CAPÍTULO 2
VENDE-SE SEXO!


OBS: O texto à seguir pode conter linguagem chula e ofensiva, então se você é do tipo de pessoa que desmaia ao ler,ouvir,ou pronunciar um palavrão,melhor não ler as linhas abaixo...


     Se a masturbação é algo mal visto por muitas pessoas, talvez essas mesmas pessoas devam criticar, ofender, e talvez até humilhar aquelas pessoas que façam uso de profissionais do sexo. As garotas de programas, as messalinas, e por que não, as putas!

     O homem que nega que pelo menos já teve uma vontade – não precisa nem falar que já fez – mas que nunca teve, que nunca passou pela sua cabeça transar com uma mulher da vida, provavelmente não só estará mentindo, como também terá burlado o código masculino número 24, que fala exatamente de não mentirmos sobre coisas quais já nascemos nos genes, como a atração por bundas grandes e gostar de coçar nossos sacos enquanto pensamos nas coisas corriqueiras da vida. Todo homem já quis transar com uma prostituta, fazer o chamado sexo casual, sexo sem compromisso. Ou seja, uma espécie de sexo HAKUNA MATATA, um sexo sem problemas.
     A prostituta não vai pedir para você ligar para ela no dia seguinte. Ela pode no máximo dar seu cartão de visitas, e prometer que na próxima vez as coisas ficarão ainda mais calientes! Fora isso, o grau de comprometimento dela contigo não vai além do HUM…HUMMMM….HUUUMMMM….HUUUUUUMMMMMMMmmmmMMmmmm….Ahhhhhhhhhh… Ufa! Depois disso, ela não tem mais nada a ver com isso! E nem mesmo irá comentar como foi desenvolvimento com as outras... A não ser que você tenha gostos duvidosos...
     Dito isso, a loucura e a procura por sexo descompromissado pode render algumas situações que causem, de início, algum tipo de estranheza e constrangimento. Afinal, quem já teve algum tipo de contato com prostitutas, deve saber que a coisa rola na maior calma para elas, mas que, principalmente os virgens que decidem iniciar sua vida numa “casa de facilidades”, as coisas podem até mesmo bloquear a excitação de nossos pênis, e daí, sairmos como os “brochas” da história.
     Luan não sabia disso. E sempre fora louco para descobrir o sexo. Filmes, revistas, vizinhas, primas, amigas, personagens de desenhos japoneses, e até mesmo a Fada Sininho, sim, aquela do desenho do Peter Pan, hoje renomeada Tinker Bells. Tudo isso o fazia ter ainda mais curiosidade de descobrir como seria o pecado da luxúria. Seria diferente do prazer da masturbação durante o banho? Seria mais gostoso? Seria mais pegajoso? Quente? Frio? Onde ficaria o tal clitóris? Luan era vidrado nesses pensamentos fixos. E mesmo virgem, era vidrado em sexo.
     Mas isso estava para mudar… Ou pelo menos devia estar para mudar, se ele soubesse esperar, e talvez tivesse o dom de adivinhar seu futuro, o que aqui eu pressuponho que alguém realmente possa fazer, e que isso seja realmente possível. Nessa realidade toda, o rapaz saberia que dali a dois meses ele conheceria Thalita na escola, se apaixonaria, levaria vários “nãos” dela, até que ela seria rejeitada por seu namorado mais velho e do último ano, e assim, tensa e com muita raiva do ex, a menina prometeria transar com o primeiro cara que aparecesse na sua frente. Esse cara, no caso, seria um mendigo chamado Betão Marrom, mas notando isso e sentindo o cheiro de queijo coalho que Betão exalava, a moça desviaria seus lindos olhos verdes para a esquerda e veria Luan saindo do Mc Donald. Depois de duas horinhas conversando, ela o chamaria para ir à sua casa, e lá transariam loucamente, e após, ela se levantaria e o colocaria para correr, assim nunca mais lhe dirigindo a palavra.
     Mas Luan não sabia ver o futuro, e nem pensava em nada para teta fazer com que isso fosse possível. Queria era aprender a se masturbar de cabeça para baixo e também macetes para jogar Street Fighters com seus amigos. Portanto, ao invés de esperar a hora chegar, ele e seus quatro amigos mais próximos, num sábado de novembro, muito quente, diga-se de passagem, resolveram se aventurar pela noite e terminá-la num prostíbulo.
     Lucas, Carlos e Helton eram caras mais descolados. Eram meio NERDs assim como Luan, porém, sabiam conversar com garotas. Sabiam sobre o que conversar. Não falavam sobre heróis de RPG, nem de acidentes infantis, comidas nojentas ou até mesmo masturbação, como Luan fizera um ano antes, falando com Juliana Tavares, da turma 2701, que se masturbava pensando nela como se isso fosse a coisa mais normal do mundo.
