O DESEJO DA GRÁVIDA

Era uma segunda-feira como outra qualquer, saí cedo para ir ao trabalho, peguei o ônibus usual, não estava lotado, como quase sempre, no meio da viagem, entrou um casal simpático, ele, todo cuidadoso, abraçado à esposa, a dirigiu para uma poltrona bem à minha frente, depois sentou ao seu lado. Nossos assentos ficavam perto do cobrador de passagens. De imediato imaginei que a jovem estivesse doente, mas depois, vi que estava grávida. Passados alguns intantes, ela disse ao marido: - Amor, estou sentindo desejos... Ele, muito solícito falou: - Fale amada, o que você quiser eu vou buscar. Ela disse: - Quero mascar um chiclete. O marido falou: - Amor, vamos saltar na próxima parada, lá comprarei seu chiclete, quero que nosso filho nasça saudável. Mas a esposa meio envergonhada falou: - Não amor, não quero um chiclete lacrado, quero aquele alí (e apontou para o cobrador. Eu também olhei, é claro, mas não vi chiclete algum, só o cobrador mascando, mascando, vez por outra, fazendo bolas, com sua boca cheia de dentes...estragados, ecaaa!!!! Ela estava se referindo ao da boca dele!

O marido tentou dissuadi-la, falou que compraria qualquer um, mas aquele alí, não. E ela dizia: - eu quero, eu quero, peça à ele, por favor, minha boca está cheia de água com vontade de sentir o chiclete na minha boca.

Nesse momento, outras pessoas começaram a prestar atenção à história...Qual seria o desfecho? Afinal, desejo é desejo (também tive os meus, mais simples, é claro).

O marido chegou até ao rapaz e explicou: - Moço, desculpe, minha esposa está grávida e desejando o seu chiclete. Você importa em dar para ela? O rapaz ficou espantado, mas tranquilamente tirou da boca o "chicle" e deu na mão do marido, riu e mais uma vez vi seus dentes estragados...

A moça agradeceu e colocou na boca...nessa hora o meu estômago embrulhou, cada passageiro que viu a cena também achou ...arghhhh!!!!

Depois de alguns minutos mascando o chiclete, a jovem disse que estava querendo vomitar ( dizem que quando o desejo da grávida se realiza,ela vomita), o marido puxou um saco plástico da bolsa da esposa e ela colocou tudo para fora).

E...na parada de ônibus seguinte eles desceram.

Fui trabalhar imaginando o que mais poderia desejar aquela moça, talvez comer folhas de mangueira, tijolo e até terra, como eu fiz, mas isso é uma outra história.

É, grávida pode tudo né...? ainda bem que ela tinha um marido apaixonado e sensível.