O CAIPIRA QUE QUERIA CASAR
João Malagueta era um sujeito até sacudido: alto, esguio, boa pinta, mas não dava sorte em namoro. Suas namoradas sem mais nem menos o deixava a ver navios. Um dia ele reclamou para um colega:
-Não sei o que acontece comigo, tento agradar as namoradas, mas logo, logo elas me abandonam sem explicações. Seu colega disse:
-Eu sei por que, são suas brincadeiras cabeludas, você tem umas brincadeiras, que, eu mesmo, seu amigo, já tive vontade de quebrar a sua cara...
Malaqueta , gostava de brincadeiras bobas, não importava com quem. Um dia, estando com uma namorada, sem ter assunto, ao vê-la distraída, levou o dedo indicador debaixo de sua axila e gritou:
-Oia a faca!
A moça levou o maior susto, e acabou o namoro.
Namorando outra moça, sem ter assunto, perguntou a ela:
-Cê é feia assim, ou ta brincano de onça?...
Mais outro namoro terminado.
Ele era doido para se casar, tinha algumas economias, era trabalhador, mas nada ia adiante.
Um dia apareceu na região, uma moça nova, bonita, cujo pai havia comprado um sítio ali perto. Ela simpatizou-se com João e começou o namoro. Seu amigo falou:
-Não perca a oportunidade, você quer casar, a moça é bonita, e parece que de boa família, vê se para com as brincadeiras bobas e peça logo o casamento antes que ela perceba o quanto você é bobo...
Ele seguiu a risca o conselho. Parou com as brincadeiras, freqüentava a casa da moça, e foi conquistando o sogro e a sogra. Ia tudo as mil maravilhas. Um dia, dia do Padroeiro da região, Santo Antônio, ia haver missa no domingo na capela, ele pensou em aproveitar a ocasião e pedir o casamento. Antes da missa, estava ele reunido com alguns colegas, aguardando a chegada do padre. Batiam um animado papo. A namorada de João, ao vê-lo de costas, chegou sorrateira atrás dele e tapou seus olhos com as mãos, para que ele adivinhasse quem era. Ele pensando que seria algum de seus amigos, encolheu uma perna ameaçando dar um coice e falou:
-Oia o pé no saco, oia o pé no saco!...
Foi mais um namoro que acabou...
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