SEU CACHORRO É UM SHOW!!!!!

Moro na Chácara Santo Antônio, um bairro privilegiado, super valorizado do Tatuapé, bem próximo ao Jardim Anália Franco; temos pouquíssimas ocorrências policiais e por aqui o silêncio sempre foi respeitado.

Novos vizinhos se mudaram para a casa ao lado da minha, e trouxeram consigo um cão da raça labrador, cor de café com leite, muito lindo, dócil e inteligente, mas sabe-se lá vindo de onde, pois estranhou muitíssimo o contato com as pessoas que passavam pela rua, e seus donos o soltavam para o jardim, às primeiras horas do dia, tipo 6 da matina e minha janela fica bem ao alto, do lado desse dito jardim.

Não, gente, ninguém merece ser acordado nesse horário, principalmente eu, que, como todo bom escritor, pratico o corujismo e vou me deitar somente depois de responder aos meus leitores (cerca de 150 recados diariamente). Alguém já ouviu o latido de um labrador? (não sei se é próprio dessa raça, ou se este espécime veio com defeito de fabricação) Nem queiram saber como é!

Simplesmente esquisito e insuportável, pois ele começa a latir e vai ficando no auge, até que seu latido tenha um som de cuíca furada ou sei lá o quê, mas acho que quem tiver um cão assim, deve tomar aquele velho chazinho de “simancol” e deixar o bicho dentro de casa até um horário que seja razoável. Quando saio então à noite, para passear com meu cão salsichinha, quase morro do coração, pois esqueço que o bicho está no jardim e late desvairadamente quando alguém passa.

Sempre levo tremendos sustos ao sair de casa, pois prefiriria andar na calçada, já que a rua onde moro é pavimentada de paralelepípedos, e de salto alto é até perigoso torcermos o pé. Mas sou obrigada a ir mesmo pelo meio da rua, ao sair, pois o cão é invocado e não se acostuma com os vizinhos de jeito nenhum.

Sua dona é simpática e um dia parei para conversarmos e o cão quis me dar a pata, atendendo o pedido dela, e ao me aproximar, quando ele lançou no ar aquela tremenda pata, tentando me alcançar para colocá-la em minha mão, alcançou foi meu rosto e suas unhas ficaram frisadas no meu rosto e foi mais um susto, e assim não quero papo com o bicho.

Ele que vá latir noutra freguesia.

Bem, encurtando o assunto, para não me indispor com os novos vizinhos, resolvi dar uma de “anonimato”, simulando ser um morador do enorme prédio que se ergue bem em frente e lhes escrevi o bilhete abaixo – tomara que eles não sejam leitores do RECANTO DAS LETRAS.

E lhes afirmo... que não adiantou absolutamente nada, pois só no primeiro dia eles tomaram as devidas providências para nos deixaram dormir sossegados. Depois, soltaram o bicho de novo no jardim... pode?:

Caros vizinhos,

Quem já não ouviu o seu cachorro em toda a região?

Acredito que ninguém mesmo... que fôlego tem o bicho... nossa...

Pena que nós, os moradores do prédio em frente à sua casa, muitos dos quais trabalhamos à noite, precisemos dormir pela manhã, mas seu cachorro acha que devemos ser despertados mesmo antes de termos conseguido dormir...

Francamente, não temos nada contra o animal, apenas apelaríamos para o seu bom senso, pois é impossível que não percebam o quanto somos incomodados por esse problema.

E olha que em cada casa ou cada apartamento, existe sempre um animal de estimação, mas todos sempre nos respeitaram, pois é difícil trabalharmos até bem tarde da noite e não conseguirmos dormir pela manhã.

E vocês, trabalham durante o dia? Que ótimo! Certamente dormem bem durante a noite... imaginaram se nós resolvêssemos gravar o latido do seu cão e direcionássemos um alto-falante para a sua janela, durante a noite? Nossa! Seria ruim não poder dormir, não é mesmo?

Resolvemos mandar este recado, contando com sua colaboração, pois achamos que a política da boa vizinhança assim o exige, ao invés de darmos queixa no órgão que regula os decibéis dos sons acontecidos pela cidade, o PSIU.

Acreditamos que todos os vizinhos sejam verdadeiros santos por ainda não terem reclamado, mas acredito que tudo ficará bem.

Um bom abraço dos seus vizinhos que agradecem, se puderem, de hoje para diante, poder dormir durante o dia, para conseguirem trabalhar à noite.

Nós...

Agora, vocês, meus bons amigos escritores do RECANTO DAS LETRAS, o que fariam, ao ver que a carta não surtiu o desejado efeito?

Aceito opiniões e sugestões.

Estou com olheiras e desgastada com esse problema.

Pensei até em mudar os meus horários, mas durante o dia tenho inúmeros compromissos a cumprir pela parte da tarde, e acho que quem precisa mudar os hábitos do seu cachorro, são eles mesmo.

Um grande abraço.

MWarttusch

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MWarttusch
Enviado por MWarttusch em 19/01/2012
Código do texto: T3449890