     Nenhum dos três nunca havia transado com mulheres, e nem entre si, que fique claro, porém, com certeza perderiam suas virgindades antes de Luan e seu primo igualmente digamos, lesado, Bruno.
     A primeira parada do quinteto fora o Centro de Tradições Nordestinas Luiz Gonzaga, também conhecida como Feira de São Cristóvão, ou Feira dos Paraíbas para os mais próximos. Lá ouviram muito forró, tentaram algum tipo de contato com mulheres extremamente bêbadas e até tiveram a atenção dessas, porém, nenhum contato íntimo, telefone, ou beijo. Tentaram se aproximar das mais bonitas e sóbrias, mas dessas nem atenção tiveram. Ouviram mais forró, ouviram alguns “nãos”, e já cansados de tanto beber cervejas e frustrados por não pegarem ninguém, resolveram conhecer a famosa, a incomparável, a subestimada Vila Mimosa! Localizada entre a Praça da Bandeira e o bairro de São Cristóvão, precisamente na Rua Ceará. Uma rua muito movimentada com mais ou menos setenta casas e talvez uns 10 quartos por casa, ali se concentrava um verdadeiro harém para homens que buscasse sexo barato, rápido, divertido e também perigoso após o trabalho, principalmente.
     Os cinco andaram alegres e cantando diversas vezes a música tema do desenho Os Cavaleiros do Zodíaco. Luan estava nervoso, o tempo inteiro no percurso abria sua carteira de dinheiro e contava quanto tinha. Sua avó lhe dera noventa Reais de dia das crianças, que ele guardara até então. O rapaz já tinha dezoito anos, mas mesmo assim continuava recebendo dinheiro todos os anos, da velhinha esclerosada. Sentia-se até mal por isso, e nunca contara a seus amigos, mas o dinheiro era sempre bem-vindo.
     Ao chegarem na rua, deram de frente com roqueiros e góticos que viviam numa casa de shows Heavy Metal chamada Garage. Com certo medo, continuaram andando apreensivos. Nunca estiveram ali, e cidadãos mal-encarados passavam os encarando o tempo todo. Era como se estivesse escrito na testa de cada um a palavra VIRGEM. Era só olhar, por exemplo, para a cara do primo de Luan, que usava uma camisa da Copa do Mundo de 2002, mesmo tendo se passado quase dez anos desde a própria. Foi então que ofuscada pela luz amarela do poste, os cinco viram passar uma mulher de calcinha e sutiã, segurando um senhor de aparentemente sessenta anos pela mão e entrando num bar muito escuro e enfumaçado.
     -E aí? Vamos nesse?- perguntou Luan já seguindo a mulher, porém sendo frustrado por Carlinhos.
     -Nós mal chegamos! Dá pra não bancar virgem por alguns minutos? Tem cinquenta casas aqui! Deve ter pra mais de mil putas! Você quer ir logo à que pegou um velho murcho? – Comentou em tom de comício, o abobalhado e esperto Lucas.
     Todos se calaram e continuaram a andar. Tudo que viam os impressionava. Sentiam-se desejados. Onde passavam as mulheres olhavam e os chamavam. Uma pegou Bruno pela mão e o puxou. Olhando-o nos olhos propôs sexo a três com uma amiga. Mas o rapaz ficou nervoso e tudo que disse foi VOU VOMITAR. O que eu não vou entrar em detalhes, pois você pode estar lanchando enquanto lê isso. O que é errado, afinal jantar no computador pode atrair formigas e baratas, que podem entrar na CPU e danificar as coisas… Enfim. Estavam deslumbrados com tantas mulheres lhes querendo. Carlos, por exemplo, foi chamado de “gostoso” duas vezes e isso o fez estufar seus peitos e andar como se fosse um pombo macho prestes a acasalar, pelo resto da noite.
     -Eu disse que eu malhar na praça estava adiantando… - Gabou-se, porém sendo ignorado pelos amigos.
     Enfim chegaram ao final da rua. Uma casa vermelha os chamou a atenção. Ao lado dela havia um beco que parecia abarrotado de mulheres, e logo na porta uma loira encarou Lucas. Sem pestanejar e nem se despedir dos amigos, ele a seguiu sorrindo, e mostrando o dedo do meio para os que ficavam.
     Sobraram os quatro. Porém Carlos e Helton notaram que os dois primos não estavam à vontade. Cuidadosamente cruel, os dois inventaram uma desculpa e abandonaram Bruno e Luan na frente de uma mesa de sinuca. Alguns minutos depois, estariam em um quarto apertado, transado com gêmeas e com sorrisos de moleques que acham dinheiro no chão, ou simplesmente viram a calcinha de uma moça sentada no shopping.
