GARRAFA DE CERVEJA DÁ 12 COPOS

Uns amigos meus foram pescar no Pantanal do Mato Grosso. Nem sempre dá tudo certinho. Uma vez a chalana alugada estragou e eles ficaram ancorados, dois dias e duas noites esperando o conserto. Choveu, ventou e fazia um frio inesperado. Eles bebiam muito, comiam, reclamavam, tremiam, faziam piadas e alguns jogavam cartas por falta de opção. Nem como descer da embarcação eles tinham.

O tempo melhorou e resolvido o problema da chalana eles continuaram até o destino. Alguns já queriam voltar para casa, mas continuaram por companheirismo.

O tempo esquentou, eles não pescaram nada, as bebidas no fim. De repente um olha para as pernas do outro e começa a achar as pernas dele boas... Aí chegou a hora de voltar. Quando desembarcaram da chalana tomaram o ônibus que por várias vezes ficava preso na areia e eles tinham que empurrar.

Duas horas da tarde, sol quente e temperatura beirando a quarenta graus. No ônibus nem uma cervejinha, nem uma dose de rum, nem uma gota de pinga, nada de álcool para quem gosta tanto. De repente uma “birosca”! Esses botecos pequeninos onde só o dono fica do lado de dentro e os fregueses expostos ao tempo do lado de fora. Alguém gritou:

- Uma birosca! Deve ter algo para beber!

Parou o ônibus, um mais apressado desceu e foi verificar. O dono do “estabelecimento” estava com os cotovelos apoiados na tábua que servia de balcão, molhado de suor, pois as telhas de amianto da baixa cobertura estavam pegando fogo. O visitante cumprimentou o proprietário já olhado uma prateleirinha que continha umas quinze garrafas de cerveja, quase encostadas nas telhas quentes. Ele vira para o ônibus e Diz:

- Gente, tem cerveja, tá quente, mas tem!

Foi uma correria. Ainda dentro do ônibus alguns já gritavam para abrir uma para eles. O dono da birosca olhava meio assustado e esperava uns três compradores pegarem os copos para depois abrir a garrafa. E era só espuma voando. Um gritou:

- Olha! Esta aqui deu DOZE COPOS!

- Puta que pariu, isso é purgante, reserva uma garrafa que vou levar para a sogra... Disse outro.

Beberam todas as cervejas do boteco e um disse:

Vamos embora? A cerveja acabou mesmo!

O dono olhando para os sedentos fregueses, falou pela primeira vez:

- Acabou as quentes. Ali no rancho eu tenho uma geladeira que funciona com querosene e tem cerveja até pedrano de tão gelada. E saiu correndo e volta em seguida com umas garrafas brancas de tão geladas. Foi um alvoroço, todo mundo bebendo aquela delícia e foi até acabar com o estoque. Aí alguém perguntou:

- Por que você não disse logo que tinha cerveja gelada?

Ele responde:

- Ora sô! Ninguém pirguntô! Pensei que oceis fosse sistemático e não quero disagradá ninguém não!!!...

Divinópolis, 08-07-2010.