OS GESTOS DO PADRE - 28 tercetos de humor

Me contaram uma piada, que achei interessante

De uma treta que ocorreu, com um crente diletante

Quando com um vigário, teve peia relevante

Do assunto eu bolei, este cordel em tercetos

Pois achei interessante, as ações de um sujeito

Que por ser ignorante, matou as bolas no peito

O padre se preocupava, por ver os crentes aumentar

Sua ojeriza era tanta, que mandou alguém falar

Para o pastor da igreja, ir com ele se avistar

O assunto em questão, seria pra esclarecer

Para os fiéis católicos, que estavam a se converter

Que as palavras do crente, nada tinha com Deus a ver

Mas quando o pastor soube, daquela resolução

Mandou dizer para o padre, que lhe desse o perdão

Pois não era sua norma, discutir a religião.

Porém um crente novato, que nem mesmo ler sabia

Disse para o pastor, que em lugar dele ele ia

Pra conversar com o padre, no que foi marcado o dia

O padre então projetou, de reunir o povão

Para num dia daqueles, estarem no calçadão

Onde iria discutir, com o crente a questão

Mas no pensar do vigário, lá estaria o pastor

E não um cara iletrado, sem saber e sem valor

Para conversar com ele, os assuntos a dispor.

Foi marcado pra um domingo, aquele ajuntamento

Antes da volta do dia, houve o grande movimento

O povo no calçadão, para ver o enfrentamento.

O crente antes de ir, um pão grande ele comprou

Pois pensava na demora, da conversa que marcou

Assim se tivesse fome, comeria o que levou.

Ao vê-lo a certa distância, o vigário quis mostrar

Que o crente era bobo, e não iria ganhar

Mostrou-lhe uma maçã, que depois vamos explicar.

Mais que depressa o pão, o crente ao padre apontou

O vigário revidando, um dedo duro enristou

O crente lhe apontou dois, que de fortes estalou!

O padre então lhe apontou três, um tanto desconfiado

O crente pôs as mãos póstumas, e fez gesto joelhado

Com aquilo, o vigário, se deu por bem contentado!

Mandou o crente ir embora, sem mesmo perto chegar

E disse pra seus fiéis, que não conseguiu ganhar

Pois em todos os gestos feitos, o crente foi decifrar!

Quem quiser ser evangélico, pode seguir sem demora

Que os crentes entende muito, eu vejo isso agora

Pois desde a fruta, à fé, ele discerniu na hora.

A maçã significava, o pecado original

Ele nos mostrou o pão, perdão de Cristo real

Meu dedo: apontava Deus único, o nosso Pai Eternal

No entanto o crente se lembrou, que há o Pai e o Filho

Pois os dois dedos apontou, tendo nos olhos o brilho

E quando eu lhe apontei os três, ele mostrou o estribilho!

Falei da Santíssima Trindade, Pai, Filho, Espírito Santo

Ele mais que depressa, pôs mãos postas com encanto

Dobrando até seus joelhos, mostrando que era um santo!

O povo se contentou, com a explicação do prelário

Entenderam que o crente, era sábio de sacrário

Porém ele fora embora, com raiva tal vigário.

Chegando onde morava, foi à casa do pastor

Este foi lhe perguntar, como fora o dispor

Na conversa entre ele, e o padre confessor!

-Foi uma coisa de louco! disse o crente com afã!

De cara ele queria, me atirar uma maçã

Como eu levava um pão, revidei com muito chã!

Tive ali um pensamento, e o pão lhe mostrei

Se me atirasse a maçã, dar-lhe uma lição eu pensei

Lhe acertando a cabeça, com pão que eu levei.

Mas ao invés dele agir, com a maçã pra me acertar

Me apontou o seu dedo, para meu olho furar

Então lhe apontei os dois, para aquilo revidar!

Nervoso ele enristou três dedos, querendo aquilo dizer

Que além de furar meus olhos, o meu nariz iria ter

Um ferimento feio, com seu dedo a lhe meter!

Eu dobrei os meus joelhos, e fiz ali a promessa

Que se ele fizesse aquilo, eu lhe daria depressa

Um couro em plena praça, pra todos ver!? Ora essa!

Imagine o irmão, que padre sem consciência!?

Reuniu os seus fiéis, para verem a audiência

Porém iriam assistir, um assunto sem valência!

Diante de minha ação, ele logo me dispensou

Por ter ficado com medo, nem de mim se aproximou

Os assuntos entre nós, nem mesmo ali começou!

***

Assim, ó caros leitores, vou encerrando a história

Faz anos que eu ouvi, ficando em minha memória

Hoje eu fiz este cordel, para mandar mundo afora!

O padre com boa fé, mostrou princípios divinos

Mas o crente fervoroso, pensou em outros destinos

Ainda bem que só o pastor, soube daqueles arrimos

Luzirmil