O REDENTOR ESTÁ VOLTANDO

O REDENTOR ESTÁ VOLTANDO

PRIMEIRO ATO

(O cenário mostra uma panorâmica do Céu e a cena se passa num cruzamento de alamedas, onde se posta um anjo-sentinela, e, onde são evidentes setas de indicação de direção - Céu, Inferno, Purgatório).

(Música de fundo, os primeiros acordes de ... , que se interrompem bruscamente, quando entra em cena um anjo apressado que se dirige ao colega-sentinela).

CENA 1

- Onde está Deus?

- No céu, na terra, em toda parte.

- Não brinca cara. Isso é catecismo. Onde está o homem?

- Qual é irmão? Por que toda essa pressa?

- São Pedro precisa com urgência falar com ele.

- Foi por ali. Mas qual é a encrenca dessa vez?

- É que...

- Esse seu São Pedro é muito estressado. Deus me livre! Tudo é problema pra ele. E você fica por aí, igual pombo correio, correndo de um lugar para outro como um bobo.

- É cara, cada um na sua. Enquanto eu corro por aí, você tem de ficar aqui parado igual um besta vendo o céu passar.

- Olha, vamos falar sério. Você podia interceder junto ao seu patrão para vê se ele muda o meu horário. Estou igual controlador de tráfego aéreo no Brasil.

- Muita hora extra e pouco salário, não é irmão? Mas, também, a sua profissão e a deles realmente não têm a menor importância. Pura encenação.

- Como não tem importância. A minha pode ser, porque realmente fico aqui só vendo esse bando de ociosos andando pra lá e pra cá. Mas motorista e trocador de ônibus, guarda de trânsito, controlador de tráfego aéreo principalmente – todos têm muita importância. Deles depende o direito de ir e vir de toda a humanidade.

- Não é que você tem razão, cara. Você viu o último desastre aéreo da GOL e da TAM no Brasil. Etá Brasil – lá dá de tudo, né? Mas também o que é um desastrezinho de vez em quando? E avião é o meio mais seguro de transporte. O que dizer das seguras rodovias do país do Carnaval?

- Uma verdadeira lástima. Os desastres rodoviários constituem a primeira causa de morte do Planeta Terra. Olha essa palavra terra, toda vez que a ouço, chega a me dar arrepio na espinha. Como aquele povo pode ser tão inconseqüente, não é mesmo?

- E sem qualquer perspectiva de mudança.

- É. Aids, analfabetismo, pobreza, desproporção de rendas, guerras, epidemias...

- Chega. Pode parar por aí. Isso está parecendo discurso do pessoal da esquerda. A Terra ta cheia de irresponsáveis, corruptos, bandidos. Não tem mais mocinho, só bandido. E pior são aqueles que dizem querer o bem do povo – são os mais perversos. Mas o que São Pedro está querendo com o chefão?

- Não ficou sabendo da nova?

- Não.

- Jesus Cristo está querendo voltar à Terra.

- Não me diga!

- Quer.

- Parece que ele já esqueceu que da primeira vez foi crucificado. Mas de onde saiu essa idéia dele tão inoportuna?

- Bem, ele disse que já deu um tempo bastante necessário para os homens criarem juízo, e nada. Como ele prometeu voltar, acha que está na hora.

- E você irmão não acha que ele podia esperar mais um pouco?

- Claro. Mas ele não ouve ninguém. Você sabe, quando ele quer uma coisa, só Deus mesmo.

- E como está sua venerável mãe?

- Muito contrita, preocupada, inconsolável. Teve inúmeras horas de papo com ele e nada. Já apelou até para São João. Você conhece o poder de persuasão dele. No fundo ele é um intelectual de primeira, mas, antes de tudo, a sensatez em pessoa. Ele tentou tudo e mais alguma coisa. Nenhum argumento se mostrou razoável. Jesus Cristo só pensa no seu retorno.

- É, então o negócio ta feio.

- Põe feio nisso. Mas eu acho, que tudo começou quando um tal de Dom Helder Câmara chegou aqui.

- É, mas os critérios de entrada no Céu há muito já deviam ter sido reformulados, não é mesmo?

- Concordo plenamente. Ainda bem que todos aqueles comunistas, socialistas, e pensadores livres da pesada – Marx, Engels, Bertrand Russel, para citar somente três - que muito antes tentaram entrar foram barrados.

- Influência de seu chefe. São Pedro é linha dura.

- Duríssima. Se São João não tivesse intercedido eles todos em vez do Purgatório estariam nas profundezas do inferno.

- Se eles tivessem entrado aqui no Céu, isso já poderia ter ocorrido há muito.

