"MEU CÉREBRO PIROU DE VEZ".
   ARMANDO LEMES.
 
Paguei um mico danado,
eu não estou conformado,
com o que me aconteceu.
Chamei de Maria o Mario,
o cavalo de dromedário,
e a Julieta de Romeu.
 
Meu cérebro pirou,
a situação piorou,
quando eu cheguei em casa.
Minha mulher era o João,
Joana era o Sebastião,
fogo para mim era brasa.
 
Dei um chute na porta,
ela estava torta,
não me deixava entrar.
Minha filha veio correndo,
lhe disse cara eu não entendo,
onde isso vai parar.
 
Deitei dentro do banheiro,
minha filha abriu o chuveiro,
toma um banho que vai passar.
Me deu um medo danado,
o chuveiro estava de lado,
a água fria passou a me queimar.
 
Pedi para ser internado,
eu estava mesmo ferrado,
não sabia o que tinha.
Chamei o médico de açougueiro,
desce aí do poleiro,
confundi a enfermeira com galinha.
 
O médico mediu minha pulsação,
cuidado pode haver explosão,
de tanto álcool na artéria venosa.
Me deu cinco injeções na veia,
meu Deus a coisa está feia,
essa bebedeira é perigosa.
 
Sinceramente não acreditei,
parece até que sonhei,
quando o remédio fez efeito.
A causa segundo o médico safado,
é que eu estava embriagado,
e não estava no juízo perfeito.
 
Depois de tudo fiquei envergonhado,
nunca mais tomo cachaça fiado,
é isso que acontece com a gente.
Pedi desculpas para todo mundo,
eu me senti um vagabundo,
um verdadeiro indigente.
 
Minha mulher me deu um esculacho,
você sabe o que eu acho,
seu beberrão inveterado.
Qualquer dia vai explodir,
não da tempo para acudir,
quando acordar está enterrado.
 
Bêbado só leva desvantagem,
ninguém faz camaradagem,
com um bêbado sofredor.
Muitos bebem de sofrimento,
mas eu bebo de contentamento,
tenho a meu lado um grande amor.
 
Desculpa esfarrapada,
nunca vi uma mulher casada,
gostar de marido beberrão.
Se isso algum dia acontecer,
ela está para enlouquecer,
ou então aderiu ao canecão.
 
Autor-Armando Lemes-03 de novembro de 2012.