O Cavalo Que Falava
Minha mãe contava. Um rapaz viajava por uma estrada vicinal mal conservada, quando seu carro enguiçou num lugar ermo e feio. O sol já estava anunciando o fim da tarde e o inicio da noite. Ele levantou o capô para detectar defeitos no motor, por mais que procurasse onde estava o defeito nada fazia o motor pegar. De repente ele ouviu um vozeirão detrás de um arbusto, “é cisco na gasolina”! Seus cabelos arrepiaram o coração quase saindo pela boca, mesmo assim criou forças e foi ver quem estava falando por detrás daquele arbusto. Era um cavalo, ficou observando o animal, ficou mais amedrontado quando o cavalo irritado falou: “Porque está me olhando cara! Já falei que é cisco na gasolina!” Nessas alturas já começava escurecer, daí o rapaz saiu correndo estrada afora, depois de correr mais de uma hora avistou um casebre caindo aos pedaços, bateu palmas e apareceu uma senhora de um olho vazado, banguela, rosto deformado com uma lamparina iluminando ainda mais à cara fantasmagórica, mesmo assim criou coragem e pediu ajuda. Travaram-se o seguinte diálogo:
Rapaz- Boa noite Senhora, meu carro enguiçou a uns três quilômetros daqui e juro que vi e ouvi um cavalo falar.
Senhora- O que ele falava?
Rapaz- Que meu carro tem cisco na gasolina.
Senhora- É um cavalo velho, magro, caindo o pelo e cabeça ruça?
Rapaz- É esse mesmo!
Senhora- Não liga não, aqui ninguém liga o que ele fala, já está ficando caduco, mentiroso como ele só. O cavalinho filho dele tá puxando o pai, além de ser muito malcriado.
Minha mãe ironicamente ao terminar à história dizia que o rapaz saiu correndo, mas os filhos em ingenuidade queriam saber o fim e ela rindo dizia: “na hora que o rapaz parar de correr eu acabo de contar” O rapaz está correndo até hoje. Minha faleceu em 1996.