Diálogo II

(Inácio e Fabrício andam pelo corredores de ima repartição pública, saindo do expediente, Fabrício sem prestar tanta atenção em Inácio)

INÁCIO: - Eu tava pensando que a gente podia pegar aquela casa de praia do teu pai, que tá lá abandonada e reformar. Aí a gente podia arrumar ela toda e por pra alugar durante o verão...

FABRICIO: - Sei...

INÁCIO: - Se a gente for ver serão pelo menos três meses com a casa ocupada, e isso dá muita grana, todo mundo procura o litoral nas férias, aí a gente pode por o valor do aluguel lá pra cima... E quando o verão acabar a gente pode alugar como salão de festas...

FABRICIO: - Hunrum...

INÁCIO: - Se lá tá fechado a um tempão, qualquer forma de circular grana naquela casa já vai ser um lucro muito grande...

(Inácio e Fabrício terminam de descer a escada, saem pelo portão e seguem pela rua para o ponto de ônibus, está chovendo)

INACIO: - E pra o salão de festas, depois a gente pode investir em jogos, tipo sinuca, dardo, essas coisas que a galera gosta, e se forem usar os jogos a gente aluga por um valor X, sem jogos a gente finge que dá desconto...

FABRÍCIO: - Claro.

INÁCIO: - E aí... (Fabrício distraído não responde – chegam ao ponto de ônibus - Inácio insiste) e aí cara???

FABRICIO: - Oi, desculpe, eu tava ...

INÁCIO: - Distraído, eu sei, você tá muito esquisito ultimamente...

FABRICIO: - Tô nada!

INÁCIO: - Claro que tá! Ontem mesmo no ônibus você ficou falando uma coisa, ESCOVETE, ENCHOVETE, CHEVETE, sei lá o que você tava falando, parecia um maluco... Mas preferi não falar nada, afinal nunca se sabe, podia ser uma mantra... sei lá

FABRICIO: - Você ficou encucado com essa bobagem?

INACIO: - Claro, vá lá que você tivesse xingando minha mãe e eu não tivesse entendendo...

FABRICIO: - Eu tava falando EVOLET, era o nome da personagem de um filme que eu tava tentando lembrar a semanas, aí me veio a memória e eu fiquei repetindo pra não esquecer, era isso...

INÁCIO: - Mas que é esquisito isso é... (um ônibus se aproxima, Inácio faz sinal para o ônibus, que não pára e ainda dá um banho de lama nos dois. Inácio fica furioso) Seu filho da puta, tomara que derrape e derrube quatro postes, puta que pariu, caralho, agora vou chegar em casa parecendo um porco, além de ter perdido a merda da condução...

FABRICIO: - (cortando Inácio mudando de assunto) A gente tem um problema no negócio da casa, tipo, tranquilo a gente arrumar, pintar , deixar a casa toda bonitinha pra alugar nas férias e pra festas, até que daria uma grana bacana, mas se as pessoas descobrirem que naquela casa aconteceu uma chacina, que o antigo caseiro matou um casal de turistas mais os três filhos do casal, acho que vai ser difícil que alguém queria alugar...

INACIO: - Então, não rola a gente arrumar pra alugar?

FABRICIO: - Sei lá, a gente pode ver... Lembrei de um sonho que tive ontem de noite, eu tava sozinho passeando num cemitério, acho que era outono porque tinha um monte de folhas amareladas no chão... aí chegava uma mulher muito bonita, ela tinha os olhos azuis e usava um vestido laranja... ela não andava, flutuava na minha direção e tinha um pote de barro cru nas mãos... nossa, ela era linda, tinha uma boca que você não faz ideia, mas depois ela ficava com os olhos castanho escuro, e o pote virava um aquário com dois peixinhos dourados... de longe eu ouvia o som de um sino, mas na verdade era o despertador, acabei acordando... (ônibus chega, para, Fabrício e Inácio sobem - o ônibus vai embora)

Daniela Beny
Enviado por Daniela Beny em 05/08/2009
Código do texto: T1738914
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