NO TREM DE SOUZA- Causo Matuto

Olá, minha gente! Amanhã, domingo, 09 de agôsto . além de festejar o dia dos pais, eu “tô ficando mais Sex...Agenário”...; tô cumpretando seis ponto um. E da tribuna mais popular da imprensa Norte-Riograndense, que é, sem falsa modéstia, o Cantinho do Zé Povo; quero parabenizar a todos os pais, sem exceção. Aqueles que estão aqui e/ou aqueles que já se foram. “Pai é um cavalo véio, qui foi amansado puros fíi, mode uis neto amuntá”... Isso quem me insinô foi meu cumpade Júlio Prêto qui tá aqui mais eu. E tem ôto cabra da mió qualidade, meu cunhado e padrinho, Luiz Rocha Sobrinho, sogro do Dr. Domício Arruda e pai de Dra.Margarita; e que eu chamo carinhosamente de Padrinho Rocha, foi quem me contou há muitos janeiros atrás, o causo que lhes repasso no dia de hoje. Hoje está tudo mudado, em todos os sentidos possíveis e imagináveis da vida. Mas, já houve tempo em que o trem fazia percusos intermináveis. Na Paraíba, por exemplo, cruzava o estado “de cabo a rabo”; ou seja; ia da capital João Pessoa, até Cajazeiras, no alto sertão paraibano. Certo dia,uma jovem pobre, mas muito bonita, portadora daquela beleza selvagem, arisca; mas “fogosa” ao extremo; e que trabalhava em João Pessoa, teve uma necessidade urgente de ir ter com seus pais na cidade de Souza, no alto sertão paraibano. Sem dinheiro, nem prá passagem nem para tomar pelo menos “um cafézínn cum pão”, entrou clandestinamente no trem e “se amufumbô” encolhida no último banco do último vagão de passageiros. E lá p’rás tantas, aconteceu o inevitável; foi descoberta pelo fiscal, que lhe cobrou:

- A passagem!

A mocinha, trêmula de medo e de fome, respondeu gaguejando de tanto nervosismo:

- Eu num tenho não, môço; mais tenho qui fazê essa viage de todo jeito; “p’ru riba de pau e peda”...

E o fiscal, irredutível:

- Não pode; tem que descer!

-Mais môço, num faça isso não; eu faço quaiqué coisa qui você quizé...

E o fiscal, tarado, levou-apara o banheiro e deu-lhe “uma madêrada daquela de cego vê o mundo”... E fazia isso em todas as paradas do caminho... Pedia a passagem, ela não tinha e êle; pegue “chibata”... Quando o trem parou na estação de Campina Grande, entrou no trem uma conhecida da mocinha, que ao vê-la, se admirou do encontro:

- Ôxente, nêguinha; puraqui ? E prá onde danado é qui tu vai ?

- Minha fía; se minha bunda agüentá, eu vô inté Souza!...

Faltavam aproximadamente 230Km e umas cinco paradas!...

Bob Motta
Enviado por Bob Motta em 08/08/2009
Código do texto: T1742830
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