Conversa de Cu

— Nossa, que cara de bunda!

— Por causa dessa vida de merda.

— Por isso está fazendo bico?

— Não aguento essa bosta.

— Lhe cheira mal?

— Se fosse isso apenas. Mas tenho que ficar encarcerado nessa vida privada. Sofro com o que sai e o que entra, ninguém tem cuidado comigo.

— Que papo de cuzão.

— Olha quem fala, cara de bunda mal lavada.

— Você deve ter dado azar com essa vida de cocô. Eu sou mais sortudo, vira e mexe sinto aroma de fragrância granfina, só me tocam especialistas, nasci virado pra lua.

— Mas e essa veia ressaltada aí, não é uma hemorróida?

— Nem tudo são flores, vez ou outra eu me fodo, embora minha dona diga que quem se fode é ela.

— Sua dona diz que você vive pegando fogo.

— Fogosa é ela, eu apenas sinto a ardência da queimadura.

— Estou cheio de fissuras, ontem até sangrei.

— Que cagada, meu amigo!

— Se tiver outra vida, quero ser piru, acho que sofre menos. Foi o que um me disse, quando me arrebentou semana passada.

— Pode até ser, mas sujeito com tanta marra, deve ter vida até pior.

— Ouvi dizer que boceta sofre ainda mais.

— Vivo nesse aperto, quando folgo é porque fui arregaçado.

— Fora que nos oferecem, dizem que vão dar, mas quem ganha os presentes indesejados somos nós.

— Shit! Sempre a mesma porcaria.

— Às vezes me borro todo.

— Já fiz greve, tem dias que tranco.

— Esse papo de fezes está me deixando cheio, daqui a pouco eu cago tudo.

— Se fizer eu te ajudo, vamos fazer unida diarréia, quem sabe assim nos escutem, através dos sons estomacais.

— Ou peidando. Garanto que escutam.

— Relaxa as pregas que a situação um dia tende a melhorar.

— Se não melhorar, mandamos tudo para aquele lugar, ou seja, para nós. Hahahahahahahah!!!

Logo em seguida as bundas reclamam.

— Que barulheira é essa, o que estão fazendo?

— Apenas cuversando.