A Rena destituída (ou O Natal fedido)

(Caro leitor, para compreensão deste texto há leituras não obrigatórias, porém elucidativas (nessa ordem): 'A rena no presépio' (http://www.recantodasletras.com.br/humor/2020920), 'Rena de Presépio com orgulho, sim, senhor!' (http://www.recantodasletras.com.br/humor/2180522) e 'Uma festa (quase) no céu, a Rena, duas corujas e outros bichos' (http://www.recantodasletras.com.br/humor/2324540) Divirta-se!)

Desde que passou a conviver com a coletividade moradanovense, no Natal de 2009, a Rena tem absorvido uma surpresa – e uma lição – atrás da outra.

No Natal passado tinha ‘como favas contadas’ que participaria do conjunto sagrada família.

Qual o quê?!

Os organizadores da decoração natalina, talvez pela vontade simples e salutar de fazer diferente (coisa que a Rena apoia), montaram as réplicas, em tamanho quase natural, de José, Maria e Jesus Menino num passeio à sombra, na Praça da Matriz; a Rena, que pena, ficou mesmo junto ao Papai Noel, “deitadinha, plácida e prateadinha”, distante uns dez metros de seu amado presépio.

Ao lado deste, em chão de terra batida, foi instalado um cercado com aproximadamente dezesseis metros quadrados, e aí acomodados um jumento, uma ovelha e uma vaca, em tamanho natural e com necessidades idem, posto não serem réplicas.

Acalmem-se, Defensores dos Direitos dos Bichos, Plantas, Fungos e Simpatizantes: foi apenas por uma semana e no estábulo – ou melhor, baia-redil-curral – os côchos de água e comida eram periodicamente abastecidos; o tratador dos animais também fazia limpeza necessária, eficaz.

Mas eficiência é outra coisa; efetividade, então...

Não houve como evitar que a umidade dos excrementos penetrasse no solo; por toda a semana e considerável tempo depois, o cheiro inequívoco nauseou os passantes da praça. Soube-se que uma senhora “dessas mais sensíveis, sabe?”, sentiu-se tonta e quase desmaiou.

“Tá certo: expor uma nova proposta decorativa era direito do pessoal”, filosofou a Rena, “mas se ao menos os colegas fossem de gesso, cera, ou de um ecológico papel machê... ou até do famigerado plástico... Não entendo como preferiram o Natal com cara de xixi e cocô!”, lamenta.

A condescendência da Rena esbarra e termina em outro dado: a sagrada família continua sem gato, coelho, ou porquinho da índia... E sem cachorro!

Além disso, a Rena meio que se identificou com notável figura política: fora de cena – uma bem original, onde se descobriu, à qual se acostumou e de onde foi retirada sem demérito, ora! – e amargando na memória importante evento. Fedorento.

Gina Girão
Enviado por Gina Girão em 13/06/2011
Reeditado em 14/06/2011
Código do texto: T3031730
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