Um carma diferente!

Tudo acontece comigo!

Tenho carmas diferentes, pra não render muito assunto, vou contar esse primeiro.

Na minha infância eu morava em um apartamento pequeno, desde os quatro anos, acho que por isso é o único lugar que me lembro.

Eram vários blocos tão próximos um do outro que tínhamos que ver com o vizinho, quem abriria a janela primeiro, senão batia uma com a cara do outro.

O Menino que morava de frente ao meu quarto ouvia KIZZ o dia inteiro!

Às vezes eu nem sabia quem era a guitarra ou o roqueiro!

Ouvi Kizz por aanooosss por isso acho que hoje odeio!

Meu primo morava conosco em comprava três vezes no ano um LP que continha apenas duas faixas:

- Primavera ao verão: Fellling, ooooooooo, my Love !oooooo feling!

Acho que é por isso que sou deprimida...

- Outono ao inverno:..Um dia, vivi a ilusão de que ser homem bastaria... Lá, lá, lá, quem sabe o super homem...POR CAUSA DA MULHER!!!!!!!!!!!!!1111

Se na época falasse em traumas, como hoje ,eu teria feito análise!

O vizinho que morava ao lado fazia guerra com o roqueiro e meu primo,sua “vitrola “

era mais potente, mesmo assim agente o ouvia a cantar todo contente:

- Mamãe, mamãe, mamãe! Eu me lembro o chinelo na mão... Ou então...Aquela nuvem que passa...

Não desfaço aqui de nenhum das canções, mas até chocolate dá enjôo se comer de montão...

E tem um fato nem um pouco corriqueiro, meu pai compositor cantava o que compunha no banheiro.

Depois os amigos do primeiro andar passaram a Ser fankeiros!

A Dona o terceiro andar não tinha rádio vitrola, mas para poder escutar aos domingos Silvio Santos cantar, aumentava até o máximo o volume da TV e era:

-Lararará, Lararará, Lararará, Lararará....Em todas as estações do ano!

Casei-me e fui morar em Recife , e eu que no trabalho ouvia Legião, Paralamas, Chico Buarque, Maria Bethania e Nana, comecei a ouvir forró...

Havia cantores que lá se ouvia e graças a Deus até hoje ninguém conhece, só eu que ouvia...

O Galo da Madrugada, que acontecia no carnaval, o meu vizinho ouvia a marchinha do Início do ano ao Final!

- Vem pessoal, vem moçada o carnaval começa no Galo da madrugada... tanranranranranran...ranranran...

Quando se for e puder dançar é maravilhoso, mas quando não se quer ouvir e nem dançar, pode ser tortuoso.

Havia uma alma bendita que em algumas noites tocava Fafá de Belém o que me acalmava bastante:

- Há uma nuvem de lágrima, sobre os meus olhos...

A essas alturas, e sem a internet... Eu nem sabia como andava a Mariza Monte, Selma Reis e outros montes...

Isso não é um carma?

Voltei pro Rio de Janeiro e logo depois separada, ouvi o que queria em alguns momentos. Morava em casa alugada, passei um grande aperto, sem poder custear, tive que mudar de endereço. Voltei a morar com meus pais sambistas o ano inteiro. Disputas em escolas de samba. A Casa cheia de gente queria ouvir meu louvor.Porém...

Aí conheci meu marido e alugamos um apartamento e tinha algum vizinho que como eu amava o Caetano Veloso. Mas eu amava Caetano e toda sua obra, o tal desse vizinho, amava mesmo sozinho.

_ Ás vezes no silêncio da noite, eu fico imaginando nós dois.

Ele deveria ter sido abandonado e estava na maior deprê, depois que mudei do apartamento, nem se parou de ouvir e voltou a viver.

Mudei pra outro apartamento, aqui no RJ de frente pra Rua e asfalta ouvia-se rotineiro:

- Cachambi, Maria da Graça, Penha etc... Eram lotadas que rodavam a partir das 06h00min, confesso senti saudades do Kizz, Silvio Santos e da deprê!

