"As Aparências Enganam"

“As aparências enganam”

Artista principal: Sebastião Gregório Tibiriçá Machado.

Coadjuvantes: As Gatas- Luana, Déia, Tatinha, Rose e Do Carmo.

Os Sarados – Ticão, Bidu, Guindaste, Tonhão, Tarzan, Tomovi.

As gostosas chefiadas por Luana pareciam garotas Sargenteli, ou Chacrete, Guguzete, etc. Todas poderiam dançar em qualquer programa de T.V. não fariam feio. Os Sarados poderiam competir com Swaszzeneger, ou Van Damme. Negões de fazer inveja a qualquer um. Na Comunidade Pedra Branca antiga favela do Bruxo, este pessoal não fazia nada. Viviam à custa de dinheiro dos pais que lutaram a vida toda para ter alguma coisa no futuro. Só ficavam na pracinha do cachorro quente, igual à cobra no sol. Com o corpo cheio de óleo, eram o cartão de visita dos turistas e suas fotos já tinham atravessado o Oceano. O único que destoava dos demais era Zico, antes Titã, Tião, e finalmente Zico de Tiãozico. Magro igual uma doença brava, se usasse cueca seria infantil, era um cara sem bunda. Não era feio, mas, era um saco de osso.

Quando passava pela praça, raras vezes pegava um cachorro quente. Estava sempre apressado, trabalhava no asfalto só que míngüem sabia onde. E nem de que. Alguns se aventuravam: é gari, outros, é engraxate e outro, magro deste jeito só pode ser ladrão. O carnaval estava chegando. Todos se preparavam para ir à avenida. No sambódromo vinha gente de todo lugar.

O pessoal da Pedra Branca abafou. Todos os homens e mulheres suspiravam pelos belos espécimes. Quando terminou o ensaio, pois o carnaval seria no mês seguinte. Todos saíram, pois tinham uma bela caminhada pela frente.

Os sarados se consideravam donos das meninas só que ninguém havia pegado ninguém. A mais cobiçada era Luana, pois parecia uma artista de cinema. Da parte dos homens Tição e Guindaste ganharam por cabeça. Parecia que todos tinham o mesmo corpo, só mudava a cabeça. Mas todos senhores de si achavam ser a última bolacha do pacote. Estavam todos parados para atravessar a grande avenida e seguir uma rua de pedras que chegava às escadarias do morro. Não se sabe de onde apareceram primeiro os moleques, depois as mulheres, e por fim os homens e cercaram a turma. Que eram onze, mas sumiram na roda formada pelos demais. O chefe deles, um crioulo muito forte falou. -Vamos zoar todo mundo, menos as franguinhas.

Aquele bando de gigantes tomou tapa na cara de meninos, só que cada menino tinha um oitão na cinta. Deixem os sapatos, as calças e camisa e passem pelo corredor, daí podem ir embora. Pagaram maior vexame e abandonaram as moças à própria sorte. Aí foi a vez das mulheres que iam ficar peladas. Do nada pulou ao meio da rua o super herói Zico. Ninguém mexe com minhas mulheres... e o couro comeu. Todo mundo foi arremessado ao chão e se levantava era para cair de novo pelos formidáveis golpes de capoeira de Zico.

O primeiro a correr foi o chefe que tomou vários chutes na cara. Quem não tomou nada pelo menos uma rasteira. Avenida ficou vazia, mas era nego capengando e derramando sangue pela orelha, pelo nariz, e boca.

No outro dia na praça do cachorro quente tudo normal.

De um lado os sarados, com um bico que perecia um pelicano. Do outro lado as gostosas, pêra aí o que é aquilo?

No meio daquelas coxas grossas um par de pernas finas parecendo bambu.

Sentado em um sofá velho, estava Zico e em volta as mulheres sendo que a mais carinhosa era Luana. Meu neguinho quer mais caipirinha? Ao que aquela vózinha fina responde. – Quero.

E a Déia, fala: – trouxe pasteizinhos quentinhos fritei agora você quer?:

- Quero e a mezinha de plástico ao lado do sofá ta abalroada de carne seca com mandioca frita, pastelzinho, espetinho de camarão.

Zico com um par de enormes óculos escuros flutuava na camiseta do Vasco e um calção branco. - Neguinha põe o guarda sol mais para lá? Todas voaram para cumprir as ordens do novo e verdadeiro dono do morro do Bruxo, quero dizer comunidade Pedra Branca né Zico?. - Como é? Desculpe Sr. Sebastião Gregório Tibiriçá Machado. - È melhorou.

Saímos dali prevendo, dentro em breve um bando de negrinhos de canela fina dominando o morro, digo Comunidade Pedra Branca.

Este conto despretensioso fará parte do livro “História encontrada dentro de uma garrafa”

Em tempo: Descobriram que o senhor Sebastião Gregório Tibiriçá Machado era mestre em artes marciais e dava aula em uma academia na orla. Ninguém perguntou né? Morreu solteiro, mas curiosamente tem um bocado de moças além das gostosas, pedindo pensão para seus negrinhos todos de canelinha fininha.

OripêMachado..

Oripê Machado
Enviado por Oripê Machado em 29/10/2011
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