- Isso o quê?

- Oh cara, essa vontade de Jesus Cristo querer voltar à Terra.

- Ah!

- Mas esse Dom Helder Câmara, com aquela carinha de inocente, com aquele coração puro, com aquela fé verdadeira, quem poderia interditar?

- Ninguém.

- E você sabe cara que eu gosto dele. Ele foi conquistando cada um de nós devargazinho. Com aquela mansidão, cortesia, simplicidade, foi arrebanhando para seu lado primeiro os indecisos, depois os conservadores, e, finalmente, chegou na turma da direita. E Jesus Cristo foi só uma questão de tempo.

- É. E dizem que ele acredita mesmo na natureza humana, né irmão?

- Coitado!

- Esses santos são todos uns tolos, não é mesmo? Acreditar em Deus, céu, inferno, purgatório ainda vai, mas acreditar nos homens é demais, não?

- Olha cara, o papo ta bom, mas preciso encontrar o Homem. Você conhece bem São Pedro – quer tudo no tempo e na hora. Fui.

- Olha, (arremessando uma pedra no anjo que se distancia), uma última coisa. Não esquece de mim, por favor. Vê se descola pra mim um horário de trabalho mais humanizado com seu chefe. Certo?

(O anjo, atingido nas costas, massageia o local, e assente com um gesto de cabeça e com uma cara de “o quê que eu vou fazer”).

CENA 2

(Deus e São Pedro andam por uma alameda toda arborizada, rica em flores de variegadas espécies, onde se vê ao fundo um bando de cordeiros pastando, e sentam em dois bancos diferentes. Deus permanece todo o tempo sem dirigir o olhar para seu Santo, olhando para o público de frente com ar nobre, sereno, magistral).

- E aí Pedro, qual o problema dessa vez?

- Olha Chefe, o senhor não vai ficar muito satisfeito não. Tentei de todas as maneiras resolvê-lo, como sempre, antes de trazer à sua consideração. Mas não foi possível.

- Você está preocupado com a obstinação de Meu Filho Amado em voltar à Terra.

- Isso mesmo Chefe. A gente teima em esquecer que o senhor sabe de tudo e deixa de ir direto ao assunto. Mas é isso mesmo.

- Pedro, você sabe que o responsável por isso tudo sou eu mesmo. Fui eu, através do consenso da trindade, que criei o plano de retorno do homem ao Pai. E, Meu Filho Amado, fez muito bem a parte que lhe coube. Foi, sofreu todas as agruras que você conhece, foi crucificado, mas deixou a mensagem de que o Homem pode e deve voltar à sua origem divina cumprindo os preceitos cristãos.

- Mas, o senhor não acha um pouco apressada essa vontade dele de voltar agora à Terra. Ele não devia dar um tempo maior, chefe?

- Devia. Concordo com você em parte. Mas, o menino ama demasiadamente os homens, Pedro. Esse é o problema. Seu coração é imenso. Sua vontade de servir é incomensurável. E sua paciência histórica, infelizmente, não é das maiores.

- Olha Chefe, eu sou um pouco pessimista em relação a esse retorno à Terra de seu filho, no momento. Acho mesmo que temos de aguardar uma ocasião mais propícia.

- Oh Pedro, você é e sempre foi, sobretudo, um grande administrador. Mas, como a maioria dos homens práticos, tem muito medo de não ter as coisas sob controle, e, muito maior medo ainda de deixá-las correrem com certa liberdade.

- Sem dúvida, chefe. Quando temos um plano definido, e, procuramos diligentemente controlar todas as possíveis variáveis já é difícil atingir a meta proposta, sob estrita supervisão e controle do curso das ações, quanto mais deixar o barco à deriva.

- Sim, essa visão sua eminentemente gerencial é racionalmente perfeita. Você sem dúvida seria um grande empreendedor de uma multinacional americana, e, como citou o Dom Helder Câmara, do Brasil, um perfeito funcionário de uma Usiminas, de uma Acesita, ou mesmo, de uma Cenibra.

- Chefe, eu acho que ele foi muito influenciado por esse comunis.... (cala-te boca) por esse socialista, ou melhor dizendo, por esse humanista, Dom Helder Câmara. Foi só ele chegar aqui no Céu e com seu jeitinho todo especial, conseguiu a todos conquistar e continuar sua proposta terrena, subvertendo cada um de nós à sua maneira de pensar.

