DE COMO A MIDIA MATA UM CIDADÃO
Vejo que alguém morrera nesta noite
Toco em meu corpo e digo não fui eu
A rádio no entanto diz meu nome
e minha sepultura às dez da noite
Informo telefono todos falam
- foi o senhor exato que morreu
a midia já divulga com sucesso
Nem há como fugir do velho esquema
A midia no entanto vai dizendo
Capela funerária a mesa e nela
o caixão meio aberto com meu corpo
flores duas croas vela acesa
Um amigão de fala grande e mansa
discursa e diz ter sido um grande heroi
não roubou não matou pagou imposto
Os que se julgam sábios explicam
desencarnou sua alma voa livre
esteja onde estiver que durma bem
O corpo mandam prá mansão da morte
E terminada a crônica assim fica
- nascer morrer e cova imediata
E nem o que se pensa a gente leva.