O COLEGA "BOCA SUJA QUE PAGOU MICO
Quando trabalhava na Minascaixa, os dividendos da Caderneta de Poupança eram pagos trimestralmente e as contas eram feitas uma a uma naquelas calculadoras de manivela. Era um trabalhão. No primeiro dia de cada trimestre a gente trabalhava que nem mula. Eram cinco horas trabalhando em pé, sem direito nem a um lanche. Nosso chefe de setor brincava conosco:
-Vocês tem que vir já comidos, cagados e mijados...Nem prazo de ir ao banheiro tínhamos. Tinha nessa época um colega boca suja: em toda frase que falava tinha dois palavrões: “caraio” e “porra”. No final de uma frase a gente para dar ênfase fala: PÔ! Por exemplo:
-Já fez o que te mandei?
-Claro, pô!
Ele não, falava era “porra” mesmo e ainda carregava os “erres”. Nosso chefe vivia as turras com ele. Ele chegava e dizia:
-Troca esse caraio dessa nota pra mim, porra.
Eu falava:
-Além de indecente, analfabeto... quer falar palavrão, pelo menos fale o nome certo.
Certa vez, atendendo uma fila quilométrica o dia inteiro, suspirei aliviado quando o guarda fechou as portas. Continuei atendendo os retardatários e falei com o guarda:
-Faça de conta que essa porta é o seu fiofó, não deixe entrar nada, só sair... Muitos clientes teimavam em entrar na agência após as portas serem fechadas. Assim que atendi o último cliente, dirigi-me à cantina, quase tendo miragens de fome e sede. Lá chegando, escutei uma voz vinda do banheiro, que ficava quase de frente a cantina:
-Quem ta aí?
-Eu, o que você quer?
-Pegue um pedaço de papel higiênico para mim aí no banheiro das mulheres...
Eu entrar em banheiro de mulheres que nada, fui ao almoxarifado e peguei um rolo de papel e o entreguei pela porta entreaberta.
Fui tomar meu cafezinho e nesse momento foi chegando o resto do pessoal para o lanche.
O colega foi saindo do banheiro e resmungando bem alto:
-Nesse caraio de banheiro não tem papel pra gente limpar A PORRA DO CÚ...
Não fosse a presença de nosso sisudo gerente que não acreditava no que ouvia, teríamos derrubado o prédio com as gozações...
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