O RICARDÃO, A MULHER E O REFLEXO DE PAVLOV

Ivan Petrovitch Pavlov, foi um fisiologista russo laureado com o Prêmio Nobel de medicina o fisiologia em 1904 por seus trabalhos sobre a fisiologia da digestão, embora seu nome seja mais conhecido por sua teoria do reflexo condicionado: os animais reagem a certos estímulos, ou seja, condicionam a certos atos, você repete exaustivas vezes um ato com um animal e ele, ao ser estimulado, automaticamente reagirá a ele.

Eu tinha um amigo que possuia um belo cão pastor belga. Era um animal dócil e brincalhão, as crianças até montavam nele, era uma farra. Um dia esse amigo me disse:

-Quer ver o Rex virar uma fera?

Respondi que sim, eu achava que o animal era até meio sonso.

Ele gritou:

-Atleticano! Atleticano!

O animal virou bicho:arreganhou os dentes, rosnou e ficou em posição de ataque.

Fiquei admirado com a metamorfose do animal, perguntei o porquê e o dono do animal ficou rindo e não me disse nada.

Todas as vezes que eu passava pelo cachorro eu gritava:

-Atleticano! o animal tinha a mesma reação, ficava possesso.

Eu fiquei pensando que era o modo brusco de dizer a palavra que o irritava, um dia passei por ele e gritei bem alto:

-Cruzeirense! Nada feito, o animal nem sequer pestanejou.

Eu sabia que seu dono era um ferrenho torcedor do Cruzeiro, mas ficava imaginando a razão da ojeriza do animal pelo nome do clube

rival.

Um dia perguntei ao meu amigo:

-Desisto, me conte a razão do Rex ficar irritado com o nome atleticano. Ele rindo me disse:

-Quando o Rex era novinho, eu o treinei: eu gritava atleticano e dava uma chicotada nele, fui fazendo isso até que ele se acostumou, quando eu gritava o nome, ele, mesmo sem levar a chicotada já se enfezava...

Aí eu entendi: ele condicionou o animal a um fato desagradável e ele regia ao ser estimulado.

Eu tenho uma tia que morava na roça, e ao ganhar a primeira filha, não conseguiu dar leite suficiente para a menina, meu tio comprou uma cabrinha em lactação para produzir leita para a neném.

Quando o bebê chorava, ele fazia a higiene das tetas da cabrinha e a ordenhava, colocando o leite direto na mamadeira.

O fato se repetiu tanto, que quando a neném chorava, a cabrinha começava a berrar.

Eu crio umas galinhas em um lote vago abaixo de minha casa, e quando vou abrir o portão para alimentá-las, elas, ao ouvirem o barulho do ferrolho, já vêm correndo. Estão condicionadas a um fato agradável, pois quando ouvem o barulho, já sabem que serão alimentadas.

Agora vem o fatídico causo do Ricardão e o reflexo condicionado de Pavlov:

O Ricardão mantinha um romance com uma mulher casada com um caixeiro-viajante. O Cidadão viajava de madrugada e o Ricardão nem esperava a cama esfriar, e já estava lá com a mulher. Diversas vezes ele estava no bem bom com a mulher e ela escutava o barulho do portão e dizia:

-Nossa Senhora! É meu marido!

O Ricardão voava pela janela.

O Caixeiro acabou descobrindo o Romance, de boa paz, corno manso, simplesmente se separou da mulher.

O Ricardão começou um namoro com ela, e porfim se casaram.

Na noite de núpcias deitaram e rolaram. De madrugada o padeiro entrou pelo portão para deixar os pães na janela. Ela acordou apavorada e falou:

-Fuja depressa, é meu marido!

O Ricardão, ainda meio "sonado", pegou as roupas, pulou pela janela e saiu correndo pelado pelas ruas...

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HERCULANO VANDERLI DE SOUSA
Enviado por HERCULANO VANDERLI DE SOUSA em 04/05/2009
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