De banheira rosa, batata e dinossauro

Outro dia fui ao museu e vi uma banheira rosa, cheia de terra vermelha, com duas luvas amarelas de borracha pregadas na borda.
Falaram que era arte!

Andei mais um pouco e vi uma mesa com dois metros de altura. Sobre ela, espalhadas ao acaso, havia várias batatas roxas e umas duas dúzias de ovos.
Afirmaram que era criatividade!

Ontem ouvi falar de um cara chamado “Dindim do Buraco”. Um candidato a vereador em uma cidadezinha do interior. Junto com ele, tinha o “Mané da Funerária”, a “Tiça que atiça”, a “Joana bombonzão” e o “Santinho das Mulheres”.
Fiquei pasma, mas me disseram que é política! Então tá!

Fui apresentada para um barulho que repete a mesma frase mil vezes, uma ladainha que entra no cérebro e fica lá cutucando as entranhas como uma praga... “Nooooossssa!”
Ai, ai, me juraram de pé junto que é música!

Descobri uma grande movimentação por aqui. Prédios e "quase estádios" sendo construídos, discursos e explicações sem fim e dinheiro escoando pelo ralo e para o bolso dos de sempre.
Me disseram que é esporte. Eita! Quem mandou pesquisar?

Contaram para mim, que professor hoje em dia é esculachado, aluno não reprova mais, internet é permitida a qualquer momento, mesmo quando o coitado do professor está lá na frente, se contorcendo para explicar pela milésima vez a história de um país que ninguém acredita mais. Hino e bandeira nacional? Coisa livro velho, rançoso. Coisa de gente “antiga”. Estudar para quê? Todo mundo passa de ano mesmo!
Deram nomes bonitos para isso: adaptação, modernização. Credo! Para mim é outra coisa: desrespeito e falta de umas boas palmadas nos sem educação que acham que escola é lugar de bandalheira.

Ouvi o povo comentando por aqui de cenas quentes, brigas, discussões, marido que troca mulher, mulher que troca o marido pelo irmão e depois pelo primo do tio do avô do vizinho...
Uma coisa que devia ir ao ar às 8 da noite, mas parece que vai lá pelas 10, quando supostamente, nossas crianças já estão dormindo. Tomara!
Chamam de entretenimento. Ui!

Sei lá.
Tô ficando assustada.
Nada contra (e nem a favor) quem gosta da banheira rosa e da mesa cheia de batata e acredita que é arte, de barulho horroroso e chama de música, da baboseira das 8 e das bandalheiras da política e ainda consegue rir e não morrer de raiva disto tudo.
Eu não consigo.
Devo ser bem irritante, mas continuo fiel as obras de arte que consigo compreender, às músicas que precisam de instrumentos para serem compostas e de voz para serem interpretadas. Gosto (e admito), de um bom livro com começo, meio e fim. Ainda acredito que escola é lugar para aprender, inclusive sobre respeito, ética, cidadania....
Devo ser chata, um dinossauro, mas fazer o que? Parece que antes havia coisas um pouco mais interessantes...

Credo! Assim alguém me mata!





 
Edeni Mendes da Rocha
Enviado por Edeni Mendes da Rocha em 05/09/2012
Reeditado em 05/09/2012
Código do texto: T3866832
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