FALCATRUAS E MARCAS DE BATOM
Sempre tive grande aversão por politicos desonestos. Aliás, penso que chamar politico de desonesto chega a ser redundância...
Durante o processo de cassação do deputado João Alves, um dos anões do orçamento, lembro-me que estavam interrogando um de seus comparsas ao vivo pela televisão e o inquiridor fez uma pergunta que ele respondeu:
-Reservo-me ao direito de não responder a essa pergunta.
Fiquei indignado, se fosse um pobre iria para o "pau de arara" tomaria choques eletricos no saco, apanharia que nem cachorro e contaria até quem foi o juiz que expulsou São Bernardo do Campo...
Não me contive e furioso, levantei-me do sofá e gritei:
-Desçam a borracha nesse safado que ele conta! gritei sozinho como se lá na tv pudessem me ouvir.
Minha esposa que estava por perto falou:
-Que isso? tá ficando doido?
O deputado intimado a depor, tentou de todas as formas justificar suas roubalheiras, não convencendo ninguém, aí eu me lembrei de uma historinha:
Certo dia ao chegar em casa minha esposa notou uma puta marca de batom na minha camisa branca. Falou nervosa:
-Onde foi que arranjou isso?
Eu saí com essa pérola:
-Sabe como é, hoje em dia até as crianças usam batom, no recreio na escola onde trabalho, uma menina veio correndo e esbarrou em mim...
Ela não acreditou muito na história, mas deixou o dito pelo não dito.
Tempos depois, ela fazendo o rol para a lavadeira, pegou uma cueca minha, branca, com uma bruta marca de batom. Ela me chamou e disse:
-E agora, como você explica isso? não vai me dizer que foi uma menina da escola que fez isso não é?
Eu pego no pulo, tartamudeei:
-I-sso aí? o-ra sá, é... bem... quer dizer...pensei, pensei e não consegui arranjar uma desculpa convincente.
É isso aí, falcatrua e batom na cueca só tem uma explicação.
* * *
Do livro "Historinhas, contos e causos" do autor.