Desmantelo só presta grande, poeticamente falando!

Diz um “Velho deitado”, que não sei porque não fala em pé, que desmantelo só presta grande. Amanhã é o meu aniversário, e para me presentear, eu não esperei para amanhã, eu bati com meu carro hoje. Mas, não bati num carro qualquer, não. Bater em qualquer carro, todo mundo bate. Eu bati num carro diferenciado, bonito, de chapa branca, pois era simplesmente um carro de Tribunal de Justiça de Pernambuco.

Como se isso fosse pouco, dentro daquele carro estavam somente, um motorista, Policial Mimlitar, uma passageira no banco de trás, Escrivã da Corregedoria de Justiça e um passageiro no banco da frente, que é um Juiz Corregedor do citado Tribunal de Justiça. É pouco ou quer mais?

Quando eu identifiquei os integrantes do carro em que eu bati, pensei de imediato: agora eu vou preso e algemado. Ainda bem, que todos concordaram, que apesar de estar todo errado, porque tentei fazer uma ultrapassagem sem olhar que o outro carro já estava ao meu lado, me ultrapassando, eu tinha um motivo muito forte para me distrair na direção.

Eu não esava usando o celular, porque nem tinha crédito. Não estava com o som do carro ligado, porque ele está quebrado e arranhando meus CDs. E também não estava acendendo um cigarro, porque eu tinha acabado de fumar.

Eu estava simplesmente, recitando poesias, tentando decorar. Algumas minhas e outras dos meninos, Lourival Batista, Sebastião da Silva, José Gonçalves, Jó Pariota, Antonio Pereira, Chico Pedrosa e Dedé Monteiro. É nisso que dá o cabra se meter a poeta e declamador.

Felizmente, as autoridades entenderam a minha necessidade de falar “besteiras”, sozinho na direção e me desculparam, ficando apenas o conserto do carro da Justiça para o seguro pagar e o do meu para eu me lascar, porque a franquia é mais cara que o conserto que irei fazer.

Por isso não esqueçam, poesia e direção não combinam. Eu vou até dar essa sugestão para o Denatran. O único problema é que uma campanha do tipo "se beber não dirija" é fácil de pegar porque quem bebe dirigindo, com certeza, vai derramar o líquido precioso. Coisa que nenhum amante do gostoso líquido vai querer. Mas a campanha, "se dirigir não declame poesias", é mais difícil pegar porque, no balançado do carro, a poesia não derrama, ela flui...

Recife, 06 de maio de 2009