O importante Dogô Santana

Dogô Santana é um jovem já velho, de setenta e três anos, que não aguenta mais andar. Na semana passada, venceu a maratona de São Cocada, e ganhou como prêmio um carro zero quilômetros: apenas dois metros e cinquenta centímetros. Hoje ele fez suas malas para viajar, já que irá pra São Leopoldino no mês que vem. Ele mora em São Miguel Antônio Prado, e está muito feliz com as péssimas condições de vida em que se encontra. Tem quarenta e dois filhos espalhados pelo mundo, e ainda mais duas prostitutas irão engravidar dele semana que vem. Tem muitos planos de vida, já que perdeu a esperançafaz muito tempo. Mas uma coisa terrível acabou de acontecer neste exato momento: Seufilho mais velho, de setenta e dois anos, morreu de gripe já faz um bom tempo, e desde aquele dia Dogô não é mais feliz. Sua atual esposa, Dona Tere Zatara Dado Pinto, está em estado vegetativo e só meche os olhos. Ela está escrevendo um livro atualmente sobre

como ela faz para jogar Play Station. Ela conta que seus braços dóem muito, mas ela tenta ser forte ao máximo. Veja um trecho do livro.

" Meus braços dóem muito, mas eu tento ser forte ao máximo".

O livro está em primeiro lugar em todas as livrarias do mundo, foram vendidos mais de três milhões de exemplares. Este livro, de sete páginas, sendo que três não existem, é um livro de quatro páginas, sendo também que duas páginas estão em branco e uma não tem nada escrito. Isso é um exemplo de vida jamais visto em todo o universo. Dogô Santana tem orgulho de ser casado com Dona Tere, e tem planos de engravidá-la. Outra coisa terrível acaba de acontecer neste exato momento: O mais novo filho mais velho de Dogô está se suicidando. Veja a matéria que saiu na revista "Veja isto, é super interessante"

"Jovem está se suicidando neste exato momento. Isso é triste pra caramba"

Desde que nasceu Dogô vive dizendo que não quer trabalhar. Mas na verdade veja o que acabou de acontecer neste exato momento: O filho caçula de Dogô, que é poeta, acabou de matar o irmão mais velho. Veja seu relato.

"Se ele não tivesse nascido, nada disso teria acontecido. Oh, Romeu! Nasceu, morreu!"

Dogô só teve um irmão, Bigal Santana, que não era dentista, mas também não jogava basquete. Bigal foi um jovem que não costumava fazer nada, apenas tomou uma decisão quando nasceu: "Vou só esperar minha morte". E foi o que aconteceu. Morreu duas horas depois de tomar esta decisão. A mãe de Dogô foi junto, e depois daquele dia ele nunca mais foi feliz. Dogô sempre quis ser prefeito de São Miguel Antônio Prado, mas nunca conseguiu. Quando ele se tornou prefeito fez muito pelo povo: Construiu dois túneis, duas favelas, um chafariz, duas piscinas na praça, quatro estátuas, um banquinhopara o povo sentar, nove árvores, três postes e mais quatro banquinhos. Além de um avião, três bicicletas, uma calçada e uma cidade, tudo isso em menos de sete minutos. Assim Dogô ficou reconhecido internacionalmente e nacionalmente, além de ser reconhecido no seu próprio país e também fora dele. Mas uma coisa terrível e ao mesmo

tempo ruim acabou de acontecer neste exato momento. O filho mais velho de Dogô, que tomou o lugar de Romeu foi assassinado em plena praça pública. Uma testemunha viu o que aconteceu.

"Ele viu ela, aí ela viu ele, aí ele bateu nela com uma preda, aí ela cuspiu nele, aí ele jogou

terra no zói dela, foi quando ela morreu. Aí ele espirrou e morreu. Aí ele caiu em cima

dela, aí chegou dois pulícia, aí eu vi tudo"

Hoje Dogô comprou dois pacotes de cocaína achando que era farinha. Colocou no feijão e comeu o arroz. Mas incrivelmente ele sentiu uma vontade incontrolável de cheirar o feijão. Agora Dogô está viciado em feijão e não sabe porque. Um dos traficantes deu o seu relato.

"O maluco veio e comprou o pó. Ele até perguntou se era de mandioca boa. Aí eu disse que era de Mandioca mermo. Mas ele veio com umas viaje perguntando se Mandioca era boa. Ó que viaje: Comé que um homem pode ser boa? Ele deve ter achado que Mandioca é uma mulé".

Dogô Santana morreu já faz dois meses, a desde aquele dia ele não é mais feliz.

Benilo Berzerk
Enviado por Benilo Berzerk em 06/08/2006
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