Continua minha peregrinação, parecíamos Ciganos. Mudamos para uma Vila onde em frente a nossa casa havia uma banda de roqueiros que cantavam e tocavam super mal, ensaiavam pro festival só no final de Janeiro do ano de 2020!

Saí dali radiante, pois comprei a minha casa e hoje eu vivo no meio de dois malucos, um é aposentado e o outro funcionário público...Trabalham muito...

Agora estou mesmo ferrada, financiei em 22 anos, mas até lá muito velha, certamente estarei surda. Graças a Deus.

A vizinha da direita é pra lá de eclética, ressuscitou o meu passado e toda a infância dela. E pra complicar o babado escuta um tal de Calypsooooooooooooooo, a Sandy na maior deprê e com dor de barriga, não posso esquecer a Kelly Key, Nelson Ned e Jane e Erondi

- estou ficando inspirada, não pare de ler meu irmão, escrever é uma ajuda danada!Ás vezes perco a atenção com o SOM que eu ouço e detesto! Mas o textinho vai sair...

_ Sou a Barbie girl se você quer ser meu namorado... Baba baby baba...por causa de você diminui meu tom...adoleta...

Tinha uma que dizia que alguém tinha falta de neurônios, meu Deus chame-lhe a atenção!

A minha TV a cabo deu problema os caras vieram arrumar, até eles notaram e falaram:

- Dona aqui do lado alguém tem problema!

Dá pra imaginar?

Eu vou descrever o que fez assim ele pensar, detalhadamente a seleção a tocar:

Começa às 07h00min(detalhe).

1)- Eu sou Rebelde por que o mundo quis assim... Quem lembra

2)- La solitudine! Com a Laura e Renato Russo – confesso que gosto

3)- Tem anjos voando nesse lugar...

4)- Canto minha vida com orgulho

Na minha vida tudo acontece

Mas quanto mais à gente rala, mais a gente cresce

5)- Ave Maria com Arlindo Cruz

6)- Naquela mesa tá faltando ele...

7)- Como uma Deusa...

8)- Strauss

9)- Oi, Oi, Oi , Oi, Oi (essa é a pior!)

10) – Blitz documento

11)- Aline Barros

12)- Italiana,

La mia vita oggi sei tu

io te voglio tanto bene

Partiremo due insieme

Italianaaaaaaaaaaaaaa!! Grita Agnaldo Rayol!

Vou parar por aqui pra vocês não ficarem com preguiça de lerem isso tudo.

Não é tortura...? Não é um carma?

Não é de cortar os pulsos?!

Me tira os tubos!!!!

Mas Deus sempre mostra uma benção, o vizinho da frente é maestro e às vezes à noite ao violão toca cartola, Noel e até Paulinho. A tarde toca flauta doce, quando dá escusto um pouquinho.Violino...ah..sinto frecor em minha’alma...

E eu, gradeço com carinho.

Cris sol

Quase me esqueci da Lambada do Beto Barboza!

DIGA NÃO ÀS DROGAS!!!

Luiz Fernando Veríssimo

Tudo começou quando eu tinha uns 14 anos e um amigo chegou com aquele papo de "experimenta, depois, quando você quiser, é só parar..." e eu fui na dele. Primeiro ele me ofereceu coisa leve, disse que era de "raiz", "natural" , da terra", que não fazia mal, e me deu um inofensivo disco do "Chitãozinho e Xororó" e em seguida um do "Leandro e Leonardo". Achei legal, coisa bem brasileira; mas a parada foi ficando mais pesada, o consumo cada vez mais freqüente, comecei a chamar todo mundo de "Amigo" e acabei comprando pela primeira vez.

