Eu, na churrascaria.
 
 
Um dia cansado
Das minhas andanças
Eu cheguei a São Paulo
A barriga roncava de tanta fome
Por isso, não pensei duas vezes
Entrei numa churrascaria
Melhor seria se eu não tivesse entrado
Eu nem sabia mais o que era um churrasco
Mas, eu entrei apenas por teimosia
Eu tirei a carteira do bolso conferi a grana
E disse pra mim mesmo, acho que vai dar
Procurei uma mesa num canto afastado
E fiquei só observado quem entrava ou saia
Não deu tempo de concluir meu raciocínio
Porque de repente eu vi entrar alguém
Que de longe cheirava a confusão
Do meu canto fiquei observando aquele coroa
Que trajava botas, bombachas, esporas
Lenço vermelho no pescoço e chapéu na mão
Eu gostei de ver, pelo menos ele é educado
Só que eu não sabia o que estava pra acontecer,
E aconteceu quase que de repente,
Ele me achou e enveredou pro meu lado
Sem pedir licença puxou a cadeira e sentou
Não me deu tempo pra lhe dizer não, nem eu diria
Graças ao trinta e oito, que trazia na cintura
Eu concordei com ele, imediatamente
Ate parecia que ele era o dono do pedaço,
Me perguntou, o que vais come, tchê,
Esperando o pior, timidamente eu respondi
O que se come numa churrascaria
Se por acaso você não sabe, dizem que e churrasco.
Ele me olhou enviesado, mas não disse nada
Eu respirei fundo e disse a mim mesmo,
Cuidado com o coroa, que ele e bravo,
Não te mete com ele, pensei baixinho
Olhei pra ele e vi que ele procurava alguém
E este alguém era o garçom,
O coitado pensando que era um Rei,
Estalou os dedos chamou o garçom que solicito
O atendeu com modos de gente educada,  
Enquanto isso, lá estava eu pensando de novo.
Naquela hora era só o que sabia fazer, era pensar
Olhei em volta e disse baixinho, ai vem baixaria
E veio, quando o garçom lhe entregou o cardápio.
Pra que, ele fez isso, o homem virou uma fera
E foi dizendo, eu quero comer, eu não quero ler
Vai lá e me trás um espeto corrido pra dois
Pra dois, o garçom perguntou humildemente
Sim, respondeu ele, o meu amigo também come
Ou tu pensas que ele e feito de ferro
Naquela hora, eu confesso, gelei de tanta vergonha
Se eu pudesse me enfiaria em baixo da mesa
Mas o medo impediu que eu praticasse
Um ato ta vergonhoso e vil, peguei o cardápio
Que ainda estava ali e o enfiei na cara
Pra ninguém ver meu rosto vermelho de vergonha,
 De repente ele bateu na mesa e falou, pare de ler
E vamos comer que a comida demorou, mas chegou
O coitado do garçom, lhe serviu como manda a educação
Eu ali quieto como se tivesse perdido a língua
A fome já havia passado, mas comi assim mesmo
Meu medo era maior que a fome que eu sentia
Só fiquei calmo quando ele chamou o garçom e disse
Já terminamos, por favor, traga a conta
O garçom saiu e voltou, num pé só
Louco pra se livrar da gente, eu não o culpo por isso
Ele entregou a conta ao coroa que ficou vermelho
Tão vermelho que eu pensei, será que ele comeu fogo
Ele só não estava vermelho, como estava furioso
Gritou pra mim, baixinho, mas todos ouviram
Outra vez eu gelei e timidamente lhe perguntei
O que foi mesmo que o Senhor me perguntou
Eu ainda não te perguntei nada, mas vou perguntar
O que, tu comeste, eu respondi logo, -o mesmo que o Senhor
Ele me olhou com cara de quem ia explodir e disse
Garçom a gente comeu isso e mais isso e isso aqui o que é,
O senhor pode me responder.
Coitado do rapaz como explicar ao coroa
Que aquilo não era referente ao que a gente comeu
E sim o pagamento pelos serviços prestado a nós
Tentou explicar, não deu chamou o gerente,
Só ele podia resolver, a emenda foi pior que o soneto
Quando o gerente chegou, ele me perguntou
Por acaso tu comeu o garçom, porque eu não comi
O gerente gelou os clientes em volta riram
O garçom vermelho de raiva não sabia onde enfiar a cara
 E o coitado do gerente sem saber o que fazer, disse.
Senhor a sua despesa fica por conta da casa
E volte sempre eu me sinto lisonjeado com a sua presença
Aqui na minha humilde churrascaria
Mas o coroa não se deu por vencido tirou do bolso
Um saco de dinheiro pegou um maço e deu ao gerente
 Que se derreteu todo, coitado, ele não esperava
Pelo o que aconteceu logo a seguir
Eu ia sair correndo porta afora, mas o medo não deixou
Aquele trinta e oito na cintura dele me inibia
Esperei pelo pior e o pior aconteceu, quando ele pediu
Ao gerente que enrolasse o garçom, eu tremi
O gerente tinha que perguntar por que, sem delonga ele respondeu
E que eu vou levar o garçom pra comer em casa logo à noite
Com aquela eu sai correndo, só parei três dias depois
Cansado, com fome, nesta hora fiz um juramento.
E cumpri, nunca mais, eu entrei numa churrascaria!
 
 
Balneário dos Prazeres: 06 / 12 / 2010

 
Pai:

Sei que vais brigar comigo quando melhorar
e vir aqui na sua pagina, mas não me importo
pois vou saber que o Senhor, já vai estar melhor
de saúde, até lá quem mando aqui, sou eu, ta veio
rijo, beijos!

Neli Vera Mattos


 
 
 

 
 
   

Volnei Rijo Braga
Enviado por Volnei Rijo Braga em 06/12/2010
Reeditado em 06/12/2010
Código do texto: T2656800
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