     Bruno e Luan logo repararam que o caldo ia engrossar. Sozinhos, com medo e muito envergonhados, os primos ficaram parados ali, calados. Observaram algumas mulheres passarem por eles sorrindo, segurando em seus membros e lambendo os lábios exatamente como as atrizes pornôs faziam na televisão. Era como um sonho. Até mesmo a paquera de mulheres estranhas os fazia suspirar. Estavam se sentindo lindos, desejados, mas não tinham coragem. Até que Luan resolver propor beberem mais um pouquinho.
     Beberam por trinta minutos e estavam alegres.
     -Agora é a nossa hora!- gritou Bruno jogando o copo vazio contra o chão e recebendo olhares reprovadores dos homens no bar.
     -Vamos fazer isso juntos. Vamos escolher a mesma, aí talvez não fiquemos nervosos!- opinou Luan.
     -Você está maluco? Nós dois juntos? Isso é nojento, cara! Vai que seu saco encosta no meu? Vai que, sei lá… O meu desliza e entra em você! Isso arruinaria nossa juventude. – Negou-se Bruno totalmente desesperado com a idéia de seu primo.
     Luan respirou fundo.
     -Ô maluco! Não fala merda! É só saber fazer. Não precisamos fazer ao mesmo tempo! Eu faço primeiro, você olha. Depois você faz. É simples! Assim nem nervosos a gente fica, cara! Deixa de bobeira!
     -Luan, se você tá fazendo isso só pra não pagar sua própria puta, pode esquecendo! E não vou ficar me exibindo pra você enquanto transo! Pode esquecer! Não vou mesmo!
     Dez minutos depois os dois estavam na frente de um bar conversando com uma moça negra, de quadris largos. Ela vestia uma calça jeans muito justa e sutiã que deixavam exibir os enormes seios. Tinha cabelos cacheados e era bonita além de tudo. Sob seu nariz havia uma pinta que deixou Bruno apaixonado… De verdade.
     -Quanto é?-perguntou Bruno assim que a viu.
     A mulher se aproximou e passeou com seu dedo entre o peitoral magro do rapaz.
     -É vinte e cinco. A gente sobe pro quarto e faz gostoso!
     -Você… Sei lá… Faz com os dois? – Intrometeu-se Luan com uma voz trêmula.
     Ela sorriu.
     -Olha eu até faço. Mas é que o quarto é pequeno e…
     -Pelo preço de um?
     -Tá maluco, Bruno! Tá querendo pechinchar com ela?- disse Luan dando um tapa no braço do primo.
     -Não, os dois vai ser cinquenta Reais. Só que o quarto é minúsculo. Seria desconfortável. Seria melhor um de cada vez… Mas tipo, tem uma colega minha que chegou agora, tá limpinha… Ela tá ali ó.
     Os dois seguiram o dedo fino da moça até o bar bem à frente deles. Estava escuro e o som alto das músicas do Juker Box, misturado com o efeito da cerveja, faziam a visão dos dois ficarem ainda pior. Podiam ver uma silhueta de mulher se aproximar saindo detrás do balcão. Locomovia-se na direção deles sensualmente e balançando seus quadris.
     -Ela... É...Muito... –Dizia pausadamente Luan. - ... Feia?Caralhooo!
     A mulher que surgiu do meio da penumbra era o que podemos chamar de baranga. Barriguda, cabelos curtos e com um piercing pendurado no que se imaginava ser um umbigo, fez com que os primos se entreolhassem.
     -Sabe, Bruno... Pode ir com ela. Eu... Eu me viro...
     Bruno nem ao menos olhou para a cara de seu primo. Pegou a morena pelos braços e foi para o quarto. A colega feia dela ainda ficou observando o corpo de Luan, mas ele imediatamente saiu de perto e continuou andando pela Vila Mimosa.
     Sozinho e com medo de estar ali. O rapaz se sentou numa cadeira vermelha e ficou pensando. Foi então que olhou para sua frente e parecia que um feixe de luz vindo do céu (na verdade de um poste) queria lhe mostrar algo. Encostada numa porta de madeira, uma moça magra de cabelos cacheados e com um olhar perdido, parecia entediada. Era como se uma luz divinal a iluminasse naquele instantes, e os anjos cantassem suas óperas. Semi-bêbado, Luan resolveu se aproximar lentamente. Não fazia a menor idéia de como abordá-la. 
