Camisinha e Sonrisal

Eu morava na casa da minha vó, e eu tinha a mania de guardar a camisinha dentro da minha carteira. O homem tem essas manias, guarda a camisinha pra ver se, na hora que precisar, não precisar correr atrás. Toda vez que eu fazia isso, nunca dava certo nada. Primeiro, que essa história de guardar camisinha nunca aproxima mulher nenhuma. Eu nunca precisei de uma camisinha quando ela estava lá pronta pra ser usada. Parece que na vida, é assim mesmo, quando você precisa de uma coisa, e não tem, aí é que as coisas acontecem. Sempre que você está prevenido pra alguma coisa, nunca dá certo!. Então, parece que para dá certo as coisas tem que funcionar mesmo é pelo despreparo. Você precisa está despreparado, para conseguir as coisas. Quem sempre está prevenido, para tudo, não consegue nada!.

A minha história da camisinha era parecido com isso. Aí, beleza...um dia, eu cheguei em casa, e tirei o diabo da camisinha da carteira, a bicha já estava sofrendo, morrendo de calor dentro da carteira; estava toda suada, e eu peguei e tirei e coloquei encima da estante, ao lado da televisão, junto com a carteira. Acho que a camisinha, se pensasse, ia falar o seguinte: “ainda bem que esse besta me tirou daquele sufoco...ele não me usa, e só me cansa mesmo”. Pois bem, eu tirei a camisinha e ela ficou ali. Aí, eu fui almoçar...beleza, comi, assisti um pouco de televisão, tirei um cochilo e depois, lavei o rosto e sair. Acho que era um dia da semana, tinha que ir para a Faculdade estudar...beleza, me arrumei, e fui estudar na escola....

Quando eu estava dentro do ônibus, só pensei, “eita lasqueira, esqueci a camisinha encima da estante!”. A minha vó era religiosa, daquelas que vivia com um santo no bolso; sabe, né, aquelas devotas, que estão sempre rezando....rezava umas duas vezes por dia. E na casa dela ninguém podia falar xingamento não. Era pecado mortal! Na hora eu fiquei pensando: “rapaz, quando eu chegar em casa, vai ser um inferno, aquela camisinha lá; ela vai me xingar todinho, reclamar, como que eu deixei uma camisinha lá, na casa, pra todo mundo vê, que eu não tinha vergonha na cara, que eu era um pervertido, que a casa dela era uma casa de família; que se eu quisesse ser um sem vergonha eu tinha que procurar outra casa!”. Fiquei só imaginando: “tô ferrado!. Acho que não vou nem dormir lá hoje. Beleza, aí eu cheguei...Nesse dia, eu cheguei lá pelas 21:30 h e eu já pensei, “quem vai brigar comigo vai ser minha tia, a filha da minha vó”....aí eu só pensei, “vou ouvir cada carão, acho que eu vou é apanhar delas hoje!”.

Rapaz, eu entrei em casa...fingir que não tinha acontecido nada. Parecia um pedaço de madeira: meu coração nem batia direito...tava durinho, controlando a dor. Quando elas me viram e saíram para o lado do quarto, acho que elas levantaram na hora do intervalo da novela, eu em questão de segundos fui pra cima da estante desesperado!!! pensando: “cadê o diabo da camisinha; eita disgrama, não tá aqui não!”. Fiquei com o coração gelado!!; eu tava morrendo de fome, naquele desespero, a fome passou na hora!”. Fiquei doidinho!! Derrepente, lá vem minha vó, devargazinho, parecia uma assombração vindo do escuro, até levei um susto, aí, ela virou pra mim e falou: “meu fi...eu guardei seu sonrisal encima da mesa, tá aqui é só pegar!”.

De tão aliviado que eu fiquei na hora, quase eu tomei foi aquele sonrisal mesmo!. Rapaz, fiquei alegre demais!

arrab xela
Enviado por arrab xela em 17/07/2009
Reeditado em 18/07/2009
Código do texto: T1704765
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