No lugar certo

O meu cunhado é um cara espirituoso, tem uma conversa animada e adora contar piadas. Quando pega gente jovem na roda, se aproveita da ingenuidade dos mais novos e descarrega o seu estoque de piadas velhas e manjadas.

Como já conheço todas, pois já as ouvi mais de trezentas vezes cada, prefiro ir para outro lugar, pegar uma brisa, olhar o luar, ou tomar umas cervejas em silencio.

Mas não pude deixar de ouvi-lo contando, mais uma vez aquela história do sujeito, dono de restaurante, que ficou arruinado porque encontraram um pentelho no prato de spaguetti al’ vongole que ele vendia caro, caríssimo, mais de 50 pilas por um prato de macarrão com uma gosma melequenta que parece um mexilhão requentado.

Bem, meu cunhado ri das próprias piadas, e eu acho que isso é parte do sucesso. Se o piadista em questão não ri de suas piadas por que outros irão rir? Outra técnica dele é enfatizar os trechos engraçados. Na história do macarrão o sujeito que acha o pentelho grita alto: UM PENTELHO!, grita apontando o prato.

A história é uma ilustração da velha verdade da coisa certa ocorrer na hora certa.

Assim, um homem acha um pentelho no prato de macarrão e denuncia o fato em altos brados. A vigilância sanitária fecha o restaurante e o dono acaba entrando em falência. A partir do pentelho a sua vida se arruína. Sem restaurante se vê na pobreza. A mulher o abandona, e pobre e sem emprego se vê obrigado a aceitar a posição modesta de porteiro de um bordel.

Um dia vê o sujeito que achou o pentelho entrar no bordel. Percebe que pegou uma loura falsificada e se dirigiu para um quarto. Curiosos, vai até o quarto e olha pelo buraco da fechadura.

Quase morre do coração, pois vê o sujeito fazendo sexo oral na falsa loura.

Indignado, mete o pé na porta e entra gritando:

- Seu fdp! Você fechou o meu restaurante porque achou um pentelho no macarrão e agora está aí com a boca na xoxota pentelhuda dessa piranha!

O homem reponde sem pestanejar:

- Mas se eu encontrar um macarrão aqui eu fecho esta porra!

Nessa altura o meu cunhado estava às gargalhadas, enquanto os seus pobres ouvintes não sabiam se riam dele ou da piada.

Eu estava rindo dele. Ah, as piadas velhas, sempre tem um charme especial!