Agora posso praticar contravenção
A humanidade inventa um monte de regras, leis e normas, mas às vezes nem sabe definir o que é certo ou errado. Alguns conceitos perdem valores nobres, outros ficam “guardados” em manuais de ética. Isto permite rompimentos e fazem que, certos atos, deixem de ser crime, talvez continuem estranhos, crime não mais.
Além disso, a imbecilidade humana oferece liberdades à medida que aumentamos nossa capacidade financeira ou faixa etária.
Hoje faço coisas que antes não podia: aperto o tubo de creme dental no meio; durmo sem escovar os dentes; como a sobremesa antes das refeições.
Todos os jornais que eu deveria ter lido são forro de gaiola, produto para embrulho em loja de R$ 1,99 ou papel higiênico em banheiro de oficina. Adorei perder as informações, principalmente porque não existe regra mais chata do que ler jornal.
Beber água na boca da garrafa é uma delícia, é só a visita não saber que não tem problema nenhum. Regras só existem quando tem alguém olhando! Por isso, trate bem o seu funcionário, ele pode ter algo nas mãos quando você o cumprimenta; sua cozinheira pode colocar alguma coisa nada higiênica no caldo do feijão; a telefonista pode ouvir mais do que você imagina...
E o que uma pessoa faz quando está dirigindo, tirando meleca do nariz e é surpreendida com alguém olhando? Fácil ! Disfarça coçar a face ou tosse. Mas quando está em casa, sozinha, tira meleca com o dedo, olha pra ver a cor, não lava as mãos e ainda rói as unhas. Aliás, é mais fácil roer do que cortar! Você pode roer as unhas e assistir tv ao mesmo tempo, mas se usar um cortador de unha não dá para ver a TV.
Hoje faço careta na frente do espelho, converso sozinho, uso a cueca do avesso, e limpo o ouvido com a chave da porta; o meu filho poderia ler, descobrir tudo isso e mais : que eu usei cola na prova de matemática da oitava série... A salvação é que lá em casa o computador só serve para jogar paciência.