ZÉ DE TEREZA LAVADEIRA - Matéria d'O Jornal de Hoje-NATAL-RN-Ed. de 28.AGO.2010

Era um figuraço! Zé, filho de Tereza, lavadeira de Dona Mirinha, minha sogra; morava na Rua Ocidental de Baixo, no Paço da Pátria, aqui mesmo em Natal. O menino, não sei se ainda vive batendo perna por esse mundão de meu Deus. Se ainda estiver vivo, deve ter ao redor de 45 prá 50 carnavais nos costados; e muita safadeza e fulêragem prá contar aos seus filhos e netos... Quando menino, era ruim (no bom sentido da palavra) que só a palavra “têje prêso”!... Abrindo espaço em minha narrativa, não sei se querido leitor (a) concorda com minha afirmação, segundo a qual; “ o peido é o supra-sumo da irreverência e da munganga”. E o peste acontece nos locais mais inusitados. Já as ocasiões, são verdadeiras preciosidades prá um “indivído qui nem eu”, que nem prendo, nem nego; e jamais dispenso uma “gaitada” daquelas bem escandalosas e mal educadas; e por isso mesmo, maravilhosas, quando o peido acontece. A gargalhada vem lá de dentro da gente; “do duodeno prá dento, umas trêis légua”... Não quer saber o local e muito menos o que está se passando alí ao redor. E aí; vem o “efeito dominó”; os falsos puritanos, metidos a bem educados e bem comportados; não se agüentam; e mostram o seu lado “amundiçado e espontâneo”, aderindo à risadagem do momento. Tem cabra que chora, tem muié qui se mija; enfim tudo pode acontecer quando a bufa (que é o peido covarde, silencioso e fedorento) acontece... Todo esse leriado, é para explicar a munganga em que o danado do Zé de Tereza Lavadeira, se meteu. Zé, vendia puxa puxa. Todo dia, depois do almoço, enchia uma placa, dessas de assar bolo, com puxa puxa; e munido de seu inseparável garfo e umas duas folhas de “papé de budega”, saía para vender seu produto e ajudar sua mãe, Tereza Lavadeira, nas despesas da casa, vizinha ao Pé do Mocó, que era o Bar do saudoso Nazareno, na beira da linha do trem. Pois bem! Num final de tarde, Zé vinha passando de volta para casa, na frente da Catedral Velha, quando avistou uma grande quantidade de pessoas, todas vestidas elegantemente, entrando na igreja. Estava acontecendo um casamento onde se encontrava a nata da sociedade natalense da época. E êle, sem a menor cerimônia, acercou-se de uma da das portas laterais da igreja, naquele beco entre a igreja e o Instituto Histórico e Geográfico do RN, entrou e postou-se, como se fosse convidado, entre o banco da frente e o altar, diante dos padrinhos e madrinhas do casamento. Ora, na época, não havia os cerimoniais que hoje existem, e os responsáveis pela cerimônia, nada puderam fazer a para tirar dali aquele menino sujo, de bermudas, sandália japonesa e seu inseparável tabuleiro de puxa puxa a tiracolo... É sabido que alí, todos estavam na Casa de Deus; como também é sabido que Deus jamais exigiu roupa de luxo para quem fosse à sua casa. Muito menos, que Êle expulsasse quem quer que fôsse até Êle. Mas, por arte de algum “ispríto zombetêro”, alguém se descuidou e “abrindo dais prega; liberô uma bufa, daquela qui intala e qui nem cachorro agüenta”... Alguns autênticos (da minha qualidade), riram livremente, mas os falsos puritanos ficaram se segurando, ou tentando se segurar. Foi quando a catinga da “bufa”, penetrou sem aviso prévio, no nariz de Zé de Tereza... Êle quis “tumá fôrgo”, mais num pôde... Aí, invento de sortá o garfo e tapá o nariz; aí o garfo caiu no chão, fazendo uma grande zoada. E Zé de Tereza,monologou, sem se importar em absoluto, com o volume de sua fala:

- Ora porra ?! Chega meu gáifo caiu!...

Resultado! Até os falsos puritanos acompanharam a risadagem; enquanto Padre Moreira, Vigaário daParóquiade N. Sra. da Apresentação, tentava a todo custo, manter a seriedade que o momento requeria...

Bob Motta
Enviado por Bob Motta em 28/08/2010
Código do texto: T2464943
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