É goRda, é gorda, é gorrrrrrrrrrDA!
Edna era a minha inseparável amiga de infância.
Se uma desaparecesse, era só procurar a outra.
Brigávamos muito e jurando, a gente cansou de beijar os dedos em cruz, acrescido de categórico: “eu quero ver a minha mãe mortinha, se eu voltar a falar contigo!”
Só que, no máximo duas horas depois estávamos juntas outra vez e somos boas amigas até hoje!
Certa vez, a minha irmã Estela, 7anos mais velha que nós, tomando as minhas dores, após mais uma das nossas encrencas, deu umas tapas na Edna.
A avó dela, Dona Benedita, baixa e gorda, não gostou. E soube muito bem como agredir a Estela. Com as mãos nas cadeiras disse em alto e bom som:
_Olha aqui, sua gorrrrda, não se meta na briga destas duas. Todo mundo sabe que elas não têm vergonha na cara, vivem brigando, mas uma não desgruda da outra.
A Estela ficou furiosa e também colocou as mãos cintura e respondeu em tom desafiador: “O que foi que a senhora disse?”.
Dona Benedita batendo um pezinho no chão, como quem conta o compasso de uma música, repetiu o que tanto a mocinha desejava dissimular, com cintas e regimes:
_Eu disse que tu és gorda, goRRRRRRda, e GORDA!
Sem esperar resposta, a avó virou as costas e bateu o portão na cara da Estelinha, que simplesmente teve um ataque de riso. E ri até hoje, ao se lembrar da cena.