PESADELO

PESADELO

Estava impaciente; não era seu estado normal. Pudera o cartório, as dívidas, a fatal falta de dinheiro, o crédito, ah! Que saudade. Não se continha em seu interior.Abriu a gaveta da cômoda e pegou um pedaço de papel. não se preocupou com a cor, tamanho, essas coisas.Pegou a caneta de cima da penteadeira e com as mãos trêmulas, escreveu curto e grosso. Colocou a papeleta sob o vaso sem flores.Abriu agora a última gaveta da cômoda e retirou de debaixo de algumas roupas,uma arma de fogo.Era um “vinte e dois” de segunda mão.Havia ganhado na rifa,aquela arma.Por via das dúvidas,na época, resolveu comprar munição.No tambor, três balas das quais ele retirou duas.Não queria confundir ninguém e muito menos incriminar alguém, quando o encontrassem.Além do que apenas uma seria o suficiente.O coração palpitava que se percebia na veia à altura do pescoço.As mãos continuavam trêmulas e o suor gelado brotava da testa.Sem necessidade alguma ou para dar tempo para que a coragem chegasse, enxugou cada lado da testa com as mangas da camisa,correspondentes.Levantou a arma até a altura da têmpora e encostou o cano.Colocou o dedo no gatilho.Fechou os olhos e respirou fundo por duas vezes.Na última manteve os pulmões inflados com oxigênio.Pensou em tudo ou pensou em nada e...bam!

O estampido ecoou tão alto que o acordou.

E não conseguiu mais dormir o resto da noite.

Murdon Tailot