A caminhada

Então aquele casal de velhinhos aposentados resolveu mudar o itinerário em sua caminhada semanal.

– Hoje vamos caminhar no calçadão do cais, minha velha. Lá ao menos não temos que pular degraus e rampas. – convidou, o velhinho. E foram

– Sabe de uma coisa? Você não acha que um parque municipal está fazendo muita falta nesta cidade? Principalmente para as pessoas velhas que nem você?

– Idosa quem? Eu? Idoso é você, que nem mais...Onde já se viu!

– Tá certo, minha velha. Eu estava só brincando. Olha lá como está o Guanabara. Virou mato. Mas que cheiro é este? Parece cocô.

– De gente, meu velho. De gente. Que falta de vergonha. Mas o Parque Guanabara não saiu por causa de política entre os dois grupos. Te lembra da briga entre Tonhão e o Doutor? Ui. Parece que eu pisei numa coisa grudenta.

– Deixa ver. Eu te disse para ter cuidado com estes montinhos. Outra vez vê onde pisa, mulher. Mas agora eles estão falando em fazer um novo parque na baixada do Nery.

– É sempre assim. Prefeito que entra nunca termina obra de prefeito que saiu. Olha lá o Guanabara. Em vez de mato podíamos ter ali em belo parque. Não é mesmo. Mas que cheiro horrível é esse! Parece de bicho morto.

– E é. Olha lá um cachorro apodrecendo à beira dágua, no meio do lixo. Vamos tapar o nariz para não vomitar. Falta de educação!

– Nunca mais me convide para caminhar no calçadão do cais. Eu não aguento, mais! Vou ter um troço. Você estragou meu dia.

– Calma minha velha. Então vamos voltar. Já pensou o que pensará o turista que vier nos visitar? Será uma vez e nunca mais.

– Ui! Parece que torci um pé nesta cratera! Ai! Ai!Ai!

– Também, você me arruma cada uma. Primeiro você pisa num trôço. E agora, troce o pé. Vam´bora, mulher . Melhor chamar um táxi. Táxi! Ei! Táxi!

Vinícius Lena
Enviado por Vinícius Lena em 16/09/2010
Reeditado em 16/09/2010
Código do texto: T2501225