- Pedro, o que é isso? Ninguém pode negar o valor pessoal dele. Um santo na expressão da palavra, só que um pouco afastado das idéias conservadoras do Vaticano. Viveu próximo ao povo, em meio à realidade deles, e seu coração imenso, sua bondade altruísta fez seus superiores entenderem que podiam estar, em Meu Nome, se afastando muito do povo. E estavam mesmo. Veja você esse negócio de missa em Latim, e com o padre ainda de costas para os fiéis. Isso não poderia dar certo por muito tempo mesmo. E eu sei que a verdadeira Igreja, que você mesmo fundou e de início dirigiu, muito mais do que ficar preocupada com rituais e com o velho terrorismo de querer condenar todo mundo ao fogo do inferno, deve responder à demanda das necessidades do povo, você não acha Pedro?

- Sem dúvida senhor.

- Eles estão lá na Terra, no momento, comemorando o nascimento de seu filho. Já se passaram 2006 anos, e, o Banco Mundial acaba de lembrar que, dos 6,1 bilhões de habitantes do planeta Terra, 1,2 bilhões vive abaixo da linha da miséria, com renda mensal equivalente, no máximo, a 30 dólares americanos, e 2,8 bilhões vivem abaixo da linha da pobreza, com renda mensal inferior a 60.

- Pura verdade Pedro.

- Chefe, se fizermos uma regra de três simples, senão vejamos: 1, 2 + 2,8 é igual a 4, se 6,1 bilhões de seres humanos correspondem a cem por cento da população da Terra, 4 bilhões correspondem a... Deixa eu ver aqui na minha calculadora.

- Não é preciso Pedro. É alarmante. 65,573770491803278688524590163934...

- Pera aí Chefe, calma, vamos simplificar. Ninguém tem uma mente tão privilegiada como a do senhor para guardar tanto número assim. Vamos ficar com 65,57%. Eu diria mesmo para simplificar 66%.

- Isso mesmo Pedro – 66% da população vive no Planeta Terra abaixo da linha de pobreza. Isso é lastimável sob todos os pontos de vista. E como fica o primeiro mandamento que pontifica a fraternidade e a solidariedade – Amar ao próximo como a si mesmo.

- Esse negócio de fraternidade ou de solidariedade já era Chefe, os homens entendem mesmo é de competitividade.

- Nem todos Pedro. Há muitos ainda lá que tecem laços fraternos entre a família humana, através do voluntariado, da responsabilidade social, das religiões, do serviço amoroso ao próximo.

- Mas 66% nesse estado lastimável de condições de vida é profundamente lamentável Chefe. Se os homens não conseguem seguir nem o primeiro dos dez mandamentos, o que podemos esperar do respeito aos outros nove. Por isso, vejo que a primeira ida de seu filho à Terra, ainda não foi muito bem compreendida. Para dizer a verdade, foi mesmo um tremendo fracasso. E ele já quer voltar de novo, para quê?

- Mas Pedro...

- Olha aí Chefe, foi falar nele e ele está chegando. Vou deixar os senhores dois a sós. Isso é uma conversa para gente grande. Conheço o meu lugar. Se precisar é só me chamar.

CENA 3

(O palco totalmente vazio. No centro uma mesa triangular. Deus sentado vis-à-vis com seu Filho e a terceira cadeira com alguma referência do Espírito Santo)

- Meu filho amado, nossa conversa é naturalmente amigável. Quero participar de sua angústia quanto ao seu atual desejo de retornar à Terra.

- Pois é Pai amado, dois mil e seis anos se passaram e nossa promessa de retorno à Terra, a meu ver, urge em ser concretizada.

- Você realmente acha que é o momento oportuno?

- Naturalmente pai, apesar da maioria absoluta dos seres humanos viver sem à mínima preocupação quanto ao Juízo Final, uma parcela significativa merece uma nossa atitude mais efetiva.

- Mas eles precisam de mais tempo. O Universo só foi criado há 15 bilhões de anos, e nós criamos o Homem há cerca de 3 ou 4 milhões de anos. E você sabe como é difícil e árdua a evolução humana.

- E o senhor sabe que a luta pela sobrevivência humana levou a Humanidade para um ponto crítico. Cada homem parece estar irremediavelmente só, sem esperança, desconsolado, perdido, entediado, desistente, amargo, cheio de desesperança, de injustiças, de dominações, de usurpações, de incompreensões, de lutas insanas, de descomedimentos, que beiram o desvario e a insanidade, e o que é pior, sem um sentido coletivo de espécie humana.

- E, apesar de tudo, é preciso que o próprio homem e que nós também possamos continuar acreditando no Homem e nas suas potencialidades.

