O PREFEITO, A CADEIA E O CABARÉ...- Causo Matuto.Matéria do Cantinho do Zé Povo-O Jornal de Hoje-Natal-RN-Edição de 15 e 16 Ago.2009

Meu caro Guimarães:

Só quem intende o linguajá do matuto é ôto matuto! Intonce, se sigure na sela, qui “lái vai pôpa”. Prá Vossas Insolença, queridos leitô e leitôra (qui nem Maria de Jesus, qui quage me mata de emoção quando me abordô na subida da Brasil Mostra Brasil...); Guimarães é o PG ( P... Grossa ) da Natal Veículos; e qui hoje tá aniversariando. E apruveitando essa dêxa, vô lhe homenageá duas vêiz, cumo quiz seu subríin Eluciano e eu mêrmo; e a premêra homenage é a respeito do P... Grossa. Um matuto que morava na periferia de Natal, prá lá de necessitado, saiu à procura de emprego. E chegando à portaria da Natal Veículos, falou com o porteiro:

- Meu amigo, cum quem eu falo mode arranjá um imprêgo ?

- Com um dos donos da empresa, é o meio mais seguro de você conseguir; aguarde aí sentado que quando um deles passar por aqui, eu lhe apresento.

E, passados alguns minutos, eis que chega Guimarães, estaciona o carro. O porteiro, imediatamente chega para o matuto e diz:

- Ei, rapaz; o “P... Grossa” chegou; é aquele ali; e apontou na direção do Guimarães.

Aí, meu fíi; o matuto “barreu da quenga”:

- Ôxe; e quem dixe qui eu tô atráis de “P... Grossa” ? Eu vim aqui atráis de um imprêgo; num foi “dá a bassôra” não!...

Essa aí foi a premêra homenage ao Guimarães; e é fictícia; fruito da minha vontade de homenageá o amigo. A sigunda, é verídica e se passô cum seu sardoso pai, Dão Silvêra, Seu Dão; in “mil novecentos e bote fôrça”, logo adispôi de São Bento-PB passá a municípo. Seu Dão foi o premêro Prefeito daquela localidade. E in São Bento, num tinha cadeia. Seu Dão, hôme de posse, cunstruiu a cadeia cum seus próprio ricusso, e aqui aculá, vinha um bêbum ô um disordêro, fazê pôsada no”hoté púbrico”. E um belo dia, um duis “Sãobentense” teve a feliz idéia de butá um cabaré... E foi falá cum Seu Dão, pidindo ajuda para seu impriendimento... E Seu Dão lhe dixe:

- Estou indo a João Pessoa, falar com o Governador Pedro Gondim; e quando eu voltar, a gente conversa sobre o assunto.

Em João Pessoa, recebido pelo Governador Pedro Gondim, Seu Dão, munido de todas as notas e recibos provenientes da construção da cadeia, tentou receber o dinheiro gasto, pedindo ressarcimento. E Governador Pedro Gondim, lhe mostrou que aquilo era impossível, pois tinha que vir de um projeto votado e aprovado na Assembléia, e coisa e tal; enfim; não atendeu ao pleito do Seu Dão, que prá lá de contrariado, assim encerrou a audiência:

- Tá certo, Seu Governador! Já qui eu cunstruí a cadeia cum meu dinhêro, eu posso fazê cum ela o qui eu quizé; num posso ?! Pois o sinhô fique certo qui assim qui eu chegá in São Bento, a premêra coisa qui eu vô fazê, é “mandá sortá uis prezo tudíin e doá a cadeia prá o cabra qui qué butá o cabaré”!...

Nota do colunista: “O véio tinha bom gosto”!...

Bob Motta
Enviado por Bob Motta em 15/08/2009
Reeditado em 15/08/2009
Código do texto: T1755158
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