     Pensou por alguns segundos em diversas cantadas, em diversas abordagens, pensou até mesmo em perguntar as horas. Mas então tomou coragem e começou de uma maneira simples.
     -Oi... Você é puta?- perguntou disfarçando com uma tosse.
     Ela sorriu.
     -Freira que eu não seria, né? Se fosse, o que eu estaria fazendo aqui na Vila?-respondeu num tom amigável e não demonstrando estar ofendida.
     -Quan...Quanto é?
     -Vinte e cinco... Você tem quantos anos, hein?
     -Eu tenho dezoito... Meu nome é Lu...
     -Não precisa dizer seu nome. – Ela parou e pensou um pouco. – Hum... Você é virgem né?
     -Talvez eu seja... Muda algo?
     -Não... Jamais! Mas... Vamos?
     -O quê?
     -Jogar Pimball... Transar, porra! Você tá muito nervoso menino! Calma... Vou ser delicada contigo. Gostei do seu jeito!
     Ela então o pegou pelas mãos e o conduziu até uma mulher gorda que carimbava alguns papéis do outro lado do balcão do bar.
     -Você paga à ela, e sobe comigo. O quarto é lá em cima.
     Na hora de puxar seus documentos e o dinheiro, uma série de cartões caiu sobre o balcão, inclusive um Rio Card.
     -Você vai tentar pagar com Rio Card? É isso mesmo?
     -E que você é um caminhãozão!
     A moça riu, mas não entendera a piadinha do virgem bem à sua frente.
     Devidamente acertados, os dois subiram por uma escada estreita.  Enquanto subia, Luan ficava mais nervoso, e ainda mais nervoso ficou quando começou a ouvir gemidos de mulheres durante o percurso. Eram gemidos graves, finos, alguns pareciam até espirros.
     Chegaram ao quarto. Era pequeno, estreito e tinha uma cama de solteiro abaixo da janela. Um ventilador pequeno era sustentado por uma haste de arame apontado para a cama. O que chamou a atenção do rapaz era que as paredes não iam até o teto, o que provavelmente divulgaria todos os sons que ele fizesse.
     Eles muito conversaram. Luan contou que estava com seus amigos, contou que há muitos anos queria transar. E quando olhou para o lado por uns segundos, e voltou os olhos para a moça, ela estava nua. Era a primeira vez que via uma mulher nua, que não era sua mãe ou alguma parenta, tão de perto. Estava maravilhado.
     -Acho melhor você tirar a roupa. Não dá pra trepar vestido né?-perguntou a mulher partindo pra cima do rapaz e tirando sua blusa.
     As sensações foram tomando conta de Luan. Ele finalmente teve suas dúvidas respondidas. Sexo era algo ótimo. A prostituta, que ao final se nomeou Joyce, fez com que ele começasse com chave-de-ouro sua vida sexual. O problema, é que Luan se apaixonou por ela. E isso daria uma outra história, pois ele fez de tudo para transar com ela novamente, só que na Vila Mimosa, havia centenas de Joyces, mas nenhuma era aquela pela qual ele se apaixonou.
     Na volta pra casa os cinco amigos contaram suas experiências. Todos sorridentes. Bruno dissera que agora teria taras por negras eternamente. Carlos contara que a mulher que “comera” fazia de tudo, tudo mesmo e virou o mestre dos amigos. Lucas, o primeiro a se arrumar na Vila, estava com a cara toda cheia de purpurina, e isso gerou comentários de que, na verdade, ele havia transado com um travesti, mas ninguém pode confirmar tal versão. Helton era só sorrisos também, saiu do quarto de mãos dadas com sua ninfeta e ainda bebendo coca-cola. Só Bruno viu a cena, e disse que o rapaz parecia estar namorando. E Luan, bem, Luan finalmente sabia que sexo era gostoso, e que a partir dali, iria transar com todo mundo que pudesse, e faria de tudo por isso.
      -Cara, eu transei muito. Ela disse que sou gostoso!- comentou Bruno enquanto fazia uma cara de idiota que só pessoas que acabaram de transar pela primeira vea sabem fazer.
     -Bruno, você tava pagando. Ela é obrigada a dizer isso! Se você fosse maneta, ela diria que sua mão é a mais bonita do mundo.- disse Helton.
     -Só sei que estou apaixonado. Joyce! Ela me contou toda a vida dela! E disse pra eu voltar!
     -Você veio transar ou pra usá-la como terapeuta?-perguntou Lucas.
     E os cinco voltaram várias vezes. Em busca de sexo, e só isso.

 
FIM
Fael Velloso
Enviado por Fael Velloso em 11/09/2011
Reeditado em 11/09/2011
Código do texto: T3214286
Classificação de conteúdo: seguro
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