O MIJÃO NA CAMA E O PAI DE SANTO
Essa eu ouvi numa roda de potoqueiros:
O sujeito toda noite urinava na cama. A mulher estava irritada com aquilo, era um tal de colocar o colchão no sol e trocar roupas de cama todo dia...
Mandou-o procurar um médico. Ele foi, médico do Sus, mal ouviu as reclamações do coitado. Receitou alguns comprimidos, dizendo que ele tinha incontinência urinária, o que ele já sabia. Nem sequer pediu qualquer tipo de exame. Ele tomou os comprimidos e nada adiantou, toda noite era aquela amolação, a mulher já ameaçava abandoná-lo. Ele resolveu consultar o Nego Véio um pai de santo. Nego Véio o recebeu com seu indefectível bafo de marafo, dizendo:
-Saravá, zifio, que que afrege suncê?
O mijão disse:
-Nego Véio eu tou com um problema, mijo na cama toda noite, eu vou contar para o senhor o que eu não contei para o médico e nem para minha mulher, porque eles achariam que estou doido...
-Pode falá zifio, nego véio é de cunfiança, num ispaia não...
-Negócio é o seguinte: toda noite eu sonho que estou em um prado verde e aparece uma mulher vestida de branco e pega pela mão, me leva atrás de uma moita e fala: -Mija! aí eu solto a garapa em cima da cama...minha mulher nem quer mais dormir comigo...
O pai de santo fechou os olhos, se concentrou, bebeu um gole de marafo, estalou a língua e disse:
-Eta marafinho bão! Precupa não zifio, nego veio vai arresorvê seu pobrema, essa noite hora que suncê durmi, e a assombração chegá e te mandá mijá, suncê rejeste! toda veis que ela mandá suncê mijá, suncê fala Nâo! fala não treis veis e caba a ziguizira...
O sujeito foi para casa e foi dormir pensando na recomendação do pai de santo. Lá pelas tantas em seu sonho apareceu a mulher vestida de branco, e cumpriu o ritual, levou por detrás da moita e disse:
-Mija! ele respondeu:
-Não!
-Mija!
-Não!
-Mija!
-Não!
E como num passe de mágica a visão desvaneceu. De manhã, ele acordou sequinho. Satisfeito, comprou uma garrafa de marafo e levou de presente para o pai de santo, que recomendou:
-Durante sete noites a assombração vai te atentá, passô as sete noite, ela disarcorçoa e vai te dexá im pais, é só suncê falá não todas as veis que ela te pricurá.
Na noite seguinte, durante o sonho, a assombração apareceu, levou-o por trás da moita e mandou-o mijar:
-Mija!
-Não!
-Mija!
-Não!
-Então Caga!
E Prooooooof!
Ele borrou na cama toda...
***