O CAIPIRA QUE VIROU MÉDICO E SUAS RECEITAS

Recebi esse por e-mail, não sei de onde, e contado a meu modo, passo adiante.

João Nelore, a contragosto, teve que se mudar para cidade para que seus filhos pudessem estudar. Vendeu suas vaquinhas, seus porcos, seu cavalo bom de sela e de charrete. Alugou uma casa na periferia e para sua subsistência e de seus familiares trabalhava como um mouro. Limpava quintais, trabalhou de servente de pedreiro, de magarefe, não escolhia serviço. Um dia apareceu uma oportunidade de um serviço mais leve: foi convidado a ser o zelador de um pequeno prédio comercial.

Muito caprichoso e educado, logo conquistou a simpatia de todos no prédio. O pessoal adorava o jeito simples de João, conversa macia, educado e sempre bem humorado. Um dia um médico que tinha seu consultório no prédio o procurou e disse-lhe:

-João, minha secretária não veio hoje e preciso ir ao banco resolver uns negócios, por favor, fique no meu consultório e atenda os clientes para mim, espero não demorar.

João atendeu prontamente o doutor, que saiu para resolver seus problemas. A fila estava dobrando esquina, dia de pagamento de aposentados, o banco estava lotado.

Lá pelas tantas o médico conseguiu resolver seus problemas e voltou para o consultório. Chegando lá, encontrou João sozinho, vestido com seu jaleco branco.

-Uai João, por que você vestiu meu jaleco?

-Pra atender os fregueis dotor...

-Como é que é João? Atender meus clientes?

-Uai, não foi o que o sinhor falô? Pra atendê, quem viesse aqui?

-Não João, era só pra mandar me esperar, até que eu fosse ao banco, mas você atendeu alguém?

-Sim, quato fregueis, mais dinhero que é bão num vi nem chero, era só de convém...

-Convênio, João, disse o médico desesperado, já pensando em perder seu diploma.

-Mas o que você fez João, quem você atendeu?

-Ah, dotor, o primeiro, era do tal convêno, inté mandei ele vi aqui despois trazê a cartirinha, mode a secretara fazê a ficha dele, ele recramô que tava intupido, que tinha duas semana que num vacuava...

-E o que você fez João, disse o médico desesperado.

-Eu receitei uma limonada purgativa.

-Menos mal, pensou o médico.

-E quem mais?

-Uma muié recramô que tava cum cólica e que o Chico tava atrasado...

-Ciclo, e que você fez?

-Receitei Reguladô Texera...

-Ainda bem, se não fizer bem, mal também não faz, pensou o médico.

-Continue João, quem mais?

-Um sujeito recramô de dor de cabeça e de enxacueca...

-Enxaqueca, e o que você receitou?

-Cibalena de quato em quato hora...

-Até aí, tudo bem João e quem mais?

-Ah, dotor a úrtima foi mais compricada, uma muié bunita, daquelas bem boa, foi chegano aqui dento, trancô a porta, e foi tirano a arriata toda, ficô im pelo, peladinha, peladinha... Aqueles peitão muciço, aquela bunda aprumada... foi deitano nessa cama, me garrô pro colerinho e me falô:

-Dotor, me ajuda, tem um ano queu num vejo um home, me ajuda dotor, ela tava inté chupano cana, subiano que nem cobra...

O médico pôs as mãos na cabeça e pensou:

-Meu diploma foi pro saco...

E perguntou:

-Pelamor de Deus, João, não fala que fez o que estou pensando...Que você fez com ela?

-Ah, dotor, cumo ela falô que tinha um ano quela num via home...Eu receitei Colíro Mora Brasil pra ela..

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HERCULANO VANDERLI DE SOUSA
Enviado por HERCULANO VANDERLI DE SOUSA em 03/01/2011
Reeditado em 03/01/2011
Código do texto: T2706124