O CENTRO ESPÍRITA DO MEU PAI...

Meu pai abriu um Centro Espírita de caridade.

Passou vinte e cinco anos da vida rezando os outros.

Certo dia, um sujeito, com cara de meio passado, chegou pra ele e disse:

- estou muito ruim dos olhos, não estou enxergando nada. Fui ao oculista, melhorei por uns dias, depois tudo voltou ao que era, estou quase cego. O senhor pode me ajudar? Senão nem na rua posso sair mais.

Meu pai, como sempre, disse que sim. Chamou-o para dentro, rezou, rezou, rezou...

Falou diretamente com Santa Luzia sobre o caso do novo devoto.

Na despedida, vendo-o num local da casa que estava com mais claridade, esperto que era, percebeu que os óculos que o sujeito usava nunca tinham sido lavados. De banha de porco a farinha, tudo tinha naquelas lentes.

Pediu a cangalha do camarada, entrou em casa, dirigiu-se ao banheiro e com muita água e sabão, limpou-os bem. Enxugou com flanela macia, voltou e entregou ao dono.

O sujeito colocou os óculos na cara, e, impressionado com o que voltara a ver, disse que meu pai era o maior curador que ele tivera notícias e que ele ia contar para todos os amigos e parentes.

Nunca mais deixou de visitar o Centro Espírita São Benedito. E, toda vez, da mesma forma, meu pai rezava os óculos com muita água e sabão. Santa Luzia entrou de férias para sempre, pelo menos para o caso do sujeito meio passado.

IVAN CORRÊA
Enviado por IVAN CORRÊA em 11/11/2009
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