P A T A V I N A

Taí uma coisa que eu adorava quando criança ( e ainda gosto), O

NADA. Se bem que às vezes era ruim está ao lado dele, por ex.: quando não tinha NADA pra merendar. Em compensação era uma alegria geral quando não tinha NADA de dever de casa.

A gente sonhava e sonhava e o NADA nunca poderia está neste momento nos nossos sonhos. Tudo era possível, só não se podia sonhar com NADA, se não a gente era tido como problema, e aí era padre, psicólogo e até uma rezadeira. Diziam eles que os sonhos tinham que ter algo como: cor, lugar, mato, gente, chocolate, sorvete ou outras coisas mais.

Era uma maravilha ser excluído de muitas coisas de adulto porque ainda era criança. Em casa, NADA pra se fazer, ficar lá era coisa de mulher. Eu saía para os campos de futebol, sem NADA na cabeça, nem piolho eu tinha. As pessoas muitas vezes me falavam que eu não era de NADA. Quem sabe, talvez, fosse um sinal que eu iria me dar bem no mar, já que peixe NADA. Eu nunca pensei em ser nadador e hoje eu levo esta dor ( saudades ), dos tempos em que eu não era obrigado a fazer NADA.

Hoje, eu não entendo NADA, principalmente a matemática com seus nove fora NADA. Da escola só lembro que, foi Sócrates quem disse: "só sei que NADA sei “. Atualmente a minha vida é aquilo mesmo: não muda NADA. “Há quem diga que não sei de NADA, que eu não sou de NADA e não peço desculpas, que eu não tenho culpa, mas que dei bobeira e que Durango Kid quase me pegou...” Meus filhos ( Flávia e Flávio) às vezes escutam as minhas respostas como se estivessem dizendo-me: * Num tô cumendo NADA disso, pai.

Eu faço tudo pra não fazer NADA. Só que sem dinheiro, isso não adianta em NADA. Então, vou aqui e ali, me viro ao meu modo (honestamente ). No momento, o mais importante é não deixar a barriga sem NADA, se não ela reclama, me balança e eu fico com uma vertigem danada.

Fiz algumas tentativas de emprego e até agora NADA. Meu pai é um destes que diz que eu não quero NADA e que eu deveria estar vendendo umas empanadas por aí. Abro a geladeira e só tem um resto de limonada. O almoço vocês já sabem: é macarronada . Gosto muito do Raul, em Gitã, quando ele diz: “ Eu sou o tudo e o NADA ”. Eu não entendi aí, o tudo. Deixa pra lá, não deve ser NADA.

Vivo em uma Sociedade em que ninguém faz NADA por NADA, tem sempre uma segunda intenção. Entendam melhor então: “eu fico com a pureza das respostas das crianças, é a vida...” porque eu fico por aqui. E viva a meninada que vive sem ter preocupação com NADA.

menino caldas
Enviado por menino caldas em 02/08/2010
Reeditado em 24/07/2012
Código do texto: T2414252
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