"A Bicicleta".


Com idade indefinida, mas julgando ser uma pessoa mais inteligente que os demais, me enamorei de uma bicicleta.
Além do preço que pelas minhas parcas possibilidades, ficara quase impossível a transação, minha experiência com a dita cuja era zero. Nunca tinha pegado sequer para empurrar e sentir o gosto ao menos de segurar a preciosidade. Como a cabeça só funciona no tranco, me empenhei para o resto de minha vida, vendi a alma, ficaria sem salário por bom tempo. Mas fazer o que?
Certo sábado de manhã levei a danada para casa. Após amarrar a barra da calça, levei a bicicleta para uma pequena descida, onde iria demonstrar o meu largo conhecimento ciclístico. Sentei no selim e com um pequeno empurrão de pé, lá estava eu pilotando aquela jóia. Realmente não foi difícil, mas à medida que descíamos a rampa, a bicicleta adquiria mais velocidade.
Senti-me o mais feliz dos homens, porém comecei a ficar preocupado, pois a velocidade aumentava metro à metro.
Comecei a considerar seriamente a possibilidade de pular da jóia e por os pés em terra firme. Já ficava difícil controlar a máquina e dos meus conhecimentos, freio, era o que eu desconhecia. Ladeira abaixo, rezando e gritando por todos os santos, fui batendo ora num barranco, ora num galho de árvore à beira da estrada. Por fim veio o choque com uma porteira dura como o aço. Hoje com o braço quebrado, e sem alguns dentes, tento vender a bicicleta para diminuir o prejuízo. Recebi o aviso do ex dono que quer receber de qualquer maneira. 

Amigos não tentem fazer o que não sabem...  Uiii!


                                         Oripê Machado.

Oripê Machado
Enviado por Oripê Machado em 21/11/2011
Reeditado em 22/11/2011
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