O CABO ELEITORAL QUE BROXAVA

Antes de tomar aversão á política e a políticos, trabalhei como coordenador de campanha para um candidato a prefeito de minha cidade. Campanha franciscana partido sem muita expressão política, iniciamos a campanha como azarões, no último lugar nas pesquisas. Mas com um bom trabalho, conseguimos reverter á situação. Respeitando os adversários, mostrando nossas virtudes e não os defeitos deles, saímos vitoriosos em uma campanha desacreditada.

O candidato após tomar posse, ficou em um dilema, tentando cumprir as promessas de campanha, colocando os cabos eleitorais em empregos na prefeitura. Havia me prometido uma secretaria e ao invés de me nomear secretário, o fez com uma adversária de partido. Começou assim sua administração. Para calar minha boca me colocou como assessor, até que desmembrasse uma das secretarias existentes e me nomeasse. Como assessor, fiz tudo o que condenava antes: ficava “coçando saco” recebendo dinheiro público sem merecer. Até que um dia me cansei daquilo e com o resto de brio que me restava, pedi demissão.

Dentre os cabos eleitorais que trabalharam sob minha coordenação, havia um sujeito sem caráter, caloteiro, malandro, cuja única ocupação que tinha era ser cambista de jogo do bicho. Como trabalhou muito, o prefeito ficou tentando achar uma colocação para ele na prefeitura. Como nunca havia trabalhado antes e ser semi-analfabeto, estava difícil achar algo para ele. Por fim o colocou para tomar conta da máquina de Xerox. Ele se sentia importante tomando conta da máquina, as moças da prefeitura o procuravam para tirar cópias e ele se achava muito importante. Volta e meia ele me procurava para trocar o toner da máquina que era muito complexa. Eu me cansei de ensinar a ele como trocava o refil. Ele ou não queria aprender ou não tinha inteligência para tal.

Certo dia pela milésima vez, fui trocar o cartucho de toner para ele e disse:

-Preste atenção: é a última vez que faço isso, veja se aprende. Ele nem sequer prestou atenção. Eu querendo me vingar, disse a ele:

-Veja bem, esse produto dentro deste cartucho, ao ser queimado, libera uma substância insalubre: altamente broxante quem trabalha muito tempo com esta máquina fica completamente broxa...

Aí ele se entregou;

-Ah, então é isso... Vou largar de trabalhar com essa merda, é por isso que minha mulher está reclamando que eu não estou dando no couro...

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HERCULANO VANDERLI DE SOUSA
Enviado por HERCULANO VANDERLI DE SOUSA em 01/10/2012
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