Catingueira das Almas era um lugarzinho bacana, supimpa, as festas na região tornaram-se populares e recebia grande multidão em virtude da convergência de pessoas de todo lugar aquele torrão. O que não era bom na cidade era a água; em pleno século vinte a população local era abastecida pela água de um poço extremamente salobro e daí os comerciantes apuravam rios de dinheiro na venda de água potável, doce, engarrafada. Jacobino Manoel era um comerciante daquele meio, dono de uma doçaria e muito afamado no rincão. Nas festas locais era sempre ele o primeiro a acabar com o estoque de água mineral, potável, fosse lá como fosse só sobrava lhe no outro dia os três potes da cozinha com água que ninguém bebia por ser salgada. Uma noite, contudo numa festa ocasional; tendo Jacobino vendido seus doces e guloseimas bem como seu estoque de água doce; alguém pediu para ir ao banheiro de sua casa fazer xixi. Jacobino permitiu e o solicitante um moço de fora entrou para logo voltar agradecendo ao comerciante. Cinco minutos depois outro rapaz veio até ele é pediu água. Jacobino explicou que só tinha a água salobra dos potes no que o moço para a estranheza do comerciante aceitou. Como é costume nesta gente do interior, o homem bem sentado a calçada confiou no rapaz e lho ensinou o caminho da cozinha. O moço entrou e logo voltou a agradecer a gentileza, Três minutos passados apareceu outros quatros mancebos com o pedido de água. Mesma explicação, mesma resposta de tem nada não e lá entraram os rapazes que logo voltaram sorrindo a agradecer ao dono da casa. Não tardou e dez minutos depois aportaram na casa do homem outros moços em total de sete. Mesmo pedido, mesma reposta, mesmo procedimento. Jacobino começou a ficar cismado; jamais antes alguém por aqueles lados bebera tanta água salobra. O homem ficou de pé, coçou a cabeça e quando ia entrar na casa um aglomerado de rapazes se postaram a sua porta a pedir água. Jacobino, de moleira em pé, sorriu aos mancebos e resolveu averiguar o que se passava. Para tanto mandou os rapazes entrarem a sua frente ensinando onde ficava o pote e os seguiu por último. Ao passar por um corredor que dava a cozinha da casa percebeu que Mariazinha sua esposa dormia de camisola finíssimo e transparente e nesta oportunidade estava sem calcinhas, estando em posição complicada. Os mancebos ao notarem o dono lhes acompanhando passaram direito a cozinha sem dar o menor pio. Jacobino descoberto o repentino motivo da sede da rapaziada, parou a porta do quarto e alertou pra sua mulher.
     - Acorda Mariazinha e ver se bota uma roupa decente se não a garotada vai secar os potes na cozinha.