- Sim, Meu Amado Pai, e é por isso que quero retornar o mais breve possível à Terra. O que temos de melhor e o Homem também é a nossa compaixão. E a nossa compaixão é essa capacidade de nos afetar com um sofrimento que não é somente nosso, nem do nosso único interesse, e responder como se fosse nosso e com tamanha força que nos impele prontamente e vigorosamente à ação de ajuda, de orientação, de amparo.

- Sem dúvida.

- Quero ajudar efetivamente o Homem para que sua aventura humana deixe de ser somente uma dolorosa peregrinação.

- E por sinal imposta por nós, e...

- Pelo desequilíbrio e afastamento do Homem de sua natureza divina, e que sua trajetória possa ser um empreendimento pensante e reflexivo, com a percepção que ela envolve a todos humanos e a nós próprios, seu Deus.

- Claro, nossa recomendação de “amai-vos uns aos outros” não pode ser somente uma simples mensagem religiosa, mais a única saída para aliviar o seu sofrimento humano e o nosso.

- Meu retorno agora à Terra se justifica até para que possamos levar uma boa nova de reformulação de nosso Plano. Nosso amor infinito pressupõe o estabelecimento, quem sabe, de novas estratégias.

- Entendo.

- Vejo mesmo que nossa proposta de deixar em aberto a data de minha volta criou um clima um tanto radical, pesado, inflexível, o que não se coaduna muito bem com nossa magnanimidade.

- Todos sabemos o quanto o Homem gosta de deixar para a última hora suas tarefas mais fundamentais.

- Tanto as de César quanto as nossas.

- Isso mesmo.

- Por exemplo - a sua declaração de imposto de rendas, as suas compras de Natal, a sua visita ao médico para um check-up anual, e tantas outras.

- É você conhece como ninguém a natureza humana.

- Conheço bem a natureza humana, Meu Amado Pai, aliás, a incorporei durante trinta e três anos, e sei de sua falibilidade, de sua fragilidade, de sua pequenez.

- E como sabe!

- E é a partir de minha condição humana, que, lhe peço perdão, se cometo alguma heresia, ao me colocar a ver as coisas também pela perspectiva do Homem.

- Fique à vontade.

- O Homem precisa de uma nova visão de sua realidade, uma mudança fundamental em seus pensamentos, percepções, valores.

- Um novo paradigma.

- Sim. A gravidade e a extensão global de sua crise atual indicam que essa mudança é suscetível de resultar numa transformação de dimensões sem precedentes.

- Sim realmente assistimos um momento decisivo para a Terra como um todo.

- Pode estar iminente a destruição completa do planeta, do homem, e da civilização humana.

- Sim, e a sobrevivência de toda a civilização humana pode depender do Homem ser ou não capaz de realizar tal mudança.

- O quê o senhor me sugere, Meu Amado Pai?

- Olha Meu Amado Filho, temos a nossa percepção e a nossa convicção, mas, precisamos saber e sentir mais sobre a realidade mesma deles.

- Precisamos.

- Para tal, concordo e incentivo seu retorno à Terra, mas, quero, antes de tudo, lhe propor uma mesa redonda, aqui mesmo no Céu, com os nossos colaboradores mais efetivos daqui mesmo, e, com a participação de representantes do Homem, em transito ainda por lá e com aqueles que já estão aqui conosco.

- Acho uma excelente idéia Meu Amado Pai. Isso nos tornará mais atualizados com o contexto humano contemporâneo e servirá de ajuda efetiva e promissora para todos juntos traçarmos objetivos, estratégias, planos de ação, para minorar o sofrimento humano.

- Portanto... (Deus e Jesus Cristo saem abraçados conversando, certamente tratando dos preparativos da mesa redonda).

SEGUNDO ATO

(O cenário parece um estúdio de televisão, no centro uma mesa redonda, um ou dois cinegrafistas movidos de suas câmaras, um telão no fundo, um local de um mestre de cerimônia com um microfone de pedestal, um controlador de frente para um laptop, de onde controla o áudio, videotape, videoconferência entre os elementos da mesa redonda e personagens da Terra).

CENA 1

(O mestre de cerimônia abre a Mesa Redonda enaltecendo a sua importância para o destino do Homem e do Planeta Terra e elogiando a atitude do Plano Superior de em momento tão oportuno abrir essa possibilidade de diálogo tão necessário com o Homem e sua Humanidade e com todo o Universo, posto que o evento está sendo transmitido em via Universal on line. Passa depois a coordenação do evento para São João, que sentado à esquerda de Deus, dirige todo o transcurso do mesmo).

