Casamento no Escuro... Ou a Caneta do Velho.

Uma jovem senhora após o fim de um casamento de 19 anos e 6 meses, ficando praticamente sem nada, até os filhos, por questão financeira, para poupá-los, concordou que ficassem com o pai; após muitos dias de lágrimas derramadas, amargando a solidão; saudade dos filhos e lembranças de tudo o que havia vivido durante aqueles quase 20 anos, pra ela uma vida. Sentiu como uma punhalada ver 6 meses depois ele casar-se com uma tribufu de pele encardida e cabelos duro; com uma bunda que dividida daria 3 da sua e ainda sobrava; resolveu que também se casaria, só que arranjaria algo melhor.

Em um site de relacionamento em poucos dias conheceu um Advogado; 52 anos; bonitão; bem empregado. Um mês depois, mesmo sem o conhecer pessoalmente, ficou noiva, de aliança e tudo!... Sendo evangélica; levou a aliança para ungir. O pastor que nunca tinha visto ela com namorado, perguntou: - Você não o conheceu pela internet, não é?... – Não! O conheci num congresso da Faculdade. – Respondeu. Mais dois meses depois estava tudo preparado; era o casamento dos sonhos de toda Cinderela: decoração da igreja; salão de festa; bufê; vestido de noiva; dama de honra; pajem; 6 casais de padrinhos; e duas bailarinas que abririam o evento dançado.

E o noivo?... O noivo ainda não o tinha visto pessoalmente. Deu entrada nos papeis usando uma procuração que ele a enviou para que assinasse a documentação por ele. 4 dias antes da cerimônia ele chegou. Ela ficou encantada: bonito; elegante; bem vestido; falante. Tudo de bom!... Voz linda, como no telefone; rosto, igualzinho nas fotos... Em casa a sós, começaram a se conhecer e, caricias vai, caricias vem, quando tava quase... Ela lembrou que a pastora havia falado que nada de sexo antes do casamento!... E então falou com ele, que concordou prontamente.

Lua de mel, em uma pousada na praia; ela estava eufórica, afinal já estava com quase um ano com a barriga na miséria (sem sexo), agora com a benção de Deus e dos seus pastores, nada os impediria. Naquela magia do tudo podemos, ele se despiu e atirou-se na cama com uma perna de um lado outra do outro, como se exibisse o seu troféu. De boquiaberta e olhos vidrados ela fez questão de conferir. Era igualzinho ao que havia visto em seu sonho dois dias antes dele chegar: a bunda do infeliz não dava um bife; canelas finas como as de um sabiá; e o “Zezinho” media aproximadamente 5cm. Escondia-se dentro de sua mão; não levantava, só movia-se de um lado pra outro, como uma lagarta na areia quente. Decepcionada, suspirou forte e perguntou pra si mesma: - Onde foi que eu fui amarrar o meu jegue?...

Na cidade dele, sempre muito orgulhoso de si mesmo. Auto-suficiência em pessoa! Quando o assunto era algum processo que ele estava defendendo, ele gritava logo: - E a caneta do velho? A caneta do velho é boa; a caneta do velho funciona!... – Ela falava por entre os dentes consigo mesma: - A caneta que eu queria que funcionasse é outra!...

Três meses depois, volta pra casa decepcionada como o mundo e com a vida; ao entrar sentiu vontade de beijar até as paredes; olho pro céu e falou: - Juro por Deus que nunca mais me casa sem antes dar uma!... Aliás, tenho que dá no mínimo três, pra ter a certeza de que não falha!

Cícera Maria
Enviado por Cícera Maria em 30/09/2009
Código do texto: T1839431
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