não sei bem como explicar isto. Custa-me. Mas tenho de falar. Não tenho andado muito bem, ultimamente. Não tens culpa nenhuma, nota bem. Mas eu preciso de estar só por uns tempos. Não fizeste nada de mal. Não é isso. Sou mesmo eu que por vezes, sinto... Olha, não sei explicar melhor. Preciso de me afastar. Desculpa-me.
 
 
Não sei o que hei-de fazer com este miúdo. Não liga a nada. Parece um zombi. Não trabalha, não estuda, não faz rigorosamente nada. Às vezes nem sei como consegue. Esta imobilidade é digna de autêntico homem-estátua. Assusta-me e irrita-me. Não sei o que fazer.
 
 
Flores? Porquê flores? Tens de me pedir desculpa de quê? Como? Gastaste quanto? O quê? E agora? Como vamos fazer? O que vamos comer? E tiveste a lata de ainda comprar flores?
 
 
Não me faças falar. Não me faças falar porque senão eu digo umas tantas coisas que não vais achar graça nenhuma. Eu não ameaço. Eu faço. Essa é a diferença entre nós, amigo.
Comigo é pão pão, queijo queijo.
 
 
Faz tempo que não tenho um destes diálogos interiores ou lá como se chamam a estas conversas para com os meus botões. Não sou muito de ter conversas comigo mesma. Tento não pensar demasiado nas coisas. Viver simplesmente. Mas por vezes uma pessoa põe-se a pensar. Porra, mas o que raio é que eu ando aqui a fazer? Todos os dias a ouvir esta ladainha do caneco. Sempre a mesma coisa, ano após ano. Já tenho décadas desta merda. Está na altura de perguntar mas afinal o que ando eu aqui a fazer?
 
 
Ó Clarinha deixa lá isso. Não fiques triste, filha. Era só um grilo, querida. Eu compro-te outro. Vamos amanhã à loja e escolhes outro. Eles são todos iguais, não há muito que escolher. Pronto, pronto, eu já não volto a dizer tal coisa. O teu era o mais lindo de todos e não se fala mais nisso. Escolhes o mais bonito que lá houver. Está bem assim?
 
 
AnaMarques
Enviado por AnaMarques em 21/04/2009
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