A VÉIA E A VARA
Quinzinho estava em uma roda de potoqueiros quando um deles perguntou:
-Quinzinho você que sempre trabalhou na roça, nunca teve uma fazendinha, um sítio, uma chácara não?
-Tive não sô, eu uma veiz inté tive vontade de comprá um terreninho, eu dismanchei uma sociedade de gado cum meu patrão e sobrô um dinherinho bão prá mim, pensei em dá esse dinhero de entrada num terreno. Mais eu fui lá pra cidade, na zona, e em pôco prazo gastei tudo que tinha ganho em dois, treis ano...
Bebeu uma pinga, deu uma cuspida e continuou:
-Eu vortei lá pra roça cum o rabo intrimeio as perna e meu patrão raiô cumigo. Cumecemo uma sociedade de porco. Em poco prazo nois tinha ajuntado um bando de porco que só oceis veno...
Um dos ouvintes disse:
-Pera lá, Quinzinho, coletivo de porco não é bando, é vara...
-É o quê? Vara?
-É, coletivo é a reunião ou grupo de alguma coisa e vara é o coletivo de porcos.
-Quer dizer intão que toda veiz que ocê entra no chiquero mode tratá dos porco, ocê entra na vara?... eh, eh, eh...
-Tô fora...
-Esse negoço num dá certo não, e vô te contá purque:
-Nois tava cum mundão de porco e deu uma seca danada na nossa região e num tinha mio, o preço do toicinho ficô la imbaixo e o mio lá nas artura...
-Resorvemo vendê os porco e cabá cum a sociedade. Apareceu uma véia viúva, que era fazendera, quereno comprá os porco, ela tinha muito mio nos paiol. Chegô lá e eu fui mostrá minha VARA pra ela, ela assustô, achô minha VARA muito grande. Cumeçô a querê restoiá os porco, comprá esse, aquele... Eu falei que não, que vindia era tudo duma veis. Ela falô que o chiquero dela era piqueno e que num ia cabê minha VARA toda...mais ela falô que se eu miorasse o preço, ela levava minha VARA toda. Eu dei um disconto e comprô minha VARA toda, mais que eu tinha que intregá a VARA na fazenda dela. Cumo eu tava muito apertado de sirviço, eu paguei uns cumpanhero prá mandá a VARA na véia...
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Assista esse "causo" no Youtube é só digitar "Kinzinho do Gamelão 2"