Boca grande

Sucede que o Cará mais a esposa Madalena tocavam a zona da cidade, a Chácara do Caju e vez em quando algumas meninas iam embora para outras zonas de meretrício e precisavam renovar o estoque.

Daí o Dudu, irmão da Madá, picava para o Goiás ou sul de Minas e trazia as meninas.

Passo seguinte era ir na Kicoisa, uma perfumaria na área sul da cidade onde os badulaques eram mais barato.

E foi o que fez. Botou no carro as três meninas recém chegadas, mas como a Madalena tava meio cabreira com o marido porque as moças eram muito das formosas e ele não muito flor que se cheirasse embicou junto.

Enquanto a esposa e as três tocaram a comprar batom, rouge, travesseirinho íntimo, desodorante e todos os teréns que os puteiros sabem que encontram nesses lugares com as meninas, o Cará rumou pro bar do Carniça, meio quarteirão longe e fincou pé ali.

Uma cerveja, duas depois e nada das mulheres saírem da perfumaria quem se achega perto da mesa? O Crispin.

O Cará sabia que o Crispin não era de zonear. Era mais de contar vantagem. Daqueles tipos que querem mostrar que são mais safados do que são de verdade e vivem falando pra Deus e todo mundo que comeu fulana, comeu sicrana só pra impressionar a moçada.

E esses tipos tem o defeito de falar mal de todo mundo.

Mas como bar é público, entra quem quer e sai quem não quer o Crispin engatou conversa e foi obrigado a participar.

E aí? Tudo jóia?

Tudo.

E a chácara?

Vai indo.

Pra encerrar logo o papo sem futuro nenhum o Cará ficou ali nos monossílabos, só respondendo piquinininho pro outro se mandar logo.

E muié? Cuméquitá?

Bom.

Novinha?

Talvez ali estivesse um futuro freguês, pensou o Cará, e não havia desvantagem nenhuma em fazer uma propagandinha.

Chegou umas mineirinhas que são um tesão!

É?

Tão ali na Kicoisa. Dá uma espiada e me conta.

Quando o Crispin saiu, pediu outra cerva.

Dali a pouco o vantageiro voltou, sentou na cadeira vaga e tascou.

Ce tem razão! Tem umas bonitinhas.

Num ti falei!

Só que tem uma véia pra lá de desbarrancada junto. Essa num dá pra comer nem de graça!

Tava falando da Madá. E foi por isso que o Cará encheu ele de porrada e só parou quando os homi chegaram.

Nickinho
Enviado por Nickinho em 12/10/2006
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