ASSALTO AO JEEP PAGADOR

Os trecheiros, como eram conhecidos, trabalhadores temporários, homens munidos de picaretas e carrinhos de mão, (serviços, na atualidade, executados por máquinas pesadas) trabalhavam na construção de estradas fazendo cortes e aterros. Era o ano de 1956, (d.C.) nas minhas andanças para Goiás, (hoje Tocantins) tocando tropas na companhia do meu pai, donde vínhamos carregados de sal, comprado no vapor e nas barcas na cidade de Barreiras-BA, (Devido o assoreamento, o Rio Grande, hoje, é trafegado apenas por canoas) e voltávamos abastecidos de carne seca e couros donde eram entregues como moeda na troca de mercadorias. Apesar da minha pouca idade, ainda me lembra muito bem de ver centenas ou milhares de homens (trecheiros) trabalhando na construção da rodovia BR-242, batizada de “Estrada do Sal”, donde o Km “0” era na bifurcação da BR-116 em São Roque do Paraguaçu, município de Maragogipe no leste da Bahia, adentrando pelo próspero oeste baiano com destino a Sorriso/MT com extensão de 2.311,7 km. Devido à má administração, corrupção e falta de engenharia, somente na “Serra Geral”, limite dos dois Estados, (TOBA, digo,TO/BA e antes da divisão de Goiás/Tocantins, BAGO, digo, BA/GO) foram trabalhados 12 anos interruptos. O que faziam no período seco desmoronava na época das chuvas.

O dinheiro para pagamentos de trabalhadores e fornecedores vinha de Niterói, Distrito Federal, em sacos de estopa e transportado em Jeep, isso, de seis em seis meses e às vezes levava até ano o que deixavam os trecheiros impedidos de suas cachaçadas e arruaças, diminuindo também, o número de óbitos, trexeiros estraçalhados na peixeira.

O último Jeep de dinheiro que se teve notícia, foi estacionado debaixo de um galpão coberto de palha de piaçaba e buriti e durante a noite, não se sabe como, pegou fogo no barracão e queimou tudo que estava debaixo, inclusive o Jeep. Isso sem contar tantas outras “jipadas” que antecederam esta, que tiveram destinos “trágicos”, como capotagem em despenhadeiros, tombamento dentro de rios e assaltos nas estradas, com direito a ausência de testemunhas e câmeras.

O que se sabe é que a BR-242, (inclusive alguns trechos chegaram a constar nos mapas rodoviários antigos como concluídos e asfaltados) foi abortada nos anos 50 nas imediações de Luis Eduardo Magalhães-BA e nunca mais foi recomeçada, (a não serem algumas promessas em tempos de eleições) talvez pela falta de dinheiro para aquisição de Jeep.

Duvida-se que alguém dê notícias de um TOBA que tenha levado tantas dedadas presidenciais como este, que embora, com uma pequena aliviada no governo Lula, devido um dedo ITUano a menos, mas compensadas pelas pancadas e chutes no BAGO.

Edilson Oliveira de Souza

Taguatinga-TO

Edilson Oliveira
Enviado por Edilson Oliveira em 24/03/2010
Reeditado em 26/03/2010
Código do texto: T2156778