O VÉIO ASMÁTICO QUE TOMOU VIAGRA

Gumercindo era asmático, no inverno ou em qualquer estação que o ar estivesse seco, ele penava. Era freguês assíduo do único hospital da cidade em suas crises. Vivia fazendo inalações ou vaporizações para minimizar sua falta de ar. Certo dia sua mulher notou que ele estava com o rosto vermelho como um tomate, perguntou o porquê e ele não conseguiu responder. Tentava falar e não conseguia. Abria a boca e sua língua estava estranha, enrijecida. Gungunava, gungunava e nada de ser compreendido. A mulher achou que ele estava sofrendo um AVC. Correu na casa de um vizinho e pediu para levá-lo em seu carro para o hospital.

Gumercindo não queria ir, gesticulava, apontava para a língua e ninguém entendia nada. A muito custo, o colocaram no veículo e foram ao hospital. Lá chegando foi atendido pelo médico plantonista que fez os exames preliminares. A esposa perguntou ao médico o que estava acontecendo com o marido. Ele disse:

-É estranho, a pressão arterial e temperatura estão normais, os batimentos cardíacos estão um pouco fora do normal, devido ao estado de agitação dele. Ele não consegue contar o que está sentindo, vou ter que interná-lo e colocá-lo sob observação. Ao ouvir isso o paciente se revoltou, fazendo sinais que não, que não...

O médico mandou-o deitar-se e ameaçou amarrá-lo se ele não sossegasse. Com relutância ele obedeceu. O médico, minucioso, fez-lhe ali mesmo um exame de glicemia. Ao ver a glicose dentro dos limites da normalidade, mandou ministrar soro glicosado nele. A enfermeira chefe estranhou o fato, visto o paciente não apresentar nenhum sintoma de desidratação. Ele disse que ia sedar o paciente e mandou colocar junto ao soro uma pequena dose de sedativo. Assim foi feito. Pouco depois o paciente roncava como uma motossera. Tempos depois ele acordou com o quarto cheio de gente e o médico foi entrando. Com dificuldade ele já podia falar. O médico perguntou o que havia acontecido. Ele pediu para todos saírem do quarto. E a sós com médico contou a história:

-Doutor, eu tentei dizer que não tenho nada... Vou contar o que aconteceu: tenho uma vizinha, viúva, ajeitadinha, e eu vivo arrastando a asa para o lado dela, ela sempre desconversava, nem falava nem que sim nem que não. Até que ontem ela concordou, marcou um encontro comigo na casa dela. Eu com medo de fazer feio, afinal já não sou nenhum rapazinho, resolvi experimentar o tal Viagra. Comprei um, e como sou muito distraído, acostumado a colocar comprimido para asma debaixo da língua, coloquei o tal Viagra debaixo da língua e ela endureceu...

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HERCULANO VANDERLI DE SOUSA
Enviado por HERCULANO VANDERLI DE SOUSA em 13/08/2012
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