Lembro que cheguei na loja e pedi: - Me dá um CD do Zezé de Camargo e Luciano. Era o princípio de tudo! Logo resolvi experimentar algo diferente e ele me ofereceu um CD de Axé. Ele dizia que era para relaxar; sabe, coisa leve... "Banda Eva", "Cheiro de Amor", "Netinho", etc. Com o tempo, meu amigo foi oferecendo coisas piores: "É o Tchan", "Companhia do Pagode", "Asa de Águia" e muito mais. Após o uso contínuo eu já não queria mais saber de coisas leves, eu queria algo mais pesado, mais desafiador, que me fizesse mexer a bunda como eu nunca havia mexido antes, então, meu "amigo" me deu o que eu queria, um Cd do "Harmonia do Samba". Minha bunda passou a ser o centro da minha vida, minha razão de existir. Eu pensava por ela, respirava por ela, vivia por ela! Mas, depois de muito tempo de consumo, a droga perde efeito, e você começa a querer cada vez mais, mais, mais . . . Comecei a freqüentar o submundo e correr atrás das paradas. Foi a partir daí que começou a minha decadência. Fui ao show de encontro dos grupos "Karametade" e "Só pra Contrariar", e até comprei a Caras que tinha o "Rodriguinho" na capa.

Quando dei por mim, já estava com o cabelo pintado de loiro, minha mão tinha crescido muito em função do pandeiro, meus polegares já não se mexiam por eu passar o tempo todo fazendo sinais de positivo. Não deu outra: entrei para um grupo de Pagode. Enquanto vários outros viciados cantavam uma "música" que não dizia nada, eu e mais 12 infelizes dançávamos alguns passinhos ensaiados, sorriamos fazíamos sinais combinados. Lembro-me de um dia quando entrei nas lojas Americanas e pedi a coletânea "As Melhores do Molejão". Foi terrível!! Eu já não pensava mais!! Meu senso crítico havia sido dissolvido pelas rimas "miseráveis" e letras pouco arrojadas. Meu cérebro estava travado, não pensava em mais nada. Mas a fase negra ainda estava por vir. Cheguei ao fundo do poço, no limiar da condição humana, quando comecei a escutar "Popozudas", "Bondes", "Tigrões", "Motinhas" e "Tapinhas". Comecei a ter delírios, a dizer coisas sem sentido. Quando saia a noite para as festas pedia tapas na cara e fazia gestos obscenos. Fui cercado por outros drogados, usuários das drogas mais estranhas; uns nobres queriam me mostrar o "caminho das pedras", outros extremistas preferiam o "caminho dos templos". Minha fraqueza era tanta que estive próximo de sucumbir aos radicais e ser dominado pela droga mais poderosa do mercado: a droga limpa.

Hoje estou internado em uma clínica. Meus verdadeiros amigos fizeram única coisa que poderiam ter feito por mim. Meu tratamento está sendo muito duro: doses cavalares de Rock, MPB, Progressivo e Blues. Mas o meu médico falou que é possível que tenham que recorrer ao Jazz e até mesmo a Mozart e Bach. Queria aproveitar a oportunidade e aconselhar as pessoas a não se entregarem a esse tipo de droga. Os traficantes só pensam no dinheiro. Eles não se preocupam com a sua saúde, por isso tapam sua visão para as coisas boas e te oferecem drogas.

Se você não reagir, vai acabar drogado: alienado, inculto, manobrável, consumível, descartável e distante; vai perder as referências e definhar mentalmente.

Em vez de encher a cabeça com porcaria, pratique esportes e, na dúvida, se não puder distinguir o que é droga ou não, faça o seguinte: Não ligue a TV no Domingo a tarde; Não escute nada que venha de Goiânia ou do Interior de São Paulo; Não entre em carros com adesivos "Fui ... "

Se te oferecerem um CD, procure saber se o suspeito foi ao programa da Hebe ou se apareceu no Sabadão do Gugu; Mulheres gritando histericamente é outro indício; Não compre nenhum CD que tenha mais de 6 pessoas na capa; Não vá a shows em que os suspeitos façam gestos ensaiados; Não compre nenhum CD que a capa tenha nuvens ao fundo; Não compre qualquer CD que tenha vendido mais de 1 milhão de cópias no Brasil; e Não escute nada que o autor não consiga uma concordância verbal mínima. Mas, principalmente, duvide de tudo e de todos. A vida é bela! Eu sei que você consegue! Diga não às drogas.

Crissol
Enviado por Crissol em 04/12/2010
Reeditado em 28/02/2012
Código do texto: T2652495