- Cidadãos do Universo, tenho a imerecida honra de ser aquele que abre em Rede Universal esta Mesa Redonda que objetiva levantar dados sob a atual realidade do Homem e do Planeta Terra. Através de um diálogo que se pretende conjunto, adulto, participado, e de uma quantidade e qualidade de informações, de posições, e de interesses, os mais diferentes possíveis, espero que possa se chegar a um diagnóstico mais atualizado e mais próximo da verdade humana e divina, e que metas conjuntas sejam delineadas e efetivadas. Metas essas que atendam indiferentemente a todas ou a maioria significativa das demandas de seus participantes, com a consecução de resultados mais proporcionais, equânimes e justos.

Devo ressaltar que essa Mesa Redonda nasceu sugerida por Deus para levantar subsídios para Seu Filho Amado, Jesus Cristo, no seu afã de retornar ao Planeta Terra.

Quero enaltecer a importância deste evento para o destino do Homem e do Planeta Terra e elogiar a atitude do Plano Superior que em momento tão oportuno abre essa possibilidade de diálogo tão necessário com o Homem e com todo o Universo, posto que o evento está sendo transmitido por Via Universal.

Certo do interesse cósmico que essa Mesa Redonda desperta, e da certeza do engajamento praticamente absoluto monitorizado que estamos alcançando confirmado pelo nosso sensor em tempo real de audiência, passo a coordenação dos trabalhos para São João, figura que dispensa apresentação e que certamente a mais indicada para ser o condutor e canalizador da mesma.

(São João levanta-se da Mesa Redonda e vai até o púlpito proferir sua fala).

- Meus amados irmãos da Terra e de todo o Universo

Pai, Filho, Espírito Santo

Minha angélica Maria, mãe terrena de nosso Redentor

Eminentes membros outros dessa Mesa Redonda

Coube a mim, por escolha, desígnio e determinação de Meu Amado Pai a tarefa de introduzir e coordenar essa providencial Mesa Redonda.

De início, me pergunto, se devo falar, acima de tudo, aos vossos sentimentos, usando uma linguagem simples, apropriada a aqueles que são como as crianças puras de coração, e que, portanto, não têm medo de sonhar, de crer, e de chorar; ou, se devo falar às vossas razões, à ciência sem fé, aos vossos intelectos procurando superá-los com suas próprias armas; ou, finalmente, se devo falar as vossas demandas as mais básicas e necessárias possíveis, ou seja, falar sobre aquilo que realmente responda à sobrevivência e à manutenção de vossas vidas materiais.

Certamente tenho de lhes falar a partir de cada uma e de todas essas perspectivas, se possível, harmoniosa e sinceramente.

O ser humano foi criado, por Deus, já pronto na sua essência espiritual, nas suas potencialidades, na sua fisiologia, na sua estrutura, ou, por evolução das espécies como querem alguns, não importa.

O fato é que através de seu encéfalo humano, distinção de sua espécie, se permitiu se desenvolver desde o homem das cavernas, e o fez, cada vez mais, procurando saber e poder, e assim sobreviveu, suplantou as adversidades necessárias, assumiu uma posição dominante em relação à sua própria natureza, ao meio, e aos outros seres vivos.

O mito cristão da perda do paraíso terrestre pelo homem afirma que o mesmo, movido pela curiosidade, escolheu desobedecer a Deus, ao comer o fruto da árvore do conhecimento, e assim iniciou sua trajetória irreversível na busca de si próprio, do outro, do mundo.

Desenvolveu a fala, a linguagem, criou meios de sobrevivência, cultura, civilização, sempre impulsionado pelo jogo natural entre seu pensar, seu sentir, seu agir, no terreno individual, familiar, social, planetário.

Construiu uma História, onde a vida humana pode ser comparada a um jogo, em que se disputam vantagens de todo tipo: afeto, proteção, brinquedos; comida, pessoas, instrumentos; terras, recursos, riquezas; cosmovisões, ideologias, vida eterna.

Seu pensamento, seu sentimento, e seu agir progrediram. E em cada século, em cada povo, seguiu um conceito, conforme um desenvolvimento que foi traçado segundo leis que lhe foram impostas.

Mas estou certo que toda idéia nova, em qualquer campo do saber e do poder, sempre lhe chegou do Alto e geralmente foi recebida pela intuição do gênio, do artista, do homem do povo.

Assim sempre por inspiração superior

.... (em processo de conclusão).

- Veja Pai, a precariedade da condição humana. A sua posição intermediária de animal e além do homem, como muito bem, reconheceu, por exemplo Nietzsche, em Assim Falava Zaratustra.

CARLOS VIEIRA
Enviado por CARLOS VIEIRA em 20/11/2009
Código do texto: T1933466
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