O Menino do Passarinho

     Um cidadão certo dia mandou seu filho à casa do padre levar uma encomenda. A primeira coisa que o menino viu, na casa do padre, foi um passarinho curió preso na gaiola.
     Logo de imediato, o garoto pediu ao padre o passarinho. O padre alegou que tinha ganho de presente e que, portanto, não queria se desfazer do pássaro. Assim mesmo o menino insistiu para que o curió lhe fosse dado de presente e o padre negou novamente.
     Dias após, o menino voltou à casa do padre e ofereceu uma determinada quantia pelo passarinho. O padre novamente negou e o menino muito teimoso não desistia da tentativa de adquirir de qualquer maneira o passarinho.
     Aos domingos, na hora da missa, quando surgia uma oportunidade, o menino acenava para o padre, lembrando da proposta.
     Na rua acontecia a mesma coisa:
     - Como é seu padre? E o passarinho?
     O padre se viu maluco com a insistência do garoto e mandou entregar-lhe o passarinho finalmente.
     E o tempo passou.
     Certo dia, uma mocinha da cidade procurou o vigário, dizendo que ela estava noiva, em vésperas de casar e o noivo passou a insistir que ele só casaria se ela fizesse assim, assim, assim ...
     O padre aconselhou que procurasse a mãe e lhe contasse a história, para que ela tomasse as providências junto aos pais do noivo.
     Assim foi feito e o noivo continuou na sua insistência e que só casaria se a noiva fizesse assim, assim, assim ...
     A moça desesperada, pois estava nos últimos dias do casamento, não suportava mais a pressão do noivo.
     O padre também preocupado com o caso, perguntou à moça quem era o rapaz.
     Então a moça explicou que era o Zezinho, filho de fulano e beltrano de tal.
     O padre lembrou-se então, que o noivo era o menino do passarinho.
     Então virou-se para a noiva, balançou a cabeça e disse:
     - Eu sei quem é o rapaz, minha filha, e só há um remédio:
     - Dá!
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(Extraído do arquivo de Jader Moreno Ullmann)
Publicado na Revista Olho Nu, Ano II, N. 5, FEV/1982, Magé (RJ)