O “Testículo” do Político na cidade de Pinhão

A cidade sertaneja de Pinhão, estava passando por uma longa estiagem. Os pinhãoenses ficaram tão desesperados que quaisquer políticos que por ali passassem eram tratados como “santos” e até beatificados. De verde só existia a camisa do time local: Palmeiras Esporte Clube.

Aproveitando-se, como sempre, do miserê do povo para lá se dirigiam vários políticos prometendo chuvas artificiais, extinção da fome, casas populares, escolas, hospitais, e até a transposição do Rio São Francisco para juntar-se ao Rio Vaza-Barris e fazer daquela terra sertaneja uma “Califórnia Sergipana” através da tão propalada irrigação.

Certa feita, fui visitar o colega Afonso Barbosa, hoje advogado, naquela urbe e tive oportunidade de assistir a um comício. A chegada do candidato majoritário foi apoteótica: a bandinha da cidade começou a tocar “Cidade Maravilhosa”, foram distribuídas bebidas alcoólicas, foguetes e tudo que o candidato da situação tinha direito. Depois da costumeira recepção iniciaram os falatórios e como é de praxe, primeiro discursaram os “peixes pequenos” para depois entrar o maioral visitante.

-Meus Senhores!..Minhas Senhoras!..É triste ver a situação em que se encontra a cidade de Pinhão. Hoje, darei camisas para vocês passarem o frio que impera à noite nesta urbe sertaneja. Vocês me perdoem por não trazer alimentos, mas caso eu ganhe as Eleições garanto a vocês que acabarei com a maldita fome. Hoje, entregarei camisas como tinha dito antes. -Discorreu o candidato majoritário.

Camisas foram lançadas, mas não aproveitadas. Motivo: todas foram rasgadas.

-Queremos camisas!.. Gritava a multidão.

Não tendo alternativa, demagogicamente o candidato tirou do seu próprio corpo a camisa,os sapatos,as meias, as calças ficando somente de cueca. O povo pediu:

-A cueca!... A cueca!..

-Não posso... não posso mostrar os testículos. Explicou vergonhosamente o aspirante ao cargo eleitoral.

Um mês depois encontrei o candidato em Aracaju e lhe indaguei:

- Doutor!... Qual foi o motivo do senhor falar para aquele povo simples testículo e não “ovo”?

-Com a fome que aquela gente estava se eu usasse a palavra “OVO”, eu hoje estaria CAPADO.

Reri Barretto
Enviado por Reri Barretto em 18/07/2012
Código do texto: T3784839
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